Na manhã deste domingo (5), a poucas horas do início do Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), a ansiedade dos gêmeos Paulo* e Pedro*, 18, era motivada não apenas pelo conteúdo da prova. Do momento em que conferirem seus dados à hora em que precisarem ir ao banheiro, esperam não ter dificuldades para provar que são eles mesmos.
Paulo é um dos 303 participantes inscritos com nome social, isto é, um nome diferente daquele registrado em seu documento de identificação. “Quando vi no site que aceitaram o meu nome [social], saí correndo e gritando: ‘Mãe, consegui! Consegui'”, conta.
“Quando alguém fala o nome do registro, é como se tirassem minha roupa na frente de todo mundo, me deixando pelado”, diz Paulo, ao cogitar a possibilidade de o fiscal de prova, por exemplo, ler seu nome oficial em voz alta durante a conferência dos dados.
O irmão, Pedro, que assumiu a condição de transgênero depois do prazo de retificação da inscrição, em 29 de maio, fará a prova com o nome feminino, que consta em seu documento de identificação. “Estou um pouco arrependido de não ter pedido para mudar o nome. Vou até evitar usar o banheiro”, diz.
Os dois moram no Meier, no Rio. Pedro quer estudar medicina e Paulo, produção cultural.

Dois nomes no cartão de confirmação
Um dia antes da prova, Henrique*, 17, passou a manhã numa aula de revisão para o Enem. Ao analisar a polêmica sobre a redação poder desrespeitar ou não direitos humanos, foi categórico: “Ainda estou tentando achar sentido nisso. Como pode um humano não querer que respeitem os direitos humanos?”, pergunta.
Há dois anos vivendo como homem trans, ele diz não ter certeza se o direito ao uso do nome social, regulamentado por decreto federal de 2016, será respeitado. “Pelo site, parece que consegui. Mas recebi um e-mail dizendo que houve problemas no pedido. No cartão de confirmação, aparecem os dois nomes.”
Este ano, o Inep, órgão que organiza o exame, recebeu 694 pedidos de inclusão de nome social, mas menos da metade foram contemplados. Segundo o órgão, são candidatos que não enviaram a documentação exigida –foto recente nítida e formulário digitalizado assinado– ou não cumpriram o prazo de requerimento.
* Os nomes sociais dos entrevistados foram alterados. Reportagem do UOL.
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