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A influencer de maquiagem, Karen Bachini (35), anunciou em seu canal do YouTube que é uma pessoa intersexo, que é quando alguém nasce com características sexuais biológicas que não se encaixam nas categorias feminina e masculina. A desconfiança veio há um pouco mais de um ano, quando ela fez um vídeo falando sobre a dificuldade de produzir hormônios desde a adolescência.

“Demorou alguns meses para eu tomar uma curiosidade para saber se eu era mesmo ou não uma pessoa intersexo. Não me parecia ser verdade. É uma coisa que você precisa entender, aceitar e buscar a sua história”, começou.

Bachini também conta que buscou exames de quando tinha 18 anos para fazer a descoberta. “Categorizando num termo geral para as pessoas entenderem, eu sou pseudo-hermafrodita feminina, onde tenho as genitais e os órgãos internos, mas não possuo qualquer tipo de hormônio. Naquela época, foi-me dito que eu tinha menstruado em alguma parte da minha vida, e entrei na menopausa, só que sempre achei isso muito estranho. Se eu tivesse menstruado, eu saberia. Um sangue na calcinha, você nota”, explicou.

“Naquela época, eu não tinha vida sexual ativa. Eu contei isso para os médicos, que disseram: ‘ah, às vezes foi só um pouquinho e você não percebeu, e me foi imposto esse diagnóstico e que eu deveria fazer hormonização feminina, que é tomar estrogênio. Comecei a tomar pílula anticoncepcional, que fazia a reposição do que meu corpo não produzia”, seguiu.

A influencer explica que nunca fez nenhuma cirurgia relacionada a gênero. “Esse foi o corpo com o que nasci, mesmo. Nasci com características atípicas para o sexo feminino, e isso se nomeia intersexo”.

Posteriormente, ela explica que iniciou um tratamento com hormonização feminina, mas que parou de fazer para ver o que acontecia. “Ocorreu muita mudança de humor e espinha… meus peitos e minha ‘pepeca’ diminuíram… tornou-se uma vida mais desconfortável para mim. Sentia que não era eu mesma, que faltava algo. Voltei com a hormonização feminina e também comecei a suplementar com testosterona, e também notei uma grande mudança no meu corpo. Comecei a me sentir mais viva, alegre e disposta. Acho que quero continuar fazendo essa suplementação hormonal de ambos os gêneros por um bom tempo, até eu tentar descobrir a hormonização correta que quero fazer”, declarou.

“Sempre tive preferência pelas brincadeiras dos meninos, os videogames, os RPGs, e sempre foi muito incômodo para a minha família. Eu nunca tive interesse em beleza e vestimenta, me vestia como um menino, com moletom e blusa. Todos os meus amigos, nessa época, eram meninos, porque eu não me identificava com as meninas, nem com as conversas nem com os interesses. O que eu queria, mesmo, era estar perto dos meninos. Não ficava com ninguém, só queria ser amiga deles. Foi depois de ter passado pela hormonização que comecei a desenvolver interesse por maquiagem, aos 19 anos, mas queria fazer maquiagem de cinema, de Star Trek e Star Wars”, relembra.

Influencer Karen Bachini revela ser intersexo
Reprodução

“Quando fui contar para a minha mãe o que eu era cientificamente e que eu tinha decidido contar para as pessoas, ela disse: ‘obrigada por me contar antes. No momento, é só o que consigo dizer’. A gente não se falou mais desde esse dia. Acho que ela está digerindo, e ela tem que ter o tempo dela. Como eu passei por isso, entendi como dói muito mais do que eu achava que iria doer”, desabafou.

Atualmente, Bachini está casada com o alemão Janosh, e diz que a descoberta impactou negativamente sua vida sexual. “Venho tendo um problema muito grande com minha identificação com meu corpo. Antes de eu começar a suplementar com testosterona, minha libido foi para zero. Não me sentia bem, parecia que tinha alguma coisa errada, não queria que ninguém me visse pelada e não queria ser tocada. Foi um período muito difícil. Agora, sinto que minha libido voltou, consigo me olhar no espelho pelada, me entender e me achar linda, mas é um processo que está em andamento. Ainda não estou satisfeita e não sei o que falta. Acho que falta só me aceitar, mas é muito difícil. Quando você começa a entender que existe uma parte que é mulher e outra que é homem, a visão de tudo muda, e não achei que fosse ser assim”, disse.




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Jornalista formado pela PUC do Rio de Janeiro, dedicou sua vida a falar sobre cultura nerd/geek. Gay desde que se entende por gente, sempre teve desejo de trabalhar com o público LGBT+ e crê que a informação é a a melhor arma contra qualquer tipo de "fobia"