GAY BLOG BR by SCRUFF

Por Neto Lucon [Tradução Paulo Bevilacqua / Fotos: Olish

Homem transexual de 20 anos, o polonês e universitário de designer de produto Oliwer despertou a paixão de muitos brasileiros e brasileiras nos últimos meses. Desde que o NLucon divulgou o tumblr Loading Oliver, em que ele revela fotos e as experiências de sua transição, o jovem surpreendeu os internautas do país e passou a receber elogios por sua aparência física [um corpo definido e um rosto definitivamente lindo], masculinidade e informações que dão luz ao tema trans.

Considerado por muitos o ‘homem dos sonhos’, Oliwer também viu o seu e-mail lotar, com elogios, dúvidas e incentivos, e, hoje, é responsável por trazer visibilidade positiva ao grupo trans. Modesto, o gato diz ser menos amável pessoalmente. Consciente do seu papel, ele alega que prefere abrir mão da privacidade em nome de ajudar e motivar outros trans, e fazer a sociedade entender melhor as suas identidades.

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De fato, Oliwer desconstrói várias falácias sobre o assunto, desperta desejo entre vários grupos [de mulheres cis e trans héteros a homens cis e trans gays] e alia a incontestável beleza ao discurso politizado. Ele iniciou a transição em abril de 2011, fez a mastectomia e a histerectomia. E pratica muitos exercícios – nenhum feito em academia  – que auxiliam no corpo elogiado em que ostenta. Em entrevista exclusiva ao NLucon, Oliwer mostra porque é tão apaixonante. 

– Quando decidiu criar um tumblr e falar sobre a sua experiência? Qual é a importância de dar visibilidade às questões de um homem trans para as pessoas?

Eu tive a sorte de poder usar a internet como fonte de informações antes de começar a transição hormonal. Já existia milhares de caras documentando suas experiências no Youtube e no Tumblr. Quando finalmente recebi minha primeira receita de testosterona, sabia que queria contribuir com a comunidade que me ajudou tanto durante o período pré- T e ser a melhor fonte de conhecimentos que eu pudesse para eles. Eu também queria ter meu próprio espaço para documentar minhas mudanças físicas e psicológicas para então poder olhar para trás e comparar no futuro. 

Agora que já uso testosterona há mais de dois anos e meio, já passei por duas cirurgias e troquei legalmente todos meus documentos, o blog é algo que faço para as outras pessoas, trans* e cis, mas também é uma ótima maneira de estar em contato com meus sentimentos. Recebo milhares de mensagens agradecendo pelo que faço, dizendo que meu blog é uma inspiração e motivação. Isso me deixa extremamente feliz e me dá força pra continuar. Eu tendo a dar mais prioridade a isso do que à minha própria privacidade, porque a transfobia vem da falta de conhecimentos básicos e de mitos que são cultivados pela mídia. 

Acredito que mudar a consciência de uma pessoa já é um grande feito – se alguém pode combater argumentos tendenciosos ou prejudiciais dizendo “eu tenho um amigo que é trans e isso não é verdade” ou ao menos dizer “eu conheço esse transhomem e ele está muito bem” por minha causa, eu já fiz alguma coisa!

– Quais são as perguntas mais frequente que você recebe dos internautas?

As mais frequentes que recebo no blog são: “Qual foi a reação dos seus amigos e familiares?”, “Qual é a sua rotina de exercícios”, “Você tem alguma dica sobre ficar em forma ou perder peso?”, “Como é a reação das pessoas trans na Polônia? E, claro… “Você tem um pênis?”.

“Eu me inspirei em meu pai quando era pequeno e fisicamente sempre fui mais parecido com ele”

– Qual é a maior mentira que as pessoas pensam sobre os homens transexuais e que precisa ser desmistificado?

Não somente sobre transhomens, mas sobre o tratamento com testosterona pelo qual passamos. Pessoas tendem a pensar que a terapia de reposição hormonal te deixa violento e agressivo. Na realidade,  muitos caras – incluindo eu mesmo – ganham mais maturidade e controle sobre as suas emoções graças à hormonoterapia e seus resultados . Claro que cada organismo reagirá de forma diferente. Mas se alguém se torna mais agressivo depois de começar o tratamento com testosterona, ele provavelmente tem algum problema de raiva não resolvido, mesmo antes de iniciar a transição ou seus níveis hormonais não estão corretos e precisam ser checados e um médico precisa ser consultado. 

