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O ator norte-americano Ryan Driller, 37 anos, é uma das maiores estrelas em ascensão no universo pornô mundial. Há mais de dez anos no ramo, o jovem de sorriso farto, olhos penetrantes e beleza de astro de Hollywood, ganha a vida transando em frente às câmeras. Tem chamado tanto a atenção dos críticos e da audiência que, em 2015, foi eleito o melhor ator na premiação do XBIZ, uma espécie de Oscar da indústria pornográfica dos Estados Unidos. 

XBIZryandriller Ryan Driller - Reprodução
Ryan Driller – Reprodução

Além do prêmio, a atuação envolvente – uma mistura de interação com as atrizes que contracena e a audiência que o assiste – garantiu à Ryan Driller outros dois outros grandes reconhecimentos – ator, na categoria melhor cena de Lançamento no filme Marriage 2.0, de Lion Reach, e na categoria Paródia, em Wonder Woman XXX, da Vivid, sob a direção do aclamado diretor de filmes adultos Axel Braun’s com quem Ryan já trabalhou em outras ocasiões – como esquecer do corajoso e sexy Superman, a quem ele deu vida em uma das produções de Braun?

Por essas e outras, os prêmios conquistados pelo garanhão de Hollywood não foram necessariamente algo que Ryan não esperasse. Os fãs e colegas de profissão já sabiam que o ano de 2015 era mesmo de Driller. De lá pra cá, a fama de Superman e a atuação viril fizeram dele uma versão mais próxima do público de herói americano. 

Ryan Driller - Reprodução
Ryan Driller – Reprodução

Quando você decidiu fazer pornô, você tinha em mente que estaria onde está hoje?

- BKDR -
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Bom, eu amo transar. Quando eu comecei a filmar, eu tinha em mente que as pessoas diziam pra mim que eu daria um bom ator pornô e eu nem levava isso tão a sério. Mas ficou na minha mente o pensamento de que me tornar um ator adulto pudesse realmente ser maravilhoso e uma carreira a ser seguida, por que não? Como eu disse, eu amo transar. Era bem jovem e não me achava tão feio assim, vai… E eu nem acho que seja por causa de atributos físicos, para ser honesto com você, me acho um tipo normal. Eu vivia uma vida simples e nem me preocupava com dinheiro ou em fazer disso uma carreira para criar uma fortuna. Simplesmente fui e me apaixonei pela área.

E você está orgulhoso do jeito que as coisas estão indo?

Eu não poderia estar mais orgulhoso do jeito que as coisas estão indo na minha vida. Toda semana eu tenho a oportunidade de fazer o que amo e dividir com as pessoas esse sentimento. Eu chego no trabalho todos os dias e tenho de lidar com pessoas incríveis e bastante profissionais, além, é claro, de trabalhar em projetos que são cada vez mais diversos e desafiadores. Eu amo tudo isso.

Ryan Driller - Reprodução
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Você ainda lembra a primeira vez que pisou em um set de filmagens? Como foi isso?

É claro que lembro. Aliás, nem era um estúdio propriamente dito, mas uma casa que alugamos. Eu lembro que eu estava ridiculamente nervoso com tudo. Eu nem sabia quem era a atriz que eu estava prestes a transar. Não sabia se eu lidaria bem com a câmera de tal forma que as pessoas iriam gostar de me assistir, não sabia nada. Mas é bacana porque o que ficou dessa primeira experiência não foi exatamente esse nervosismo, mas aquela sensação gostosa de que foi leve, divertido e uma ótima trepada. Tinha muita pressão, é claro, mas isso faz parte. Eu deixei minha parceira de cena tranquila, a atriz com quem eu contracene. Uma outra coisa legal é que fiquei bem focado e lembro que prestei bastante atenção em tudo o que o diretor dizia ou gritava. Eles me ligaram para mais cenas depois dessa, então acredito que fiz alguma coisa certa.

