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2018 está sendo, definitivamente, o ano que o Instituto Querô jamais imaginaria em ter. A ONG santista, dedicada à inclusão social através do audiovisual, teve seu projeto selecionado oficialmente no LA Film Festival 2018 e foi o grande vencedor do 26º Festival Mix Brasil de Cultura da Diversidade.

A premiação do Mix Brasil, que aconteceu na noite da última quarta-feira, entregou três prêmios para o longa-metragem “Sócrates“, incluindo o Coelho de Ouro do juri. O filme dirigido por Alex Moratto levou os coelhos de Melhor Longa-metragem de Ficção, Melhor Interpretação (Christian Malheiros) e Melhor Direção.

O enredo tem como âncora morte da mãe de Sócrates (Christian Malheiros), um garoto de 15 anos, que enfrentará sozinho episódios de pobreza, violência, racismo e homofobia – desafios duros e comuns a muitos brasileiros de sua geração em situação de risco social.​

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Entre uma exibição e outro nas salas de cinema do Festival Mix Brasil, o público pode encontrar pessoalmente o ator Tales Ordakji, que interpreta Maicon, personagem quão interessante que renderia um filme só dele. Uma espécie de Quincas Borba 2.0.

Tales Ordakji tem 21 anos,  é natural de Santos, litoral de São Paulo e atualmente mora em São Paulo, capital. É seu primeiro trabalho com cinema, mas já vem com certa experiência com teatro, o que explica a desenvoltura nas telas. E sim, ele é hétero.

O sobrenome “Ordakji” vem dos avós paternos, especificadamente do avô. “O significado eu desconheço, infelizmente não conheci meus avós e meu pai não sabe me responder, mas sei muito de sua origem, ou melhor, da origem dos meus a avós. Eles nasceram de cidade do oriente médio chamada Antioquia (atual Antakya na Turquia), cidade que os primeiros discípulos de Jesus foram chamados de cristãos pela primeira vez, mencionado no livro Atos dos Apóstolos em 11,16: ‘E sucedeu que todo um ano se reuniram naquela igreja, e ensinaram muita gente; e em Antioquia foram os discípulos, pela primeira vez, chamados cristãos’, essa cidade foi fundamental para a propagação da Palavra de maneira mundial, a igreja de Antioquia até hoje é um exemplo de igreja e de fé que deve ser seguido no mundo inteiro, eles ensinavam realmente quem Cristo é e sobre o Seu amor por nós, sendo capazes de dar a sua vida por meio da fé Nele. Tenho muito orgulho de carregar essa descendência”, conta em conversa por e-mail.

Tales sim, arrumou um tempo para contar aqui, abaixo, um pouco mais sobre sua vida:

– Qual é a sua trajetória nas artes cênicas, como surgiu o interesse/vontade?
Comecei a fazer teatro muito novo, desde que entrei na escolinha participei de atividades voltadas a apresentações de finais de ano por vontade própria, no ensino fundamental, por volta dos 10 anos decidi fazer teatro sem nenhuma pretensão de carreira, fazia apenas por diversão e paixão. Nessa idade não tinha a noção que atuação poderia virar uma profissão, que eu poderia viver disso. Apenas no meu segundo ano no ensino médio que um professor de artes deu uma aula sobre profissão, que abriu os olhos de toda a turma para fazermos o que realmente gostamos, não o que é imposto a nós, seja por nossos pais ou pela preocupação de “conseguir dinheiro”, pensei muito sobre o que eu tinha paixão de fazer, e logo veio no pensamento que era atuar, tirei algumas dúvidas e na mesma aula fomos no laboratório pesquisar cursos de artes cênicas na cidade. A partir daí entrei no circo da escola, no qual desenvolvi minha habilidade de contorcionismo, fiz iniciação teatral no ano seguinte no SESI Santos, e um ano após formado, com o entusiasmo a flor da pele adentrei em duas escolas de teatro ao mesmo tempo em 2015, uma no período da tarde, a Escola de Artes Cênicas “Wilson Geraldo”, e outra Técnico em Teatro no SENAC Santos, à noite  ambas na cidade de Santos. E mesmo após formado nas duas escolas, continuo buscando aprimoramento, o ator que fica estagnado e que pensa que sendo formado ele está pronto, essa pessoa vai estar fadada a ser um artista medíocre, a arte evolui assim como a vida, e assim como diversas profissões, só paramos de estudar quando morremos.

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Repost from @institutoquero ✊ Mais QUATRO comemorações para o "Sócrates", primeiro longa-metragem do Instituto Querô em parceria com a Querô Filmes e o cineasta brasileiro-americano Alex Moratto. O filme foi selecionado para mais 4 importantes festivais internacionais! 😱 Até domingo (14/10), estamos participando do Festival du nouveau cinéma – FNC (@nouveaucinema), em Montreal (Canadá) e também do Woodstock Film Festival (@woodstockfilmfest), nos Estados Unidos! O filme também foi selecionado para a Mostra Internacional de Cinema / São Paulo International Film Festival (@mostrasp) que acontece de 18 a 31 de outubro e participará também do Festival do Rio l Rio de Janeiro Int'l Film Festival (@festivaldorio), de 1º a 11 de novembro! 🎉 ⚠ Em breve traremos mais detalhes sobre as participações nos festivais brasileiros.

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– Como você imaginava que seria um Festival de Cinema e como realmente você descobriu que é?
Durante minha formação em Santos tive oportunidade de ir em alguns festivais de cinema que a cidade até hoje proporciona, assim como grandes festivais de teatro, música, fotografia, etc. Tive o privilégio de nascer um uma cidade tão rica culturalmente como Santos, cidade em que devo toda minha formação escolar e posso dizer que a base da minha formação artística, pois ela apenas está começando. Gostaria de ressaltar que em 2015 a cidade de Santos ganhou o selo de “Cidade criativa” da UNESCO, sendo a única cidade brasileira a ter esse título. 

