Relato: 20 anos de vida corporativa como pessoa gay | Vitor Liberatori

Vitor Liberatori, Gerente Sênior de Produtos da Elsevier, fala sobre desafios e de trajetória profissional como homem gay

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Por Vitor Liberatori
Gerente Sênior de Produtos da Elsevier

Eu não gosto de futebol, não tenho esposa, mas, em meus primeiros anos de carreira na empresa em que trabalho há quase 20 anos, esse tipo de conversa nas reuniões e corredores ainda me deixava mudo. E quando me perguntavam sobre o que achei da partida ou onde costumo ir com a minha mulher? Saía pela tangente. No início dos anos 2000, eu vestia uma máscara 100% do tempo no ambiente corporativo.

Hoje, não é porque ocupo um cargo de chefia e estou mais maduro que me sinto à vontade para ser gay no trabalho. Mas também porque, ao longo desses anos, vivenciei a transformação das empresas em relação à diversidade LGBTQIA+, especialmente os vários e bem-vindos movimentos da Elsevier, a multinacional na qual venho construindo minha carreira.

Entrei como profissional de telemarketing, já com a certeza de que queria mais. Eu precisaria mostrar minhas habilidades, minha capacidade para crescer. Mas como fazer marketing pessoal sem poder ser o que se é?

Vale destacar que nunca sofri nenhum tipo de constrangimento na Elsevier, no entanto, sabemos o quanto a sociedade, em geral, é preconceituosa e como somos afetados em nosso emocional. Se, em pleno século 21, há gente que ainda confunde competência com jeitos de vestir e cabelos revoltos, imagine que mensagens podem passar chefes e colegas de trabalho cisgêneros conservadores no convívio cotidiano com um homem que é casado com outro homem?

Continuei me dedicando com afinco aos meus objetivos profissionais, sem compartilhar minha vida pessoal no ambiente de trabalho, a não ser com a minha chefe direta, que, anos mais tarde, foi a cerimonialista do meu casamento! Tê-la ao meu lado ao longo desses anos foi e continua sendo muito importante.

Fui observando os movimentos da empresa, cada vez mais comprometidos com a diversidade em todo o seu espectro social: a  ascensão de várias mulheres a cargos altos de liderança, a contratação de mais pessoas negras para as mais diversas posições e de mais pessoas LGBTQIA+. Quanto mais pares nos escritórios, mais nos reconhecemos e ganhamos força para acreditar que “o que importa é a qualidade do que eu entrego”. 

A abertura para a diferença foi acontecendo. Até porque, vamos combinar, um ambiente com perfis múltiplos gera ideias mais plurais e criativas. E isso significa produtividade. Bingo!

Em 2013, tivemos a notícia do lançamento da Rede Elsevier Pride para funcionários LGBT, em Amsterdã. À época, o material de divulgação dizia: “Embora a maioria das grandes empresas agora proíba a discriminação com base na orientação sexual, algumas estão indo além disso para garantir que os funcionários gays se sintam bem-vindos e apoiados. O processo de mudança está longe de terminar, e os trabalhadores mais jovens de hoje estão muito mais relaxados em relação à homossexualidade do que seus pais”.

Sete anos depois, em 2020, a Elsevier conquista, na Alemanha, a certificação Campeã da Diversidade LGBT+ sob o programa PRIDE 500, que se conecta à estratégia global de inclusão e diversidade da empresa.

Nos escritórios aqui no Brasil, sentimos o impacto de cada um desses passos e nos inspiramos a formar nossos próprios grupos de discussão. Afinal, a maioria dessas iniciativas é liderada por funcionários (para você que quer mudanças no ambiente de trabalho, fica a dica).

Mas o que redes e certificações de diversidade querem dizer no dia a dia? Bom, entre muitos movimentos sutis e importantes, a cultura corporativa da diversidade envolve treinamento de sensibilidade e profissionais de RH preparados para as questões específicas do universo LGBTQIA+; visibilidade desse grupo na comunicação interna e externa, bem como no apoio externo à comunidade LGBTQIA+; posturas e atitudes previstas no Código de Ética e de Conduta Empresarial o no Código de Conduta do Fornecedor, entre várias outras ações.

Tudo isso pode ser chamado simplesmente de RESPEITO.

Hoje posso ser quem eu sou 100% do tempo. Porque cuido da minha saúde emocional, porque sei que sou competente e porque trabalho numa empresa LGBTQIA+ friendly. E você?

Por Vitor Liberatori
Gerente Sênior de Produtos da Elsevier

Vitor Liberatori 1 - crédito Divulgação Elsevier
Vitor Liberatori -Crédito – Divulgação/Elsevier



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