Você tem alguém no pornô que você admira muito?

Eu não vou negar que, antes de entrar no ramo, eu não conhecia quem trabalhava nele, além dos mais famosos, como John Holmes, Jenna Jameson, Ron Jeremy. Agora, eu sei esses e outros nomes de cor, é claro, mas antes eu não os identificaria facilmente. Então, eu pensava que eu queria ser um cara que as pessoas gostassem de assistir em cena e lembrassem meu nome depois disso. 

Ryan Driller - Reprodução
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Quando você começou a filmar, você tinha 25 anos. Depois de tantos anos na indústria, você acha que tem mais alguma coisa a provar neste mercado?

É claro que tenho. Só porque hoje eu tenho a reputação que tenho não significa que serei lembrado amanhã dessa forma. Eu sei que sempre vai haver uma lista de caras por aí que estão loucos para trabalhar como ator pornô e no momento em que eu baixar a guarda eles tomarão o meu lugar. Qualquer pessoa pode ser facilmente substituída.

O que, é claro, não significa que você não queria que esses caras tenham sucesso, certo?

É claro. Eu quero que os caras que têm talento tenham também a oportunidade que eu tive. E eu mesmo sempre vou dar boas referências de quem está na indústria para fazer um trabalho sério e responsável. Eu abaixo a cabeça quando preciso e me mantenho sempre responsável, da mesma forma que gostaria que agissem comigo. Eu também tento entregar a melhor cena que eu posso, dando o máximo de mim. E eu faço isso de uma forma que minhas ações e minha personalidade falem tão alto como o que eu sou e tudo que eu tenho para oferecer para aquele trabalho.

Ryan Driller - Reprodução
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Falando nisso, o que é necessário para ser um grande ator pornô?

Para se tornar um bom ator pornô, você precisa ter uma libido forte. Você tem que ter a energia de um atleta. Seu senso de modéstia e timidez precisa ser zero. Você também precisa saber o que você quer tirar disso. Então, se eu posso dar um conselho, este é: engula o choro, quando necessário, e dispa-se de qualquer orgulho que possa ter. Tenha em mente que você está em cena para fazer a garota brilhar e a cena parecer a melhor possível. Eu brinco que ser ator pornô é glorioso, já que você transa com as melhores e mais bonitas garotas e ainda é pago pra tal, mas no fim das contas é preciso ter em mente que somos muito mais do isso. 

Como assim?

É sério! O jeito que você se conecta com a garota em cena, o jeito que você se apresenta e sua habilidade de comandar as coisas dizem muito sobre você. É preciso ter a incrível habilidade – e nem todas as pessoas têm – de ouvir e aceitar comandos. O comportamento atrás das câmeras também é tão importante quanto aquilo que vocês vêem em cena; você não pode ser irresponsável, ter uma vida bagunçada e ser a arrogância em pessoa e esperar ser respeitado neste mercado. Como o homem em cena, todas as expectativas estão depositadas em você. É preciso se dar bem com todo mundo envolvido na produção. De novo, a esperança de uma boa cena está sob a responsabilidade do ator.

Então essa responsabilidade toda precisa ser equilibrada com manter a química com a parceira em cena, dar prazer a ela e ainda se satisfazer. É essa a equação?

Você pegou bem o ponto. É preciso ter esse equilíbrio. Sem isso, as pessoas que nos assistem percebem que falta alguma coisa, aquela química que toda boa cena precisa ter. É assim quando estamos fazendo sexo na vida real, não é? Então, precisa ter esse mesmo equilíbrio em cena. O cara que está sendo filmado precisa se certificar de que a atriz está se sentindo bem e confortável com ele e está tendo prazer. Você transaria com uma garota que está sem tesão? A resposta é provavelmente não.

Ryan Driller - Reprodução
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Você acha que está vivendo seus 15 minutos de fama?