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Repost from @institutoquero 💥Mais uma comemoração internacional para o "Sócrates"! 😱 O primeiro longa-metragem do Instituto Querô em parceria com a @querofilmes e o cineasta americano Alex Moratto, foi selecionado para o Thessaloniki International Film Festival (@filmfestivalgr), na Grécia! 🇬🇷 Uma das principais vitrines do sudeste europeu para o trabalho de cineastas, o festival realiza anualmente a mostra competitiva "International Section", recebendo filmes de todas as partes do mundo. 👏 Esta será a 59º edição do Festival e acontece de 1º a 11 de novembro. Já estamos todos na torcida!🤞 // #somostodosquerô . . #querô #cinema #filme #vídeo #audiovisual #projetosocial #santossp #013 #cinemanacional #litoralsul #artofvisuals #sp #santoscity #baixadasantista #juventude #grecia #greece #thessaloniki #festival #thessalonikiinternationalfilmfestival #saovicente #sp

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– Como surgiu o convite para o filme?
 Sempre acompanhei as chamadas de testes do Insituto Querô desde 2014 para seus curtas-metragens. No mesmo ano divulgaram um teste e fui todo animado fazer – era um dos meus primeiros testes na vida – cheguei até a fase final e não passei, no ano seguinte apareceu outro teste para outro curta, cheguei também até a fase final, e não passei. Em 2016, já desanimado com a sequencia de “nãos”, surgiu o teste para o longa-metragem Sócrates, o primeiro longa-metragem do Instituto Querô e da Querô Filmes, bastante desanimado fui fazer o teste contrariado da minha vontade de não ir, nisso fui passando nas fases dos testes, que não foram poucas, foram, se não me engano, 7 fases até se consolidar o elenco. Depois fizeram uma contagem que fiquei abismado, fizeram testes com mais de 800 pessoas para o filme e fui um dos selecionados. Se eu tivesse abraçado minha ideia derrotista e desanimadora, aquele pensamento “se não consegui nos últimos dois anos nos curtas, porque irei conseguir no longa?”, eu não estaria aqui conversando com vocês. Por isso que eu digo, tenham fé e perseverança no que quiserem fazer, nunca abandonem seus sonhos por mais “nãos” que receberem.
– O que foi mais legal e o que foi mais chato de fazer Sócrates?
Descobri uma paixão pelo cinema que não consigo descrever em palavras, é uma sensação única e um sentimento de realização incrível, a forma que todos trabalham em prol de um resultado final, cada pessoa dando o seu máximo para a obra ser a melhor possível é fenomenal. Tive que aprender uma maneira nova, e a primeira vista, desafiadora de mudar dos palcos para as telas, era uma mudança de linguagem brusca demais que o elenco teve que aprender em apenas 3 semanas de preparação. Quando fiz o filme estava no segundo ano de EAC e no último ano do SENAC então já estava preparado no sentido de fazer o personagem se colocar na situação pedida, a transição e compreensão dessas linguagens se deu pela verdade cênica que já vinha buscando há algum tempo. A parte mais chata se deu pela primeira vista, quando a “magia do cinema” se quebrou pra mim, ainda nessa época tinha o pensamento que as cenas eram feitas exatamente na sequência de edição do filme, mas não, descobri que se existiam 5 cenas dentro de um apartamento que eram em  5 dias diferentes, elas tinham que ser feitas no mesmo dia, e eu tinha que viver elas como se fosse cada dia que o roteiro pedia.
– Quantas vezes você já assistiu ao filme? Tem alguma coisa que você reparou na última vez que assistiu que não tinha notado nas exibições anteriores?
Eu assisti o filme algumas vezes, na primeira vez foi arrebatadora, chorava horrores e não acreditava que tinha feito um trabalho tão belo como esse. Só tive a dimensão do que realmente tinha feito (no sentido de ver sua atuação e todo um conjunto pela câmera) quando eu vi o primeiro corte. Chorei. Chorei tanto e fiquei encantado mais ainda pelo poder do audiovisual. Depois vi o filme finalizado na estréia no Brasil na 42ª Mostra de São Paulo, em uma das melhores salas de São Paulo no Shopping Frei Caneca, foi outra sensação completamente diferente, o filme estava outra cara e muito mais impactante, dessa vez não consegui chorar, estava em estado de choque com o que estava vendo, a composição, idealização, visão e as demais coisas que o Alex Moratto tem e transmitiu nesse filme o tornaram único. As demais vezes que vi, por conta da repetição, comecei a prestar atenção nos detalhes mais técnicos, como por exemplo, a minha interpretação, a edição, o som, a composição, entre outros.
– Quais os próximos planos após Sócrates?
Por mais que o Sócrates esteja nascendo agora, eu já viso outros trabalhos e objetivos pra minha carreira, os quais estou trabalhando hoje para poder colher no futuro, assim como Sócrates. Não espero um trabalho passar para pensar no próximo, eu penso no próximo durante o trabalho em questão, e é claro, dentro de um espaço cênico, só existe o “aqui e o agora”, as demais coisas pessoas, como passado e futuro pessoais, não deve ser jamais colocados ali. Para 2019 e até mesmo para o final deste ano, estou com alguns projetos de teatro e em diversos segmentos que o audiovisual pode proporcionar. Tem coisa boa vindo por aí!

Para acompanhar os próximos passos do Tales: https://www.instagram.com/talesordakji/




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