A ideia de família, de maternidade, paternidade e de relação familiar (e sua utilidade no desenvolvimento de cada ser humano) são criações culturais do nosso tempo. O ser humano é capaz de se desenvolver sem nada disso. A verdade é que, em tese, se uma criança tem a possibilidade de ser criada por dois indivíduos, DOBRA a chance dela ser educada, doutrinada e ensinada a se comportar de modo a conseguir participar da sociedade. Uma sociedade, claro, que se favorece dessa distinção de gênero masculino x feminino, e que, portanto, espera que essa criança faça parte dela também.
Não existem (e provável que não existirá) meios de comprovar a “necessidade” de que uma criança se desenvolva melhor com a presença de uma mãe e de um pai. Talvez a única coisa que essa premissa pode favorecer é a ideia de heterossexualidade, casamento, monogamia, etc. Uma que atende apenas a uma parcela da população e é um claro projeto político e social.
De resto, nem a ciência, nem a poesia, nem a própria psicanálise, até hoje, conseguiu mensurar como, e de que forma, e quando, e com qual intensidade, cada indivíduo internaliza e introjeta todas as experiências pelas quais ele passa.
Logo, quando se fala da importância da presença da mãe e do pai, e suas respectivas importâncias de gênero, estamos novamente falando de uma exigência de um pensamento hegemônico heteronormativo.
Não é possível mensurar a importância da presença feminina assim como não é possível averiguar como, de fato, uma presença masculina contribui para que determinado indivíduo se comporte de tal ou tal maneira.
Meras especulações! Cada indivíduo carrega em si uma forma de lidar com o mundo. Uma forma de olhar o sentir o mundo. Enquanto bebê e criança, ele apenas absorve tudo aquilo que está a sua volta. Tenta, dia e noite, transformar aquilo que viveu, aprendeu e experimentou em conhecimento. Procura entender a todo instante como esse mundo funciona. A priori, percebe que existe um mundo dividido em dois, claro. Mas ao mesmo tempo que ele presencia esse divisão tão “clara” (risos) ele procura também se entender: como ser, como estar e como compartilhar dessa divisão.
Ser masculino, como ser feminino, então como algo extremamente complexo e particular. Que, como vemos todos os dias, famílias heteronormativas não garantem filhos heterossexuais. Somos sim hormônios, enzimas e neurotransmissores mas somos tb frustrações e gratificações as quais passam cada um de nós, a vida mesmo como ela é, e claro, esse binômio (masculino e feminino) atravessando todas essas experiências e que, ao final, nos fazem Bio Psico & Sociais. Característica essa que nos dará um possível norte a cerca da nossa:
a) Orientação sexual,
b) Identidade de gênero e
c) Expressão de gênero.
Logo, leviano é aquele que acha que ter a mãe e o pai “é melhor.” Ou “naturalmente necessário.” Que mãe? Que pai? Como ocorre essa relação? A masculinidade não existe. Ela é criada, amigos. O mesmo vale para o feminino. E, nós enquanto crianças em desenvolvimento, iremos absorver tudo isso de forma arbitrária, parcial e acima de tudo como um algoritmo indecifrável.
“Roubamos” do mundo fragmentos dos gêneros precedidos, preferidos, oferecidos e presentes em nossas vidas. Em busca da nossa própria identidade. A verdade é que no momento que colocamos (ou damos) às mães esse lugar do feminino e aos pais esse lugar do masculino, a cagada se completa de vez. Ficamos atrelados ao que Judith Butler dizia sobre a equivocada Correlação Linear. O grande barato de ser um SER HUMANO é nossa ENORME capacidade de adaptação. Ela nos fez evoluir com destreza invejável. E, por isso, estamos talvez (até arrogantemente) no topo da cadeia alimentar.
Uma criança (e seu cérebro) irá arranjar um jeito de se desenvolver. Irá compreender o que é o feminino e o masculino da forma que der. Não há nenhuma educação que promova (ou que garanta) que um indivíduo vá ser hetero, vá se sentir homem, vá gostar de mulher e vá ser “macho.”
Mesmo na ausência de uma MÃE, uma criança absorverá o que há de feminino no resto do ambiente, da televisão, da vizinhança, e até do próprio pai! Sim, SENHOR! E essa criança não será menos adaptada ou menos preparada para lidar com a vida em comparação aquela que foi criada por pai e mãe. Não temos a necessidade de nada.
Ao contrário: diante do ambiente, damos um jeito de sobreviver. Damos um jeito de recriar o mundo à nossa volta de forma a fazer ele nos atender. Iremos diante dessa divisão simplória (masc x fem) encontrar um jeito de nos encaixar e de se comportar.
Nós, humanos, temos a capacidade de aprender com o mundo e de nos desenvolver BEM independentemente da orientação, e da forma como nossos pais expressam seus gêneros. Aqueles que cá já estão, tem a OBRIGAÇÃO de deixar para as próximas gerações um lugar menos dividido. Onde há mais que duas gavetas! Deixemos que as próximas gerações criem seus gêneros da forma que for possível. Que possamos dar autonomia da forma mas ética possível. Não há formula que garanta uma coisa nem outra. Nem pra um lado, nem pro outro. Cada um de nós é uma obra gênero singular.
E nossa missão é oferecer essa liberdade a todos!
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