O mito é resultado do pensando equivocado de que a terapia com testosterona para os homens trans funciona como o uso de esteroides para atletas, enquanto que – segundo o ftmguide.org, o objetivo da terapia hormonal em um transexual masculino é deixar o seu nível de T corporal numa dosagem que é considerado saudável para um homem com a finalidade de obter e manter as suas características secundárias. Mas a quantidade de testosterona por alguns atletas de alta performance e fisiculturista é muito maior por dose e na frequência do que a quantidade usada por homens trans para a transição e manutenção da vida. 

– Quando você teve a consciência de que é um homem transexual, tendo em vista que nem sempre o grupo teve visibilidade? 

Levei um tempo para admitir a mim mesmo que era transgênero e queria uma transição física e social. Quando criança, me lembro de ficar pensando que deveria ter nascido homem porque faria muito mais sentido e tornaria tudo bem mais fácil, mas a transexualidade era um tabu e eu não tinha ideia de que era possível adequar um corpo para ficar de acordo com a mente. Fiquei interessado em estudos de gênero e teoria queer quando eu tinha por volta de 14 anos, então comecei a ler sobre pessoas transexuais. O início do Ensino Médio foi um período de definição para mim, porque finalmente deixe-me questionar minha própria identidade e experimentar minhas expressões de gênero mais livremente. Foi também quando comecei a seguir a transição de outros transhomens no Youtube e concluí que a transição física seria não apenas uma possibilidade para mim, como também teria bons resultados. 

– Para você, o que é ser homem?
Significa se identificar como homem, sentir que é a palavra que melhor te define dentro das identidades de gênero.

“Tentei me encaixar dentro das expectativas sociais por três anos e isso acabou me fazendo sentir pior comigo mesmo”


– O que se lembra da infância? Quem era o seu exemplo maior de homem ou de masculinidade? 

Quando criança, me sentia geralmente como um dos garotos, eu era o melhor nos esportes, sempre ativo, escalando árvores e outros objetos. Eu tinha amigos meninos e meninas e podia brincar com bonecas ou carrinhos, e eu acredito que a maioria das crianças fazem isso. Lembro que sempre adorava filmes em que as crianças eram agentes secretos e lidavam com tecnologia, dispositivos eletrônicos… Aliás, no momento estou estudando para me tornar um designer de produto, então acredito que todo o papel que gastei fingindo ser celulares e laptops não foi uma completa perda de tempo [risos]. 

Meu pai é um tipo masculino tradicional – forte e malhado, calmo e quieto, conserta qualquer coisa, mas não sabe distinguir entre vermelho e laranja. Eu me inspirei nele quando era menor e sempre fui muito mais parecido fisicamente com ele que com minha mãe.  Às vezes acho que sempre fui mais um filho para ele que uma filha mesmo antes de me assumir trans, mas não sei se ele também sente dessa maneira.

– A escola foi um período tranquilo ou difícil? Aliás, concorda que a puberdade é a pior fase na vida de um transhomem?

Os anos de escola foram definitivamente um período difícil da minha vida e concordo que a puberdade é geralmente a pior coisa na vida de um trans*, mas por outro lado tenho consciência de que a adolescência não é normalmente a coisa mais fácil na vida das pessoas em geral, não apenas dos indíviduos trans.*. Quando minha adolescência feminina começou, certas partes do meu corpo pareciam estranhas para mim, como se não me pertencessem. Comecei a me sentir muito desconexo do meu peito, mas as expectativas sociais me machucavam cada vez mais – a divisão entre garotos e garotas ficou muito mais visível por volta dos 12 anos e eu sofri bullying por ser masculinizado na aparência e atitude na escola primária. 

Era confuso para mim porque eu não entendia o motivo de as pessoas não quererem que eu fosse eu mesmo e me expressasse da maneira que eu queria. Em certo ponto, sentia que estava fazendo algo errado e que não havia com quem falar ou alguém com quem não pudesse dividir os meus problemas. Eu, então, decidi tentar me encaixar dentro das expectativas sociais e isso durou três anos e terminou me fazendo sentir ainda pior comigo mesmo. Tentar se encaixar nunca é a solução. Depois de passar por todo o processo de me assumir e começar com os hormônio – isso foi no último ano do ensino médio – minha vida girou 180 graus. 

Meus pais começaram a se tornar mais próximos, meus colegas de escola me apoiaram, alguns professoras me tratavam pelo novo nome na escola… Eu estava começando a gostar do meu corpo e finalmente me sentia prazer em me levantar para ir à escola de manhã. Como resultado, terminei o ensino médio com notas melhores do que nunca. 

– Por que escolheu o nome Oliver?

