Por onde anda Martha Wash, a diva do hit “It’s Raining Men”?

Martha Wash é a responsável por hinos da comunidade LGBT+ no mundo inteiro na década de 1980, passando pela dance/house music nos anos 90

Martha Wash é uma daquelas cantoras que por nome poucos conhecem, mas sua poderosa voz e suas canções dançantes estão presentes em toda sorte de festas. Wash começou a carreira nos anos 70 fazendo backing vocal, ao lado de Izora Armstead, para o cantor Sylvester (que fez sucesso com a música “You make me feel“). No início dos anos 80, Martha Wash e Izora deixam Sylvester e criam o duo The Weather Girls, que tinha como intuito passar alegria por meio de músicas divertidas.

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Em 1983, a dupla ‘As garotas do tempo’ lançou um disco intitulado Success e logo veio o primeiro sucesso: ”It’s Raining Men’‘. A canção teve um êxito estrondoso no mundo inteiro, dando uma projeção enorme à dupla de peso. Além de figurar no topo da Billboard americana, tocou exaustivamente nas boates gays mundo afora.

Foto: Jason Russo

Alguns anos depois, Martha decidiu sair do grupo para investir na carreira solo na house music. Izhora continuou e convidou sua filha mais velha para integrar o The Weather Girls, onde não conseguiu emplacar outro sucesso, vindo a falecer em 2004 de ataque cardíaco na Califórnia.

No início dos anos 90, Wash lançou um disco intitulado “Give it to you”, no qual fez bastante sucesso. O videoclipe da canção mostrava a cantora rodeada de modelos seminus a tratando como uma rainha. Ela também emplacou outro hit, “Carry on”, mas nada comparado ao estrondoso sucesso de “It’s Raining Men”. Mas o nome da diva viria a se tornar bastante conhecido alguns anos depois, mas não de uma forma muito positiva.

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Em 1989, a cantora foi convidada pelo grupo italiano Black Box para gravar algumas músicas demo. O grupo, no ano seguinte, lançou sa músicas “demo” no álbum Dreamland, que logo se tornaram um sucesso mundial, como “I Don’t Know Anybody Else”, “Everybody Everybody’‘ e “Strike it up”; àquela altura os LPs vendiam absurdamente e o Black Box despontava como um dos melhores grupos de eurodance da década de 90.

O grupo italiano conquistou fama e dinheiro, porém “esqueceram” de creditar o nome de Martha Wash ao disco. Para piorar ainda mais a situação, em todos os clipes, mostrava uma modelo dublando a voz de Wash. A dublê da cantora, em questão, era a bela modelo Katrin Quinol; ou seja, a escolhida para ser a “vocalista” do Black Box na verdade não cantava nada e nem sequer falava inglês.

O escândalo em torno da verdadeira voz por trás do grupo italiano só veio à tona porque Martha Wash, indignada com a situação, moveu uma ação judicial por apropriação comercial contra o Black Box e a gravadora RCA. Na época foi um marco, pois era comum usar vozes de outros cantores sem pagar os direitos autorais devidos. A diva ganhou a ação (aproximadamente 500 mil dólares) e reconhecimentos do público.

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Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar

Um raio não cai duas vezes no mesmo lugar? No caso de Martha Wash caiu, naquele mesmo ano de 1989, ela tinha sido convidada para gravar uma canção com o grupo C+C Music Factory, a música era “Gonna Make You Sweat”, mais conhecida pelo estridente refrão “Everybody Dance Now”Assim como no caso do Black Box, a música conquistou o topo das paradas alcançando o número um na Billboard’ s Hot 100 e vendeu mais de um milhão de cópias só nos Estados Unidos.

E, novamente, ocorreu o mesmo caso: eles não creditaram a voz a Martha Wash e no videoclipe substituíram a voz original pela modelo e cantora Zelma Davis, que veio a se tornar a vocalista oficial do C+C. Wash moveu uma ação judicial provocando a ira dos integrantes do C+C Music Factory.

Houve uma troca de acusações, Wash afirmou que tinha sido convidada para gravar as músicas sem saber que a intenção era colocar uma outra pessoa dublando a voz dela. Ela inclusive achou que seria convidada para fazer shows com os grupos. No entanto, ambos os grupos (Black Box e C+C Music Factory) não achavam a imagem de Martha Wash comercial, afinal, ela era acima do peso e não tão jovem assim. A ideia foi unir a beleza de jovens modelos com o talento vocal de Wash.

Black Box (esq) e C+C Music Factory

Escândalos resolvidos; Wash voltou a gravar uma música e clipe com o C+C em 1995 e também embarcou em uma turnê internacional com grupo; contudo, uma maldição parecia pairar sobre os dois grupos. O Black Box jamais conseguiu repetir o êxito do álbum Dreamland e um dos vocalistas do C+C Music Factory viria a falecer alguns anos depois de meningite. A rainha da dance music seguiu sua carreira e em 1995 regravou “‘It’s Raining Men’‘ ao lado de Rupaul.

Em uma aparição memorável, cantando e dançando sem os sapatos, Wash chegou a performar no Japão os grandes sucessos do Black Box.

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Sucesso e duetos famosos

Ao longo da extensa carreira, Martha Wash fez duetos famosos: com Luther Vandross e Jocelyn Brown nas canções Keep on jumpin – que alcançou o top-ten na UK Singles chart –  e Something Going On, que liderou as paradas e conquistou a posição número cinco no Reino Unido. Além da parceria com Rupaul, que chegou ao número vinte e dois nas paradas musicais.

Em dezembro de 2016, a revista Billboard classificou Wash como sendo a 58ª  artista mais bem sucedida de todos os tempos; considerada uma das principais cantoras de house/dance music, sendo chamada também de The Queen of Clubland. Segundo o crítico musical da revista Rolling Stone, James Newman, Martha Wash é “a mais famosa cantora desconhecida dos anos 90”, afinal, as pessoas conhecem sua voz porém não a sua imagem.

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Aos 66 anos, Wash continua fazendo shows no mundo inteiro, principalmente nos Estados Unidos, onde tem uma legião de fãs cantando seus antigos sucessos. É presença constante nas gay prides americanas e participa ativamente de campanhas contra o vírus HIV. Um de seus trabalhos foi participação no CD ”Listen to the people” em apoio a crianças carentes. Conhecida como um ícone gay, tem estado sempre envolvida com direitos LGBT+; no Dia Mundial da AIDS, em dezembro de 2012, foi premiada com o Lifetime Achievement Award em San Francisco pela sua dedicação em angariar recursos para as vítimas da AIDS nos Estados Unidos.

Solidária, além da causa gay, ela também faz ações filantrópicas para ONGs relacionadas a autismo e para o You Can Play Project, uma organização sem fins lucrativos que se dedica a garantir a igualdade, respeito e segurança para todos os atletas independente da orientação sexual.

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Artista atemporal, dona de uma bela voz soprano, Martha foi aos poucos conquistando seu lugar no mundo da música, provando que talento não tem idade ou beleza física. Ela nunca se casou e nem teve filhos. Atualmente reside em Long Island, que na década de 1970 foi um paraíso gay.

No ápice do escândalo das ações judiciais contra os grupos Black Box e C+C Music Factory, Martha Wash participou de um programa de TV americano para falar sobre o assunto; indagada pelo apresentador se poderia provar que era a dona da voz, Wash cantou com os seus poderosos vocais “Everybody dance now“. Não houve dúvidas que ela era a verdadeira voz da dance music.

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