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Em um post no Facebook, Iran Giusti, organizador da Casa 1 (centro de acolhimento de LGBTs expulsos de casa), lamentou a gestão da Parada de São Paulo. Mesmo após recentes denúncias de corrupção na Parada SP, Giusti conta que conceitos e negociações dos organizadores da Parada SP parecem estar num “mundo invertido”.

Logo após o evento, no dia 23, Iran escreveu:

“Pela primeira vez, em mais de dez anos, não fui à Parada LGBT de São Paulo. Esse fato, em si, não tem muito a ver com quem está lendo, mas os motivos talvez faça a gente repensar um pouco o caminho que nosso ativismo está indo.

Desde a primeira vez, nunca pisei em um trio, exceto um ano que precisei enquanto cobria para o iGay. Subi, fiz a entrevista e desci. Eu sempre falei o quanto o trio é mal utilizado, estratificador, um camarote em movimento. Trio é pra atração musical, pra performance e no máximo para falas políticas e sociais.

- BKDR -
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Em uma mesa com a presidente da Parada, fiz essa crítica e a resposta veio: trio não é lugar de ativismo, o ativismo vem do chão. Mais um ponto negativo para organização que se recusa abrir as contas (algo que inclusive cobramos em mais de uma reunião da Parada) e que há muitos anos vem se tornando cada vez mais dependente das gestões públicas.

Mas se a Parada é um evento político organizado por uma ONG como ela pode se tornar refém de partidos e gestões?

Tentando um pouco reverter esse quadro, entrei em contato com a Parada para termos um trio da Casa 1. A ideia era ter performances teatrais, intervenções artísticas, bandas e atrações LGBT. A resposta foi o pedido de 1 milhão de reais e a negociação deveria ser dos nossos patrocinadores com a Parada diretamente.

A Casa 1 recebe apoio de empresas em especial pelo setor de marketing e a verba direta para a Casa 1 nunca é gigantesca, porém em uma lógica de mercado seria possível um trio. Sim, as empresas tem dinheiro para um trio mas não pra doações e é uma luta que travamos desde a abertura.

Nesse campo vale ressaltar que os patrocínios de marketing em geral são movimentos internos de alguns funcionários e é sempre uma luta gigantesca fazer rolar. Vale lembrar também que de todas as empresas que tem fundações, e assim verbas altas para doações, não trabalham com a pauta LGBT no Brasil. Outra grande luta que travamos.

Com o pedido da Parada para lidar direto com eles, as empresas – corretas, diga-se de passagem – recuaram.

Na mesma mesa da presidente da Parada lembrei que o movimento trans cobra há anos temas relativos aos corpos trans. A resposta veio em reuniões posteriores: soubemos por diversas pessoas que a Parada pediu para que seus patrocinadores não fizessem doações para a Casa 1 sob a justificativa de termos muito dinheiro. Pois é.

Agora voltando ao evento em si: com a cultura de trios e uma lógica completamente apolítica, tivemos esse ano uma grande maioria de atrações cisgêeneras e heterossexuais: Mel C, Iza, Lexa, Fantini e Luiza Sonza entre outras. É inegável o apelo das cantoras com o público LGBT, porém, se já não podemos falar sobre política nos trios, não poderíamos pelo menos termos nossos corpos tão invisibilizado presentes nessa data de tanta exposição?

Daniela Mercury por sua vez trouxe o pior do carnaval baiano: o camarote caríssimo e excludente.

Nesse passo: cordas e abadás pagos são o futuro do evento que é a representação de uma comunidade plural e que sofre infinitamente com a desigualdade do país.

Em tempo, o que de lindo rolou:

– O trio do coletivo “Mães Pela Diversidade”. Ter mães e pais de jovens LGBT em um trio, com muito afeto e acolhimento é lindo e potente social e politicamente;
– A frente LGBT contra Bolsonaro. Mobilização popular linda enfatizando o tema que deveria ter sido o tema da Parada toda;
– Políticos e politicas pró LGBT no chão com geral, como tem que ser;
– Jaloo, Gloria Groove e As Donas marcando presença com apresentações lindonas;

Atualização: cantaram também Mateus, Mel, Kaya Conky, Lia Clark e Pepita (maravilhosa que mandou arrancar as grades da marcha trans).

Que nos próximos anos consigamos ter uma Parada realmente política, representativa e livre de máfias.”

Para comentar o post de Iran Giusti, clique aqui.




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