Por volta dos 27 anos, Girth Brooks já havia conquistado um espaço de destaque na cena do entretenimento adulto. E bastaram apenas duas gravações com a produtora Men Avenue para o nome dele percorrer o mundo e não sair mais do imaginário popular.
Nascido em Massachusetts, nos Estados Unidos, Girth sempre gostou de teorias econômicas e teve uma formação sólida nos anos de escola – terminou o ensino médio como um dos três melhores do colégio ao mesmo tempo em que demonstrava talento no coral que fazia parte.

Seu nome artístico, provocativo e quase cartunesco, virou marca registrada. Em português, Girth significa grossura e Brooks é apenas um sobrenome comum nos Estados Unidos. Algo como “Silva, o Grossão”, numa tentativa engraçada de aportuguesar o trocadilho em inglês com seu nome.
E foi ao dar vida a esse personagem que vieram cenas memoráveis, contratos com estúdios importantes e uma base fiel de admiradores.
Mas, como tantos outros que ganham visibilidade em nichos ainda cercados de preconceito, Girth sempre soube que a fama tinha um preço e que o anonimato um dia lhe faria falta. O preço pago? Um casamento encerrado e três demissões seguidas.
Hoje, ele encara o passado de frente e se recusa a apagá-lo. Em vez disso, 13 anos depois a primeira vez que fez uma cena pornô, o garanhão de 41 anos resgata o nome que um dia precisou esconder. Fecha, portanto, um ciclo. E se apresenta ao mundo não como um “retorno”, mas como um reencontro com quem sempre foi.
“Depois de mais de uma década, voltei só pra testar”, diz ele, aos risos. “Mas aí eu me senti confortável… e já era. Estou me divertindo demais agora.”
O retorno cauteloso tornou-se uma afirmação pública. Para Girth Brooks, não se trata apenas de fazer sexo diante das câmeras novamente, mas de retomar o poder sobre a própria história. E, mais do que tudo, de viver com autenticidade.

De astro pornô a oficial da Marinha
Girth nunca teve planos de virar uma estrela pornô. No colégio, era o típico garoto perfeito: estudante exemplar, cantor de musicais e atleta.
Quando terminou os estudos, mudou-se para a Flórida com o sonho de entrar para a Marinha como piloto. Mas, rejeitado pelo programa que desejava, acabou indo parar em frente às câmeras do pornô gay.
“Minha primeira cena foi com o Berke Banks”, lembra ele. “E eu só pensava: estou vivendo um sonho. Aquilo era pra mim”.
Depois, veio a famosa cena com Conner Habib, que, por uma coincidência do destino, era professor do irmão de Girth, o que os dois descobriram só depois da gravação.
Mesmo com a excitação com a nova carreira que se abria, o desejo de trabalhar com o corpo não falava mais alto do que o de servir o país. Então, Girth deixou o pornô pra lá e foi atrás do sonho.
Em 2011, após alguns anos intensos de gravações, decidiu desaparecer. Sumiu das redes sociais, mudou radicalmente de estilo de vida, e se escondeu “debaixo de uma pedra gigante, onde não podiam me encontrar”, como ele mesmo define.
“Entrei para a Marinha e, entre idas e vindas, passei cinco anos debaixo d’água num submarino. No fim das contas, aquilo não era pra mim, mas serviu pra me reconstruir”, reflete.
Quando o passado vem à tona
Após uma lesão na perna que o afastou da vida militar, Girth decidiu investir na carreira corporativa. Ele já tinha um bacharelado em Economia pela Universidade de Massachusetts, então decidiu por um MBA com especialização em finanças. Assim, conseguiu empregos em grandes empresas e fez caminho no mercado financeiro. Mas o passado insistia em bater à sua porta.
“Fui demitido de três empresas. Eu me destacava no trabalho, ia bem, mas bastava alguém me reconhecer ou dar um Google e pronto. Tudo estava perdido”, comenta.
Apesar da discriminação no mercado de trabalho, ele nunca se envergonhou de seu histórico – na terceira empresa, a última em que foi demitido, ele preferiu abrir o jogo. Contou do pornô, mas dois meses depois estava na rua de novo. O que doía, segundo ele, era a forma como os outros lidavam com os filmes, inclusive em sua vida pessoal.
“Minha ex-mulher sabia do meu passado. Mas aquela pedra que eu me escondia, no fim das contas, não era tão grande assim e as pessoas começaram a mandar mensagens, fotos e até enviaram imagens minhas peladão pra família dela”, relembra.
“Não foi exatamente o pornô que destruiu o meu casamento, é verdade que ele também não ajudou, mas foram os resquícios da minha passagem por esse caminho e o preconceito das pessoas”.
Até hoje o quarentão recebe mensagens de fãs que lembram de cada detalhe de suas cenas antigas. Porém, as mensagens que chegavam naquela época, e vindo ele de uma cidade pequena, isso se tornou parte de um problema difícil de gerenciar.
“Quando um soube, todos souberam. Mas hoje vejo isso como bênção. Quer dizer que eu deixei uma marca.”

