“Marlene Mattos simplesmente me olhou de cima a baixo com cara de nojo e não cumprimentou”, lembra Alvaro Leme

Em um bate-papo com GAY BLOG BR, o jornalista Alvaro Leme fala sobre (sub)celebridades, reality shows e o podcast Debates Inúteis

Alvaro Leme é um daqueles jornalistas que conseguem deixar qualquer convidado à vontade; divertido e bem humorado, sempre com a sua espontaneidade carioca, consegue arrancar ótimas declarações de famosos no seu canal do Youtube. Atualmente, Leme se dedica a uma outra paixão – o podcast Debates Inúteis, em que divide as discussões inúteis (e às vezes úteis) com dois amigos.

Foto Mario Rodrigues

Seu canal no Youtube é muito divertido, entretanto há 10 meses você não tem postado vídeos. 

Sabe aquelas pessoas que querem fazer tudo ao mesmo tempo? Eu sou uma delas (risos). Daí, às vezes, acabo tendo que deixar um dos projetos parados pra dar conta do resto. No fim do ano passado, foi a vez do CanAlvaro. Porque comecei a dar aula de conteúdo e a fazer uma pós de marketing digital na Belas Artes, aqui em São Paulo, além de trabalhar na Versatille, uma revista de lifestyle. Mas até setembro eu volto com os vídeos, porque estou morrendo de saudade! Ah, e obrigado por ter visto e se divertido. Fico muito feliz!

Atualmente você tem um podcast chamado Debates Inúteis, como surgiu?

Eu amo, amo, amo fazer o podcast. Foi uma ideia que tive num dia em que meus amigos da época de faculdade passaram horas debatendo no Whatsapp sobre uva passa. Ali pensei que podia fazer algo divertido sobre discussões completamente irrelevantes que a gente adora ter e bolei o nome Debates Inúteis. Originalmente faria em vídeo, mas daí os podcasts explodiram e percebi que era o caminho. Divido o programa com dois amigos maravilhosos e geniais, o Thiago Pasqualotto e a Melina Harden. No fim, a gente percebeu que muitas conversas nem são tão inúteis quanto prometiam, mas o melhor de tudo é que muitos ouvintes escrevem dizendo que nossas palhaçadas alegram a rotina deles. Hoje mesmo recebemos mensagem de uma enfermeira que está na linha de frente do combate ao coronavírus e disse que o podcast é a válvula de escape dela. É uma honra pra nós!

Qual foi a celebridade mais legal e a mais chata que você já entrevistou no seu canal no Youtube?

De modo geral, todo mundo que chamei pros vídeos foi porque já tinha alguma conexão, então não teve alguém que eu achasse chato. Agora, quem eu AMEI e acho que a entrevista ficou com um astral maravilhoso foi a Gloria Groove. Um papo divertido, leve, mas sem ser superficial. 

Sobre TV, ela ainda tem futuro? Por que a internet está dominando tudo… Youtube, os canais de streaming.

Acredito que a televisão nunca foi tão forte. A gente tende a achar que novas mídias significam necessariamente a extinção das anteriores, mas isso não é verdade. O que ocorre é uma redistribuição de público. Basta pensar que os jornais impressos e o rádio estão aí até hoje, mesmo com a predominância da televisão durante décadas. O que enxergo que se transformou foi o modo como a gente vê tevê. Antes era preciso esperar dia e horário de exibição, agora a gente vê quando dá na telha, o que é maravilhoso. No caso das televisões abertas, as redes sociais têm efeito de reforçar e popularizar algumas atrações. Por exemplo: reality shows de competição, programas ao vivo e novelas se tornaram algo que muitas pessoas gostam de ver comentando no Twitter. 

Ainda sobre TV, o que você acha desses programas vespertinos da TV aberta que têm aquela avalanche de merchan? Eu acho hilário, o mais divertido na minha opinião é da ‘senhora’ que vende um creme ‘rejuvenescedor’ (risos).  

Faz tempo que não vejo, mas de modo geral acho muito divertidos. Gosto principalmente do Mulheres, da TV Gazeta, apresentado pela Regina Volpato. Ela é excelente comunicadora e a gente consegue passar horas vendo-a fazer qualquer coisa na televisão. 

Foto: Mario Rodrigues

Você teve passagens pelas publicações Folha de S. Paulo, Veja São Paulo, Glamour e Veja, sempre cobrindo a vida dos famosos? Era algo que você sempre buscou ou aconteceu por acaso?

Nem sempre famosos. Na Folha e na Vejinha, por exemplo, cobria as áreas relacionadas a lifestyle (moda, decoração, cultura, variedades…). Eu nunca quis trabalhar em hard news, falar de economia, política. Então procurei o caminho do entretenimento. Meu primeiro emprego na Abril foi na revista Contigo!, logo e eu precisava seguir alguns artistas. Era puxado, mas muito divertido. Ficar na cola do Faustão, da Hebe, da Wanessa Camargo… Muita gente torce o nariz pro jornalismo de celebridades, mas o que a gente fazia era sério. Com apuração, responsabilidade pelo que publicava… O fato de ser uma editoria considerada fútil não me fazia me portar com menos cuidado no trabalho de levantar informações. 

Foto: Mario Rodrigues

E por falar no jornalismo impresso, o futuro é incerto?

Creio que o termo “jornalismo impresso” vá desaparecer ao longo prazo. Que vá ser substituído por algo como “jornalismo escrito” ou similar. Não acho que as pessoas vão deixar de ler, mesmo que sejam textos cada vez mais curtos. Mas a ideia de imprimir é que tende a ser cada vez mais rara, porque tem uma série de custos na cadeia produtiva que simplesmente não existem ao se fazer um site de notícias. Os custos de gráfica e, principalmente, distribuição. Imagina fazer uma mesma revista chegar a lugares tão distantes entre si como Manaus e Porto Alegre. Agora, com um produto digital você consegue ser acessado até por leitores que nem no Brasil estejam, todos com rapidez. Acho que revistas vão continuar, mas cada vez mais com um status de algo artístico, que você guarda em casa, como fazemos hoje com os livros.