A princípio , eu realmente queria que minha mãe escolhesse um novo nome para mim para que ela se sentisse parte do processo, mas meus pais não estavam prontos para isso naquele momento. O principal motivo para escolher meu novo nome foi por ser igual em diferentes países – países em que o inglês é a lingua nativa e a Polônia- a fim de evitar confusões e para que eu não precisasse soletrá-lo todo o tempo. 

Também gosto de nomes simples e pequenos, então fiz uma lista e junto com alguns amigos decidi que Oliver era o que mais combinava comigo. Em seguida, descobri que só poderia mudar meu nome para ‘Oliwer’ que é a versão polaca desse nome, mas eu gosto e todos amigos e familiares já se acostumaram com ele também. As pessoas costumam ter problemas com a pronuncia correta e na Polônia sou chamado de “Olivier”(em francês) quase todo o tempo, então eu costumo me apresentar dizendo “Oliwer, que nem o Oliver Twist ou o Jamie Oliver, só que com W”.

“Na Polônia não existem ativismos para os direitos trans”

– Como foi a reação da sua família sobre a transição?

A primeira reação da minha família não foi a mais positiva. Eu achava que meus pais não fossem ficar tão surpresos considerando quão masculino eu já era durante toda minha infância, que é quando os pais normalmente suspeitam de algo e as coisas começam a fazer mais sentido se a criança acaba se assumindo trans*, mas aparentemente minha mãe sempre negou isso em seu subconsciente. Sempre fui muito introvertido e nunca me abri muito com meus pais, então eles não só não sabiam de várias coisas que tive que lidar na minha adolescência como também duvidaram de mim no início.

Para resumir a história, tive muitas conversas honestas e difíceis com minha mãe em que foi necessário muito trabalho e esforço de ambos os lados e até hoje não é perfeito, mas agora temos um relacionamento melhor do que nunca. Toda essa jornada da transição me tornou bem mais próximo dos meus pais. Eu nunca pensei que poderíamos ter uma conexão tão grande, tenho sorte de ter tido apoio deles.  Minha família inteira me aceita completamente também.

– Como é a vida de um homem transexual na Polônia? A religião ainda atrapalha alguns direitos e conquistas? 

Pela minha experiência, digo que a Polônia aceita muito mais as pessoas trans do que, por exemplo, os americanos, e isso é o meu ponto de vista. Eu acho que nos Estados Unidos as pessoas associam fortemente a transexualidade com os movimentos LGB e veem erroneamente “ser trans*” como uma escolha de vida, enquanto que na Polônia  as pessoas são normalmente sensíveis à isso e lamentam ao descobrirem que você é trans por pensarem no quanto foi difícil isso , que não é uma escolha, que somente era pra ser. Minha experiência é quase que 100% positiva, mas eu aposto que de certa forma é mais fácil por viver numa cidade grande. 

Eu posso dizer que os ativismos para direitos trans* não existem ou são invisíveis na Polonia e não creio ser a religião a culpada disso. Sendo bastante ativo na comunidade trans, posso dizer que há uma grande diferença na forma como as pessoas trans pensam sobre sua própria condição. Eu sinto que – e essa é minha opinião – vários garotos trans polacos vêem sua transexualidade como um defeito e querem se encaixar no padrão binário de gênero o mais rápido que puderem para não precisar revelar o seu histórico médico, a não ser que isso seja absolutamente necessário – apesar disso estar mudando, e acredito que os trans* mais novos são muito mais abertos e têm menos medo de ser elxs mesmxs agora. 

Eu não penso dessa forma. Não tenho vergonha de ser trans e gosto quando as pessoas sabem de mim, porque isso é uma parte de QUEM eu sou. Penso que o “que não te mata te fortalece” se encaixa nisso, minha experiência me constrói, tenho orgulho disso. Estou longe de julgar quem decidiu não ser trans assumido, mas é realmente triste ver como que não há ninguém para lutar por nossos direitos, já que os que passaram pelo processo legal geralmente querem seguir suas vidas e deixar as memórias ruins para trás.

– A comunidade gay é unida com a comunidade trans ou você sente que há uma divisão entre os grupos? Você se considera ativista? Tem amizade com outros homens trans?

As minorias sexuais podem sentir que são uma comunidade unida, mas as pessoas trans geralmente sentem-se muito excluídas do chamado espaço “LGBT” e ainda são marginalizadas todo o tempo. Muitos grupos se definem “LGBT-friendly”, mas na verdade são “gay-friendly” e podem nem saber o que o ‘T’ da sigla significa ou têm zero conhecimento sobre assuntos trans relacionados, sem mencionar que apenas lutam para os direitos gays.Sinto que as minorias e grupos discriminados deveriam se unir mais e se ajudar, mas isso definitivamente não é o que costuma acontecer. Não me considero um ativista, eu sempre tentava me forçar a entrar na política, gostaria de tê-lo feito, porque eu sei o quão importante é a consciência política, mas isso não é a minha praia. Tenho muitos trans * amigos na internet e alguns fora da rede.

