Em novo livro, João Silvério Trevisan fala sobre “a experiência de amar e sobreviver” e revela viver há 30 anos com HIV

Só agora, aos 78 anos, Trevisan resolveu falar publicamente sobre o assunto, que foi um baque para ele em 1992. “O resultado acusava a presença avançada do vírus no meu organismo, sinal de que eu já começava a rolar o barranco até o fundo do abismo”, lembrou ele, em entrevista ao jornal Estado de Minas.

Passados quase 30 anos, o escritor resolveu transformar toda a angústia de ver a si mesmo e ao irmão à beira da morte no livro “Meu irmão, eu mesmo”, romance autobiográfico e o segundo volume da trilogia que teve início com “Pai, pai” (2017).

No livro, Trevisan fala da relação próxima entre ele e o irmão e diz que, em alguns momentos, chegou até a assumir a posição de pai. Ao relembrar quando Claudio precisou operar de fimose, ele diz: “Acho que foi o momento em que estive mais próximo de encarnar para você o papel do pai — o provedor, o que protege”.

Além disso, o carinho e o afeto entre Claudio e Trevisan eram demonstrados de diversas formas. Os dois chegavam a se cumprimentar até com um selinho na boca – o beijo era dado em público, sem que Claudio ficasse constrangido, afrontando todo o machismo da época.