A Rede Globo transmitiu, através do programa Fantástico (03/02), uma matéria bastante confusa e depreciativa sobre a vida de Lourival Bezerra de Sá, que faleceu em agosto de 2018. No Mato Grosso do Sul, o corpo está há esses quatro meses sem ser enterrado porque a médica plantonista “descobriu” que Lourival era um homem trans. E, por este fato, deu-se a reportagem, em oito minutos, em um patamar de fala de Damares Alves. Foi, inclusive, replicada no G1.
Para assistir ao vídeo, clique aqui.

As reações no Twitter confirmam que os telespectadores assistiram a um show de horror:
o cara passou quarenta anos da vida escondendo que era trans, provavelmente queria paz
dps que ele morre, vem o fantástico fazer reportagem e todo mundo chamando ele de A lourival e usando pronomes femininos GENTE MEU DEUS— thierry ︽✵︽ (@targaryencool) February 4, 2019
n to entendendo esse "mistério" de lourival, ele era um homem trans ué, n tem nada de anormal nisso
— .𝖓𝖎 (@groothor) February 4, 2019
Que porra de reportagem transfobica é essa que o #Fantastico fez? O senhor Lourival era um homem trans, ponto final.
— Preta Ijimú (@Nailahnv) February 4, 2019
O #Fantastico veiculando uma matéria sobre a "identidade de Lourival", que viveu a vida inteira como homem e após a morte identificaram com genitália feminina. Homens Trans sempre existiram, mas a opressão também! Tratando Lourival como mulher após a morte? Lourival era homem!
— Iago consciência má de Otelo (@iagogomesreal) February 4, 2019
Gente eh visível o desconforto dO lourival com seu sexo biológico mas msm assim ainda chamam ele de A lourival e falam “que era uma mulher” ah não
— fã do tokinho (@Iauraao) February 4, 2019
Ô dona Fantástico, que porra é essa de se referir ao Lourival como mulher? Visivelmente ele era um homem trans. Cês tão matando ele de novo.
— STREAM SEU CRIME ON YOUTUBE 🏳️🌈 (@guiammaga) February 4, 2019
os amigos do Lourival falaram que ele tomava banho de porta fechada? QQ OS AMIGOS TINHAM A VER COM ISSO?
— Sagüille A BONITA (@saguille) February 4, 2019
Com todo "respeito" a profissional que fez a reportagem do Lourival, mas quem dita o rumo da reportagem é a repórter. Tantos caminhos para tratar… Invisibilidade, solidão. Preconceitos. Mas a moça decide tratar do jeito mais escroto possível. Horrorizada. #Fantástico
— Kátia Flávia Godiva de Contagem (@Carmem1908) February 4, 2019
e esse "Mistério de Lourival" aí do #Fantástico n é só um homem trans?
— chegou a viciada em bbb (@4ninha) February 4, 2019
as pessoas na reportagem se referindo ao “lourival” como ELA, puta que pariu!
SE ELE SE IDENTIFICAVA COMO UM HOMEM, ELE É UM H-O-M-E-M!PESSOAS TRANS EXISTEM, CARALHO! #Fantástico
— gabriel (@ogabrihell) February 4, 2019
@showdavida dando um show de transfobia com essa matéria do senhor Lourival.
Parabéns, nota 0.— Valim (@Lukezasso) February 4, 2019
juro que não entendi qual a motivação de entender "o passado" do Lourival
ta explícito que era um homem trans, com a particularidade de encarar o gênero e sua expressão pela perspectiva de sua época – distante da compreensão do nosso tempo #Fantástico
— marta golpista treinada em marxismo e leninismo (@dandoceu) February 4, 2019
TRANSFOBIA
A transfobia é uma série de atitudes ou sentimentos ou ações negativas em relação às pessoas travestis, transexuais e transgêneros. Seja intencional ou não, o comportamento discriminatório ou intolerante pode ser direto (desde formas fisicamente violentas ou verbais até recusas em comunicar com a pessoa em causa) ou indireto (como recusar-se a garantir que pessoas trans sejam tratadas da mesma forma que as pessoas cissexuais).
