A Produtora HM disponibilizou no Youtube a peça Alair, que homenageia o fotógrafo Alair Gomes, ícone no mundo da fotografia homoerótica no Brasil. Com direção de Cesar Augusto e texto de Gustavo Pinheiro, o ator Raphael Sander interpreta um jovem de 1954 que serve de inspiração para Alair (Edwin Luisi).
Conheça algumas fotografias de Alair Gomes neste link.
ALAIR GOMES – BIOGRAFIA
Alair Gomes nasceu numa família de classe média em Valença, mudando-se ainda criança para a capital do estado. Formou-se em engenharia civil e eletrônica em 1944 mas, em 1948, abandonou essa carreira para se dedicar à pesquisa autônoma de filosofia da ciência, estética e história da arte. Ensinou filosofia da ciência na Universidade de Yale, nos Estados Unidos, e foi autodidata também em física, matemática, biologia e neuropsicologia.
A partir de 1962 foi professor assistente 20 horas do Instituto de Biofísica Carlos Chagas Filho da Universidade Federal do Rio de Janeiro. Realizou longas viagens para a Europa, Oriente e Estados Unidos, onde foi bolsista da Guggenheim Foundation por um ano.
No campo da crítica literária, fundou a revista Magog, em 1946, junto com o poeta Marcos Konder Reis e outros. Irmão de Aïla de Oliveira Gomes, que foi durante muitos anos professora titular de inglês da Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro, tradutora e ensaísta literária.
Desde a juventude desejou se tornar um escritor, espelhando-se em nomes como Arthur Rimbaud e D. H. Lawrence, cujas obras admirava pela ousadia no tratamento da intimidade. A partir disso, criou os Journals, diários íntimos escritos à mão e em inglês, nos quais relata as suas experiências erótico-amorosas, o que viria, mais tarde, e ser uma das principais matrizes do seu trabalho fotográfico.
Seus primeiros contatos com uma câmera fotográfica ocorreram em 1965, durante uma viagem à Europa, quando um amigo lhe emprestou uma Leica. Entretanto, com intenções mais amplas, a primeira incursão na fotografia ocorreram com a compra, no ano seguinte, de sua primeira câmera. Foi em 1966 que o artista começou a aventurar-se na fotografia de rapazes na rua, produzindo longas sequências que o tornariam um dos precursores do homoerotismo fotográfico no Brasil. Essas fotos de rapazes nas praias do Rio, especialmente as produzidas entre os anos 70 e 80, são hoje o trabalho mais conhecido de Gomes. A maioria dessas imagens foram obtidas secretamente, a partir de seu apartamento, situado no sexto andar de um prédio da rua Prudente de Moraes, em Ipanema, e cujos fundos propiciavam uma vista para a praia. Apenas uma minoria das fotos eram posadas, a pedido do artista. Apesar de as fotos com o tema do corpo masculino serem hoje sua faceta mais conhecida, seu trabalho fotográfico abrangia também muitas paisagens, vegetais, celebridades e cenas do carnaval. Suas fotos também retratam aspectos da época, do bairro de Ipanema, em tempos bem menos massificados do que hoje em dia.
A relação de Alair Gomes com os Estados Unidos foi bastante importante para a sua produção artística. Entre os anos de 1971 e 1987, publicou suas séries fotográficas em cinco revistas e jornais norte-americanas, tanto do campo das artes e do teatro, quanto voltada ao público gay.
Realizou sua primeira mostra individual na Galeria Cândido Mendes, em Ipanema, em 1984. Produziu cerca de cento e setenta mil negativos e dezesseis mil ampliações da década de 1960 até o fim de sua vida. Em 1968 foi contratado por Burle Marx para o registro de espécies botânicas de seu sítio no interior do estado do Rio de Janeiro. Em 1977 criou e foi coordenador da Área de Fotografia da Escola de Artes Visuais do Parque Lage (EAV-RJ), escreveu e deu cursos sobre filosofia da ciência e história da arte contemporânea.
Morreu assassinado por estrangulamento em seu apartamento em 1992, em circunstâncias até hoje não esclarecidas.O provável assassino foi o segurança de uma loja de discos, que chegou a posar para suas fotos, e por quem o artista estava apaixonado.
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