Com o isolamento social veio a onda das lives, de todos os tipos…. entrevistas e musicais. Acha que já saturou?

Não acho que saturou, não. Acho que normalizou. E que, com o tempo, vai acontecer uma espécie de seleção natural: quem faz lives com bom conteúdo e planejamento vai pra frente. Como ocorre com os demais produtos digitais.

Você também curte memes. Quais são os seus preferidos? Os memes da Gretchen e da Tulla Luana são os melhores na minha opinião.

Amo todos da Gretchen. Aliás, tudo que tem ela é muito legal, né? Incrível como a internet deu novo fôlego a uma artista que tem uma vida cheia de altos e baixos. Li a biografia dela pra fazer uma matéria pra Harper’s Bazaar, e é uma história de vida muito sofrida. É louvável que, mesmo tendo passado tantos apertos, principalmente com homem lixo, ela hoje se mantenha alegre e ativa. Também gosto dos memes da Adélia, ex-BBB. Aqueles do “vem aí”, sabe qual é?

Acho que já vi alguns dela fazendo meio que cara de paisagem (risos). Qual foi a maior saia justa que você já passou com um entrevistado?

Não foi exatamente com um entrevistado, mas com um famoso que apareceu no dia. Há alguns anos, fui fazer Páginas Amarelas da Veja com a Ivete Sangalo. Daí, enquanto esperava por ela, precisei ir ao banheiro. Quando saí, a pessoa que estava na fila pra entrar depois de mim era ninguém menos que a Xuxa. Eu fiquei tão surpreso e em choque que falei: “fui fazer um pipi“. Morri de vergonha quando me dei conta que tinha acabado de falar isso pra ela (risos).

Foto: Mario Rodrigues

Aliás, você já passou por um momento constrangedor com a ex-empresária da Xuxa, Marlene Mattos, em uma gravação do Criança Esperança, não foi?

Nossa, tem tantos anos isso! Foi na minha primeira ida ao Criança Esperança. Era repórter da Contigo!. Eu tava lá encantado com aquele monte de gente famosa chegando uma atrás da outra. Com o tempo, a gente acostuma e nem liga mais. Mas, por ser no começo, eu fiquei meio abobalhado. Quando a Xuxa chegou com a Marlene, eu achei que tudo bem me apresentar pra ela (a Marlene, não a Xuxa) dizendo que era repórter da revista e tal. Disse meu nome, estendi a mão pra ela, que simplesmente me olhou de cima a baixo com cara de nojo, olhou pra minha mão e não apertou. Nunca me senti tão pequeno na vida. Mas, enfim, acontece, né?

Foto Mario Rodrigues

Suas entrevistas são sempre muito boas, divertidas e espontâneas, mas já aconteceu de algum convidado famoso antes de gravar ser antipático e bastou a câmera ligar para ele mudar completamente?

Comigo, não. Já vi com outros colegas. O que aconteceu comigo algumas vezes foi de a pessoa falar alguma coisa que, depois de publicada, repercutiu mal pra ela, daí dizer que não havia dito aquilo. Felizmente, nas vezes em que algo assim rolou, eu tinha gravação de áudio ou vídeo e mostrei que a pessoa é que estava mentindo, não eu. 

É mais legal entrevistar celebridade ou subcelebridade? 

Quanto mais famosa a pessoa, mais ela tem a perder. Então a tendência é que fique mais armada, o que faz a entrevista perder muito da cor que teria. Em geral, as subs rendem muito mais. E, justamente por isso, algumas delas chegam tão longe. Geisy Arruda, por exemplo, sabe o que falar pra alegrar os jornalistas e editores. Sempre rola uma manchete boa, o que é bom pra carreira dela, pros portais… E divertido pros leitores. 

Você curte bastante reality show né? Dentre todos que existem, qual deles você mais curte?

Enjoei dos de confinamento, tipo BBB ou A Fazenda. Gosto dos que têm competição, mesmo que alguns já nem role mais. Tipo America’s Next Top Model ou Project Runway

Aliás por falar em reality, você toparia participar de um? O Fefito por exemplo já foi sondado em edições passadas para A Fazenda.

Participaria apenas de “O Aprendiz“, acho. 

Não seria bacana se existisse um Power Couple só com casais gays?

Eu acharia mais divertido um que tivesse todo tipo de casal, com orientações sexuais e identidades de gênero diversas. Os episódios ficariam mais interessantes se houvesse interação entre héteros, gays, cis, trans… 

Você poderia definir em um palavra estes seus colegas de profissão: Leo Dias, Felipeh Campos, Fefito, João Batista Jr. e Fábia Oliveira?

Leo Dias, incansável. Felipeh Campos, polêmico. Fefito, talentoso. João Batista, brilhante. Fábia Oliveira, divertidíssima.

Qual projeto você tinha para este ano de 2020 e que em virtude da pandemia foi adiado/cancelado?

Felizmente, nenhum. Tudo que eu faço coube na vida feita remotamente. A gente precisou adaptar o jeito de gravar o podcast, por exemplo, mas tem dado certo. E as aulas do meu curso, agora on-line, passaram a ser sem fronteiras: nas últimas turmas tive alunos que moram em Belém, em Porto Velho, Nova York e Vancouver.

Foto: Mario Rodrigues

Para acompanhar Alvaro Leme nas redes sociais:
Youtube: Canalvaro
Instagram: @alvaroleme




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