Liberdade no pornô
Depois de anos entre planilhas, teorias econômicas, reuniões e ternos bem cortados, Girth tirou um ano sabático pra entender o que, de fato, o fazia feliz.
“Adoro a vida social regada a vinho, metas, vendas, números. Mas nada disso fazia eu me sentir visto, nada me preenchia. Percebi, então, que era o pornô que me dava liberdade. Nesse mercado eu posso ser doce, sexy, bruto e gentil. Tudo ao mesmo tempo – e é isso o que me motiva”.
A volta à indústria, em 2024, foi lenta. No começo, Girth quase não mostrava o corpo nas redes. Uma foto aqui, outra acolá, uma interação tímida com um fã ou outro. A resposta de seus admiradores foi imediata.
“As mensagens começaram a chegar. Histórias, carinho, admiração. Eu não sabia o quanto sentia falta dessa conexão e nem imaginava o quanto as pessoas ainda esperavam em me ver de novo”.
Muito além do rótulo “gay-for-pay”
Rotulado no início como “gay-for-pay”, pelo fato de ser um homem hétero e atuar em cenas gays, Girth hoje rejeita esse termo – não por ser ofensivo, mas por ser simplista. Ele se considera um cara mais complexo do que isso.
“Quero ser visto como um homem comum, de bem com a vida e que decidiu transar com outros caras, dar prazer aos meus fãs e ser feliz assim”, diz.
“Já passei por muita merda, mas continuo de pé. Felicidade é uma escolha. E começa na cabeça.”
Veio pra ficar
Sem novas pedras para se esconder, ou anos no mar como oficial da Marinha para fugir da realidade, Girth Brooks está nu, literal e simbolicamente, diante de quem quiser vê-lo. E agora, pela primeira vez em anos, ele sente que está exatamente onde deveria estar.
“Adoro fazer as pessoas se sentirem bem. Provocar tesão, alegria, conexão. Isso é o que me move.”
O ator não é só um caso de superação. Ele é a prova viva de que assumir todos os capítulos da própria história, inclusive os mais explícitos, pode ser libertador.
“Estou vivendo meu propósito. Com tesão. Com vontade. Pelado, livre e, o melhor, sem pedir desculpas por isso”.
“Eu pinto bastante para relaxar”, revela ator pornô espanhol Koldo Goran
Junte-se à nossa comunidade
Mais de 20 milhões de homens gays e bissexuais no mundo inteiro usam o aplicativo SCRUFF para fazer amizades e marcar encontros. Saiba quais são melhores festas, festivais, eventos e paradas LGBTQIA+ na aba "Explorar" do app. Seja um embaixador do SCRUFF Venture e ajude com dicas os visitantes da sua cidade. E sim, desfrute de mais de 30 recursos extras com o SCRUFF Pro. Faça download gratuito do SCRUFF aqui.














