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Na década de oitenta, a vida gay no Rio de Janeiro não era inexistente. Além de algumas poucas baladas gays, havia também alguns cinemas pornôs. Entretanto, a nightlife carioca foi para um outro patamar quando estreou em Copacabana um espetáculo que explorava da sensualidade e erotismo. A ”Noite dos Leopardos” foi um mítico show de strippers, muito popular nos anos 80/90, que sacudiu o Rio, atraindo artistas, mulheres e claro, os gays.

Eloina e os leopardos
Noite dos Leopardos – Reprodução

“Leopardo” era o nome dado aos rapazes musculosos que tiravam a roupa no palco da galeria Alaska, tradicional point gay da época. Eram jovens dos subúrbios cariocas que, em sua maioria, moravam juntso em um apartamento alugado na Zona Sul. Além do salário, os rapazes ganhavam também boas gorjetas dos fãs e propostas indecentes após o espetáculo. A maioria fazia programa, alguns eram héteros e outros gays, alguns até tinham amantes fixos (de ambos os gêneros) que os “ajudavam”. Apesar de ser um show voltado para o público gay, as mulheres também marcavam presença.

A idealizadora do espetáculo foi a transformista Eloína, que devido ao sucesso do show, ficou conhecida eternamente como “Eloína dos Leopardos”. Atualmente, a pornografia está disponível com apenas alguns cliques, mas numa era pré-internet, ir a um teatro para ver homens sarados dançando como vieram ao mundo era a sensação das noites cariocas.

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Noite dos Leopardos – Reprodução

No ápice da popularidade, a ”Noite dos Leopardos” teve presenças célebres na plateia, desde Cazuza, Elza Soares, Caetano Veloso e diversos outros artistas. Isso sem contar os internacionais, como Madonna (que fechou o show só pra ela, mas há quem afirme que isso é lenda) e Liza Minelli.

A origem do show

Eloína dos Leopardos havia presenciado anos antes, um show de strip-tease em São Francisco, na Califórnia, berço da comunidade gay americana, e resolveu trazer a ideia para o ensolarado Rio de Janeiro.

No início (1987), o espetáculo estreou no teatro Serrador (centro da cidade) com apenas cinco rapazes. O êxito foi imediato. Depois vieram dez, doze, dezoito jovens e, logo depois, migrou para a galeria Alaska, onde se consagrou.

A Noite dos Leopardos durou 12 anos, sendo o auge ao final da década de oitenta e início dos anos noventa. Sempre com casa lotada, mesmo que no início o show fosse trash, afinal eram rapazes sem experiência com dança e que apenas tinham como talento um belo corpo e outros atributos que só eram revelados no final da atração.

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Noite dos Leopardos – Reprodução
Noite dos Leopardos - Reprodução
Noite dos Leopardos – Reprodução
Eloína dos Leopardos – Reprodução

A apresentação contava com três entradas: na primeira, os rapazes se apresentavam com pouca roupa e usando máscaras e sem nenhum traquejo pra dança. Na segunda, usavam apenas uma sunga e, na terceira e mais aguardada parte do show, eles surgiam nus no palco e excitados, causando um alvoroço no público.

Que fim levaram os leopardos

Ao longo de 12 anos, estima-se que passaram mais de 400 leopardos pelo show, quanto ao destino deles “pós-felinos”, pouco se sabe. A maioria prefere esconder o passado, contudo, existe a informação que um vive em Nova York, três se tornaram funcionários públicos e um deles (considerado a estrela do show) vive uma vida pacata no subúrbio carioca.

O caso mais emblemático, é do ex-leopardo Maurício Gimenes, que morreu por complicações causadas pela AIDS, em 1999 aos 36 anos, quando morava na Itália. Gimenes era obcecado pela fama, queria ser conhecido a todo custo, fez uma ponta na novela global De Corpo e Alma em 1992 e, anos depois, ganhou um personagem pequeno na novela Salsa & Merengue. Também posou nu para a extinta revista Banana Loca.

bananaloca
Maurício Gimenes – Reprodução

Outro ex felino famoso foi Giuliano Ferraz, que entrou na última leva de rapazes em 1997, quando tinha 18 anos. Na época, o show já dava sinais de cansaço. Tempos depois, Ferraz fez uma bem sucedida carreira no cinema pornô sob o nome de Júlio Vidal. Hoje, ele é pastor e não gosta de citar o passado.

capa
Maurício Gimenes – Reprodução

O assassino da atriz Daniela Perez, Guilherme de Pádua, também foi um leopardo, mas durou pouquíssimo tempo.

Do trash ao sofisticado

Quatro após a estreia do show, Eloína convidou o consagrado coreógrafo Ciro Barcelos (Dzi Croquettes) para criar uma encenação com início, meio e fim, isto é, fazer algo mais aprimorado, pois havia propostas para apresentar a Noite dos Leopardos na Europa. Entretanto, a alta rotatividade dos rapazes no espetáculo, prejudicou o padrão aperfeiçoado que queriam manter.

sátira
A Turma do Casseta e Planeta ironizando a Noite dos Leopardos – Reprodução

A Noite dos Leopardos serviu para criar uma moda carioca que nos anos seguintes se espalhou pelo país, com o Clube das Mulheres, a versão hétero dos Leopardos.




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