“Normalmente, as perguntas do tipo ‘Você tem um pênis’ são inapropriadas”

– Se eu não me engano, você disse que só entraria na faculdade se o seu nome masculino fosse respeitado. Você já conseguiu? Como é a questão da mudança dos documentos na Polônia?

Naquela época, eu não tinha nem um ano de T e divulgar meu status trans para as pessoas foi uma experiência muito estressante e desconfortável para mim, infelizmente. Tive que fazer isso logo porque  em meu país mudar o nome e o sexo de alguém nos documentos requer decisão judicial que dura em média um ano de espera . A lei é uma bagunça quando se trata de direitos trans por aqui e, para conseguir mudar seu sexo nos documentos, você precisa realmente processar seus ps pais, o que é absurdo e desagradável, se seus pais não são favoráveis. 

O processo todo também é bastante caro e, mesmo depois da decisão positiva do juiz, você tem que passar por algumas etapas administrativas que podem levar mais alguns meses. Eu sabia que querer tentar entrar numa Escola de Artes na Polônia requeria centenas de provas – práticas e orais – exames já são suficientemente estressantes para as pessoas não-trans [cis]. Então queria me poupar de chateações desnecessárias e decidi que teria um ano a mais na minha formação depois de terminar o ensino médio para me preparar para os exames melhor enquanto tinha que lidar com a decisão do meu problema legal. 

Se tivesse que voltar no tempo e tomar essa decisão hoje, provavelmente não esperaria um ano porque me assumir trans para as pessoas já não é mais aquele problemão todo. Mas não desperdicei aquele ano e fui aceito na escola sem problema algum. Então, não tenho remorsos. Sou agora um calouro na faculdade. 

– O que pode falar sobre as cirurgias que passou? É verdade que perdeu a sensibilidade no peitoral?

Eu recentemente fiz Histerectomia Laparoscópica Total que basicamente é a cirurgia de retirada de ovários e útero. Depois de começar com a testosterona, a produção de estrogênio é quase totalmente bloqueada e graças a isso o ciclo menstrual para, mas ter órgãos que não funcionam como é esperado no seu corpo é um risco potencial à saúde e é por isso que os médicos recomendam sua retirada. Ter essas coisas dentro de mim me causava um grande desconforto mental, então estou bem feliz agora que as removi. 

As cicatrizes ficam abaixo do estômago e são bem pequenas, então serão quase imperceptíveis daqui a alguns anos. Eu também passei pela mastectomia bilateral há mais ou menos um ano. Não perdi a sensibilidade a não ser nos mamilos, que já não são tão sensíveis, mas não ligo para isso. Isso não é nada comparado a ter o peitoral que sempre sonhei ter. Nem todo mundo que faz a mastectomia perde a sensibilidade dos mamilos, isso depende do método usado.

“Já me disseram: ‘Você é tão lindo que gostaria de colocar dentro de um pote e me guardar ao lado da cama'”

– Você pretende se submeter à cirurgia de faloplastia? Ah, se considerar essa pergunta muito íntima ou invasiva, desconsidere-a e seguimos para a próxima…


Não, nunca tive vontade de fazer a falo, já a Metoidioplastia é algo que penso sobre. Mas os custos são absurdamente caros e não sei se algum dia terei dinheiro para isso. A cirurgia do peito era algo extremamente necessária para mim, a cirurgia de baixo também me deixaria bem mais confortável com o meu corpo, mas ainda consigo viver sem ela. 

Bom, eu particularmente não me importo com esse tipo de pergunta – coisas como “Você tem um pênis?” ou “Você já fez a cirurgia?” – mas normalmente elas são inapropriadas. Muitos trans acham ofensivas e invasivas, então por via das dúvidas quem quiser saber dessas informações tenha certeza de que a pessoa que você está falando não se importa de falar sobre a cirurgia genital.

– Quanto tempo você passa malhando e se exercitando? Você vai para a academia? Como é a sua dieta? 

Não, nunca gostei de academia, pois malhar usando pesos e máquinas é um saco [risos]. Eu sou um grande fã de exercícios que utilizam o peso do próprio corpo, treinamento de rua e corridas livres. Os únicos equipamentos que uso são a barra e os elásticos de suspensão TRX. Quando me exercito, faço por prazer, para estar em forma e saudável, não pra ficar musculoso. 

