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O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT) abriu um processo contra um morador do Sudoeste que se passava por psicólogo e comercializava pela internet um tratamento de terapia de conversão da homossexualidade em heterossexualidade, mais conhecido como Cura Gay.

Gabriel Henrique de Azevêdo Veloso chegava a cobrar R$ 29 mil por tratamento vitalício, “sem falhas”, para “curar o homossexualismo”. Ele vai responder pelos delitos de racismo, charlatanismo e exercício ilegal da profissão. Na denúncia, o MPDFT mostra que o homem praticou e induziu a discriminação e preconceito de raça, na modalidade racismo social por orientação sexual, como reconhecido pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em 2019.

O inquérito conduzido pela Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa ou por Orientação Sexual ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência da Polícia Civil do Distrito Federal constatou que ele não tinha formação em psicologia e não era filiado ao Conselho Regional de Psicologia da 1ª Região.

O Núcleo de Enfrentamento à Discriminação (NED) requereu à Justiça que o denunciado pague R$ 40 mil de reparação pelos danos causados à coletividade. O valor será destinado a um fundo coletivo defensor da pauta LGBTI a ser indicado pelo órgão técnico o MPDFT.

- BKDR -
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O caso em questão se dava na empresa Hipnoticus, localizada na Asa Sul, que oferecia o serviço para “tratar a homossexualidade” com resultados positivos em seis meses. A hipnose é feita pelo método “Psicoterapia Sem Falhas”.

Falso psicólogo que oferecia "cura gay" por R$ 29 mil é denunciado
Reprodução

CURA GAY, POR QUE ELA É PROIBIDA?

Segundo o vídeo Existe Cura Gay? do Nerdologia, existem muitas características nossas que queremos mudar e não necessariamente se tratam de doenças, citando que uma ruga na testa, por exemplo, dificilmente será considerada uma doença pela sociedade, mas a pessoa pode procurar um cirurgião plástico para aplicar botox e se livrar dela.

Partindo dessa premissa, uma pessoa pode saber que homossexualidade não é doença e mesmo assim, por crenças e valores morais, ela queira sair daquela condição, já que isso é motivo de sofrimento. Ou seja, a pessoa sente atração sexual por pessoas do mesmo sexo, mas gostaria de desejar o sexo oposto.

Ignorando o fato daqueles que renunciam seu desejo sexual em prol de viver uma vida heteronormativa sob o argumento religioso de que “isso é o certo”, um estudo científico publicado em 2008 pela Ohio State University em parceria com a University of Minnessota, avaliou todas as tentativas de terapia publicadas nos últimos cinquenta anos, incluindo psicoterapia individual ou coletiva; tratamento eletroconvulsivo; indução de náusea ou vômito; hipnose e reorientação de orgasmo.

Todas as tentativas falharam em reorientar o desejo sexual dos pacientes, causando aumento no número de depressões profundas, disfunções sociais, pensamentos suicidas e outros danos psicológicos. O estudo também concluiu que essas tentativas não tinham fundamentação teórica, haviam sérias falhas metodológicas e violavam princípios éticos e direitos humanos.

Já um outro estudo publicado na Professional Psychology: Research and Practice 33, fez uma entrevista com mais de 200 clientes que passaram pela terapia de reorientação sexual. Destes, apenas 26 declararam que a terapia era de alguma ajuda e só 9 disseram passar a desejar o sexo oposto. Já o restante, os danos psicológicos foram os mesmos citados anteriormente.

Os testes de hipótese apontam que, assim como os héteros não mudam sua orientação sexual pela presença de gays (ou seja, não há nada que faça a pessoa desejar o mesmo sexo), os homossexuais também não são convertidos em héteros.

A conclusão é de que não existe nenhum método que reoriente o desejo sexual de ninguém, já que a homossexualidade se trata de mais uma variação da natureza. Além disso, os gays que buscam ajuda por estarem sofrendo devido a sua condição, param de sofrer quando aceitam sua homossexualidade e não são mais perseguidos por aqueles que estão a sua volta.

O que acaba com o sofrimento é a aceitação, não a reorientação.




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Jornalista formado pela PUC do Rio de Janeiro, dedicou sua vida a falar sobre cultura nerd/geek. Gay desde que se entende por gente, sempre teve desejo de trabalhar com o público LGBT+ e crê que a informação é a a melhor arma contra qualquer tipo de "fobia"