João Côrtes escolheu o Dia do Orgulho para revelar aos fãs que também é gay

O ator usou seu Instagram para fazer uma carta aberta sobre ter percebido que era gays aos 14 anos e sobre repressões consigo mesmo

O ator João Côrtes, 25, chamou a atenção do público pela sua participação numa série de comerciais da operadora Vivo, lançada em 2013, onde contracenava com vários atores e atrizes, sempre em tom de comédia.

Sua atuação foi elogiada e surgiram os convites para atuar na televisão, como em 2014 em “Três Teresas” no papel de Lucas e em “Vai que Cola” no papel de Valdisney. Também chamou a atenção da Rede Globo, que o contratou em 2014 para estrelar um episódio da série “Os Experientes”, juntamente com a consagrada atriz Beatriz Segall. A carreia seguir em alta, interpretou Eric na série “O Negócio” e viveu Peppino na novela “Sol Nascente”.

E neste domingo, Dia do Orgulho LGBT+, Côrtes usou seu Instagram para fazer uma carta aberta sobre ter percebido que era gays aos 14 anos e sobre repressões consigo mesmo.

“Eu sabia que eu era gay quando tinha uns 14 anos. Foi por aí. Eu sabia, mas na época isso era só um leve impulso. Uma sensação. Era um sentimento abstrato e distante. Nunca soube o que fazer com aquilo. Então eu dobrei e guardei numa caixinha, embaixo do meu caos emocional. Ninguém liga pra isso mesmo… E escondi de mim, dentro de mim, por anos e anos, na esperança de que isso se tornasse cada vez menor, e menos. E o que era distante ficava cada vez mais presente, e o leve e ingênuo impulso se transformava em vergonha. Vergonha do tamanho de um carrapato, mas ainda assim, vergonha. Isso me bloqueou emocionalmente, e ainda bloqueia. É uma luta contínua. Eu sou um homem branco, cis, de uma família de classe média/alta liberal. Ser aceito nunca foi uma questão, mas isso jamais passou pela minha cabeça. E mesmo sendo privilegiado, eu travei.

Eu to falando isso agora, justamente porque nunca falei sobre isso antes. Eu já me aceitei e me assumi há alguns anos na minha vida pessoal, mas nunca publicamente. E não me deixa de ocorrer o quão importante a representatividade é. Cada vez mais.

Passei por todas as fases do processo. Sim, eu joguei esse joguinho insuportável e tedioso: saía com os amigos e fingia olhar para as mulheres, ouvia todos eles falando sobre mulheres. E eu falava junto. E ainda namorei mulheres. Neguei a muita gente, mesmo a amigos que me olhavam e sabiam que eu estava me enganando. Eu dizia ‘não’ pensando em ‘sim’. Com pavor da palavra ‘gay’. Pavor de me tornar outra pessoa. Pavor de aceitar meu lado desconhecido. Pra mim era um abismo. Era compactuar com uma força estranha querendo entrar. E eu gastando toda minha energia pra tentar me manter fiel a um papel que simplesmente não me cabia mais. Eu controlava e censurava minha maneira de falar, de vestir, de sentar, de dançar, de olhar. Censurava minhas referências, meus pontos de expressão e de representação. Eu fugia de mim mesmo como um rato foge do gato.

Essas invasões pra mim hoje são bizarras e humilhantes, mas na época isso acontecia com naturalidade. Discrição era padrão e me parecia benigno. E por que eu deveria falar alguma coisa? Ninguém tem nada a ver a ver com isso. Eu não tenho que compartilhar detalhes íntimos meus com estranhos. Essas vozes ecoavam no fundo da minha mente, me persuadindo. A vergonha pode ser pesada e muito barulhenta, mas ela também pode se esconder atrás do conforto e conveniência. Mas a vergonha de si mesmo é sempre violenta. E te corrói.

Eu não quero compactuar com a ideia de que ser gay é um problema a ser resolvido. Eu sou extremamento grato por ser gay. É uma bênção. É uma solução aos clichês héteros esmagadores. É uma janela aberta pro céu. Um canal de ar puro. Hoje eu valorizo todas as pessoas, as músicas, os livros, os filmes, as séries, as performances que me abrem a cabeça. Se você é gay, bi, trans, não-binário ou ainda se questionando, se você está confuso, está sentindo dor ou vergonha ou humilhação ou se sente sozinho: você não está sozinho e vocês fazem o mundo muito mais interessante, surpreendente e suportável!

Para todos os queers, desajustados, outsiders e amores da minha vida: Eu amo vocês. Amo e estou aqui por vocês. Prometo que depois da tempestade a vida fica bem melhor. Confia. E feliz orgulho LGBTQIA+.

João Côrtes”.

TROCA COMIGO

Desde a quarentena João tem usado seu perfil do Instagram para fazer lives em formato de entrevistas. Intitulado de “Troca Comigo”, Nicolas Prattes, Carol trentini, Marcelo Galvão e Tony Gordon foram alguns dos convidados.




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