A transfobia também pode ser definida como aversão sem controle, repugnância, ódio, preconceito de algumas pessoas ou grupos contra pessoas e grupos com identidades de gênero travestis, transgêneros, transexuais, também denominados população trans. Historicamente, há uma sobreposição dos papéis socialmente construídos para homens e mulheres às anatomias genitais tradicionalmente entendidas como feminina (vagina) ou masculina (pênis). Essa sobreposição leva ao entendimento da categoria sexo como algo universal (todos os seres vivos teriam sexo), binário (macho e fêmea) e globalizante das identidades e papéis sociais. Assim, pessoas e grupos trans vivenciam vários níveis de discriminação, o que incorre em sofrimento e negação de direitos.
No Brasil ainda não há a tipificação desse tipo de crime. Encontra-se no Congresso Nacional o Projeto de Lei nº 122/2006 (PL 122), apresentado em 2006 na Câmara dos Deputados do Brasil, mas que ainda não tramitou pelas duas Casas que compõem o Congresso Nacional do Brasil para que possa ser assinado como Lei. O PL tem como objetivo criminalizar a discriminação motivada pela orientação sexual ou pela identidade de gênero da pessoa discriminada, ou seja, tem o objetivo de criminalizar homofobia, transfobia e lesbofobia.
Em 29 de janeiro de 2004, ativistas transexuais participaram, no Congresso Nacional, do lançamento da primeira campanha contra a transfobia no país. A partir de então, 29 de janeiro é o Dia da Visibilidade Trans, cujo objetivo é ressaltar a importância da diversidade e respeito para o movimento trans (travestis, transexuais e transgêneros).
Há muitos exemplos de transfobia em diferentes formas e manifestações pela sociedade. Algumas instâncias claramente envolvem violência e extrema malícia, enquanto outras envolvem uma falta de conhecimento ou experiência com a condição, às vezes envolvendo predisposição inconsciente baseada em ditos religiosos ou convenções sociais.
Segundo agências internacionais como a Transgender Europe e Trans Respect Versus Transphobia Worldwide, cerca da metade dos homicídios de transexuais do mundo ocorrem no Brasil.
Um exemplo é o caso de Roberta Góes Luiz em São José do Rio Preto, interior de São Paulo. Roberta entrou com processo de adoção de uma criança cujos cuidados lhe foram entregues pela própria mãe da criança, uma menor de idade que não tinha condições de cuidar do recém-nascido. O Tribunal de Justiça, a pedido do promotor de justiça Cláudio Santos de Moraes, negou a guarda da criança à Roberta com a justificativa de que “Roberta e o companheiro, Paulo, são pessoas de bem, têm condições financeiras, mas não formam um casal normal.”
Outro exemplo é o de Luíza Mouraria em São Vicente, litoral paulista. Luiza manteve um relacionamento amoroso com um rapaz. Daniel Guilherme ao saber que se namorava uma mulher trans, planejou com seu irmão o assassinato de Luiza. A mesma foi agredida até a morte com socos, pontapés e um pedaço de madeira. Depois, prenderam junto ao corpo uma pedra e o atiraram ao mar. André e Daniel tiveram prisão preventiva, mas foram soltos 30 dias depois devido a um habeas-corpus concedido pelo Supremo Tribunal de Justiça. No processo (HC 53296) Luíza é tratada como um “homossexual que se travestia de mulher e se apresentava como Luíza.”
História de cangaceiro gay já foi narrada em 1956 em ‘Grande Sertão: Veredas’, de Guimarães Rosa
Junte-se à nossa comunidade
Mais de 20 milhões de homens gays e bissexuais no mundo inteiro usam o aplicativo SCRUFF para fazer amizades e marcar encontros. Saiba quais são melhores festas, festivais, eventos e paradas LGBTQIA+ na aba "Explorar" do app. Seja um embaixador do SCRUFF Venture e ajude com dicas os visitantes da sua cidade. E sim, desfrute de mais de 30 recursos extras com o SCRUFF Pro. Faça download gratuito do SCRUFF aqui.
You must log in to post a comment.