Eu diria que estou no melhor momento. E estou capitalizando tudo de bom que esses holofotes podem me trazer. Não sei onde exatamente estou nesses 15 minutos, mas eu sei que o relógio não pára e um dia isso pode passar.

Você já sentiu o gostinho ruim da fama?

Eu realmente nunca tive uma experiência negativa com a fama, mas eu entendo o motivo dessa pergunta. Ser reconhecido como um ator pornô é uma fama bem diferente. Não é o tipo de fama que as pessoas se sentem confortáveis de, ao nos ver em locais públicos, correr e pedir um autógrafo. Acontece, mas não é comum. Mas o que considero de negativo nessa fama, na verdade, é o fato de que não importa o que eu digo em qualquer assunto, eu sempre serei visto como o cara que transa com garotas na frente das câmeras, então as vezes sinto que minhas palavras ficam ao vento ou só dão importância quando o assunto em questão é sexo. Mas tudo bem. Na vida real não funciona dessa forma. Eu sei o meu lugar e onde quero chegar, então nado conforme a maré.

Ryan Driller - Reprodução
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Como é um dia comum na vida de Ryan Driller?

Eu sou meio chato. Acordo, passeio com meu cachorro, tomo um bom café da manhã, malho e corro bastante – adoro correr. Aí eu cozinho em casa ou me aventuro em um dos restaurantes de Los Angeles, coisa que gosto bastante, descobrir novos sabores. Também curto fazer hike e socializar com as pessoas. Eu gosto de viajar também, seja a trabalho ou por pura diversão. O mundo é tão grande e eu quero conhecer cada pedacinho dele e aprender com tudo que há aí fora.

Quando você interpretou o Superman, que é inclusive o seu herói favorito, você recebeu muitos elogios. Se fosse fazer outra paródia, que outro super herói você gostaria de interpretar?

Uau. Essa é uma pergunta desafiadora. Eu acho que eu gostaria de interpretar o Magneto ou o Homem de Aço, se tivesse a oportunidade. Caso contrário, eu acho que eu gostaria de interpretar o Leonard, do filme Amnésia (2000, Christopher Nolan). Se você conhece a história, então já sabe o quão divertido sairia algo disso.

Tem uma cena marcante ou algum filme que você indicaria como o seu favorito?

Pra ser honesto, eu amo todas as cenas que já fiz até hoje. Não posso ser injusto de escolher uma em particular. É a mesma coisa com os diretores: eles são todos muito bons, mas tão diferentes ao mesmo tempo. É como perguntar se eu gosto mais de lasanha ou de costelinha com barbecue. A melhor coisa é que sei aproveitar as coisas boas das cenas e dos diretores – e  da lasanha e da costelinha também.

Ryan Driller - Reprodução
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Eu tenho entrevistado alguns dos novatos da indústria pornô recentemente. Você acha que eles estão mais preparados hoje do que a sua turma, que já tem uma estrada percorrida?

De fato, a indústria de hoje é bem diferente daquela que eu comecei. Mas eu mesmo já comecei em meio a grandes mudanças e já falam, há mais de dez anos, que as coisas eram bem diferentes dos “bons e velhos tempos do pornô”. Eu gostaria de pensar que todo mundo que filma está preparado para lidar com o que existe na indústria e que sabem onde estão se metendo, mas pra ser honesto, eu não acho que seja este o caso. Eu fiz o meu dever de casa e aprendi bastante sobre onde eu estava adentrando, mas, ao mesmo tempo, existem coisas que você simplesmente não pode prever ou se preparar para elas. E essa é a questão para a maioria dos caras que começam hoje. Não é necessariamente ruim, é parte do processo. Eu, pelo menos, faço o que posso para ajudar essa nova meninada que está chegando e espero que eles saibam tirar o melhor proveito disso.

Mas o que exatamente mudou ao longo dos anos?