Mas sempre ganhei músculos muito facilmente, é puramente genético. Não tenho uma rotina que dure mais que dois meses porque sempre descubro outros exercícios pra tentar e sei que essa é a chave pra me manter motivado e deixar isso tudo divertido – se você se entedia fazendo algo, vai acabar perdendo o ânimo naquilo. Por agora eu não tenho me exercitado por causa da agenda cheia de compromissos na universidade e da minha recuperação da histerectomia. 

Às vezes eu compartilho exercícios e dicas no meu blog, mas não gosto quando me pedem conselhos sobre exercícios em geral porque não sou um expert e não me sinto qualificado pra dar um conselho profissional, sem contar que existe na internet muito material que tiraria as dúvidas do pessoal, é só fazer um esforcinho. Eu prefiro também não falar da minha dieta porque não quero ser um modelo a seguir ou que assumam que o modo como eu me alimento vai te dar certo tipo de corpo. Basicamente a minha dieta é não comer carne, peixe, frutos do mar, etc. E eu tento consumir o máximo de alimentos à base de grãos integrais, vegetais, frutas e evitar comidas processadas.

– Por falar em corpo, qual é a parte do seu corpo que você mais gosta? E qual foi a cantava mais curiosa que recebeu? 

Hmmm, provavelmente o meu peitoral, claro! Mas a terapia de reposição hormonal e seus resultados me ensinaram a apreciar pequenos detalhes que eu nunca pensaria em notar. As pessoas normalmente elogiam o meu abdômen e músculos do braço.  Não lembro qual foi a mais interessante, mas alguém recentemente me deixou uma mensagem dizendo: “Sou muito atraído por quem você foi e quem é agora, sem contar por quem ainda será no futuro”. Achei aquilo muito fofo. Outra pessoa escreveu outro dia dizendo que sou tão lindo que gostaria de me colocar num pote e me guardar ao lado da cama. Esse eu achei bem engraçado. 

“Sou aberto a ficar com pessoas de todos os gêneros”

– Homens e mulheres brasileiras estão apaixonados por você. O que pensa quando dizem que você é “o homem dos sonhos”? 

Sempre fico lisonjeado quando recebo um elogio, mas é claro que não acredito quando dizem que sou o “homem dos seus sonhos” de verdade. Obviamente o que eu compartilho no meu blog é uma parte de mim, mas somente um pedaço. Sou muito menos amável ao vivo. 

– Vi que você entrou em um site de encontros para homens gays. Foi apenas uma experiência ou você realmente considera namorar um garoto? 

Sou aberto a ficar com pessoas de todos os gêneros. Fiz uma conta no site de namoro gay como uma experiência, porque sempre recebo elogios de outros caras no meu blog e adoro isso. Mas é diferente quando alguém lê tudo sobre você e meio que te conhece antes de conversar – normalmente não funciona assim na vida real. Então, tinha curiosidade de saber se os caras se sentiriam atraídos por mim se eles apenas soubessem, primeiro sobre a minha aparência, depois meus interesses e por último que sou transexual. Os resultados foram realmente positivos e todos que me contataram foram respeitosos e legais. 

– E existe algum tipo em que você se atrai mais? 

Não tenho um tipo, mas não conseguiria ficar com alguém que não divide seus valores mais básicos comigo. Além disso, independência e auto-conhecimento são extremamente atraentes e senso de humor é o máximo. 

-Para terminar, qual é o conselho que você dá para os homens trans brasileiros? 

Alguns brasileiros entraram em contato comigo nos últimos dias reclamando de pessoas preconceituosas e conservadoras em suas vidas. Eu sempre digo que, independentemente das crenças religiosas de cada um, todos têm o direito de fazer tudo que os façam felizes ou mais confortáveis consigo mesmos, contanto que não estejam machucando ninguém. 

Eu sinto muito pelos que não são cercados de apoio, mas é importante lembrar que sempre haverá quem estará disposto a apoiá-lo em qualquer circunstância e pessoas que o amam – mesmo que a princípio não aceitem – podem surpreendê-lo. Geralmente precisam de um pouco mais de tempo para mudar de ideia e se ajustar à situação.

– Qual é o seu maior sonho?

Não acho que tenho um grande sonho. Eu quero uma vida decente, simples, entre as pessoas que eu gosto e, de preferência, ser capaz de fazer algo que eu considere gratificante. 

Fonte: http://www.nlucon.com/2013/12/oliwer-oliver-homem-transexual-transhomem-entrevista.html?m=1




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