O que era para ser mais um tweet desabafando sobre a insegurança de uma pessoa – dentre milhares – que vive com o HIV, sobre a falta de medicamentos e cortes no orçamento governamental para o atendimento da doença, acabou tornando-se música. O produtor cultural, escritor, cantor e compositor brasiliense Gaê viu seu relato ganhando proporções não esperadas, sendo compartilhado e curtido por milhares de pessoas e estampado em veículos de imprensa em poucas horas.

A partir desse episódio, o artista decidiu falar sobre a situação em “Sorria”, canção que canta em parceria com outros dois artistas que vivem com o HIV, Aqno e Lui, que será lançada nesta quinta-feira (1), Dia Mundial de Combate à AIDS.
“Os primeiros versos surgem como um desabafo bem direto ao modo como mídia e até pessoas do meu convívio ignoram minha produção artística, mas se sentem bem e até orgulhosas de reproduzir meu sofrimento para ganho pessoal, sem, na maioria dos casos, sequer me perguntar se aquilo me faria bem ou se eu estava bem apesar do ocorrido“, comenta o artista.
“Pessoas que nunca compartilharam nada sobre minha música, os clipes ou meu livro, de repente estavam se compadecendo de seu ‘querido amigo Gaê’ nas redes sociais. Por mais que pudessem ter boníssimas intenções, falharam em perceber a relação utilitária que estavam tendo comigo e, pior ainda, com meu diagnóstico. Eu não sou um vírus, tampouco sou a próxima fonte de indignação para um textão na rede social“, destaca Gaê.

O tweet que alcançou quase 100 mil likes gerou uma pressão no artista, que acabou não voltando ao local em que recebe seus medicamentos pelo constrangimento de estar, involuntariamente, à frente de um movimento que não havia começado. “Ao invés de discutirem realmente o planejamento orçamentário e a insegurança que assola as pessoas que vivem com HIV, começou ali uma briga entre apoiadores dos então candidatos à presidência“, relembra.
Como parte da campanha de lançamento, Gaê, Aqno e Lui convidaram seu público e apoiadores a reproduzirem a capa da revista Veja que estampou Cazuza. “Está é um símbolo terrível dos absurdos que a mídia faz conosco. Na campanha, tem pessoas que vivem com HIV ou não, pessoas de perfis inúmeros que toparam se unir à gente para dar um basta nessa história de ter alguém representando a questão e sendo reduzido a isso. Este é um assunto para todo mundo, o tempo todo“, afirma Gaê.
Ouça “Sorria”
Junte-se à nossa comunidade
Mais de 20 milhões de homens gays e bissexuais no mundo inteiro usam o aplicativo SCRUFF para fazer amizades e marcar encontros. Saiba quais são melhores festas, festivais, eventos e paradas LGBTQIA+ na aba "Explorar" do app. Seja um embaixador do SCRUFF Venture e ajude com dicas os visitantes da sua cidade. E sim, desfrute de mais de 30 recursos extras com o SCRUFF Pro. Faça download gratuito do SCRUFF aqui.
You must log in to post a comment.