A grande mudança, para os atores, os caras do pornô, é que eles têm uma importância maior hoje, muito maior do que nunca tiveram antes. Quem assiste aos filmes, ou seja, nossa audiência – e aí não importa se são homens, mulheres, gays, todas essas pessoas estão prestando mais atenção na figura masculina que comanda a cena. Nós estamos lidando com mulheres que esses caras desejam. Então, existe a cobrança de que também sejamos caras bonitos, responsáveis e tudo aquilo que falei antes. Existe sim uma pressão para que os caras do pornô sejam cada vez melhores atores e que deem o melhor de si.

Ou seja, dentro e fora de cena, claro. Não dá para disfarçar…

Pois é. Tem essa coisa de rede social hoje em dia e dá para gente capturar mais e conhecer melhor os atores do que antes. E isso começou exatamente quando eu iniciei a carreira. Existem linhas tênues entre a audiência e a gente, porque é preciso considerar que existem as pessoas que assistem, mas que simplesmente não querem ter contato com nós, os caras do lado de cá, que comemos as mulheres que eles não podem ter.

Ryan Driller - Reprodução
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As pessoas reconhecem você na rua?

Eu moro em Hollywood. Algumas pessoas ocasionalmente me reconhecem por aqui, mas não é sempre. Eu acho que a maioria das pessoas que me reconhecem não querem admitir isso em público porque isso provavelmente significa que eles, em algum momento, me assistiram pelados, enquanto estavam batendo uma ao mesmo tempo. Eles não querem ser vistos assim. Esse papel safadinho fica com a gente, os atores. Às vezes percebo um olhar surpreso ou a cara que alguém faz quando me vê, mas logo percebo que eles ficam tímidos e se escondem. É engraçado.

No pornô, a gente inventa um nome artístico…

Tipicamente, sim, a gente escolhe um nome artístico para proteger a nossa vida pessoal, familiar e nossos amigos e também dos malucos que existem por aí. A gente já se expõe muito, sabe? E as pessoas acham que essa exposição é um convite para que elas entrem em nossas vidas e não é bem assim. Usar um nome artístico é importante porque nos dá um pouco de privacidade em meio a tanta exposição. E evita também que algum maluco bata na nossa porta querendo tomar um cafezinho.

Mas, às vezes, um ator pode adquirir uma personalidade falsa e acabar se perdendo no personagem… 

Verdade. Muitas vezes, o nome artístico acaba tomando conta da personalidade verdadeira e uma outra nasce, como uma forma de garantir mais convites das produtoras. Na indústria convencional de Hollywood, a gente chamaria isso de casting (como Stifler, do filme American Pie é sempre o mesmo personagem em todos os filmes que ele já fez, entende?). Mas a diferença é que na indústria do pornô o nosso nome artístico é quase sempre uma parte de nossa personalidade. Não há tantos atores com uma personalidade falsa, apenas para agradar o personagem que criaram, já que a personalidade que a gente criou no nome é parte do roteiro que a gente segue para agir de tal e tal forma.

Ryan Driller - Reprodução
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O que, todos os dias, te coloca com os pés no chão e diz “esse é o Ryan, pessoa, e esse é o Ryan, o ator pornô”?

Não é que o Ryan não seja real, mas essencialmente o Ryan que existe aqui é o personagem que vocês conhecem e seguem porque, antes dele existir, existe o Ryan que deu vida a ele. O personagem e a pessoa se confundem em algum momento.

Então você é um pouco de Superman no final das contas?

Se o público que me assiste entender assim, fico feliz (risos).

O que você ainda gostaria de filmar?

Eu quero filmar num local exótico. Ou, ainda, queria fazer algo que não seja só sexo e pornô, mas algo que brinque com a psique da audiência, mas em um nível bastante elevado como nunca antes visto.

Twitter: @ryandriller
Instagram: @ryandriller

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Jornalista e historiador no forno, considera o pornô uma arte, é o louco do café e da cerveja. Brasilia, DF.