Filme que resgata memórias de luta LGBTQIA+ durante Ditadura Militar estreia no Festival do Rio

Documentário "Não é a Primeira Vez que Lutamos Pelo Nosso Amor" relata histórias de perseguições e violências contra a população LGBTQIA+ durante a Ditadura Militar e faz um paralelo dos tempos atuais

O documentário “Não é a Primeira Vez que Lutamos Pelo Nosso Amor”, realizado pela Produtora Couro de Rato, dirigido por Luis Carlos de Alencar e produzido por Vladimir Seixas, acaba de ser selecionado para o Festival do Rio 2022 e fará sua estreia mundial no programa Première Brasil: Competitivas – Longas documentários. No dia 8 de outubro (sábado), às 17h, será realizada a primeira sessão para convidados, no Shopping da Gávea, e no dia 9 de outubro (domingo), às 10h30, será realizada a sessão para o público, no Cine Odeon, seguida de debate com o diretor.

O longa-metragem relata histórias de perseguições e violências contra a população LGBTQIA+ durante a ditadura brasileira e como as suas lutas por resistência formaram o movimento LGBTQIA+ brasileiro. Foi nesse período que, sendo alvos do Regime Ditatorial, resistiram e lutaram por modos de viver que apontaram para novos projetos de sociedade e, consequentemente, contribuíram significativamente para a luta pela redemocratização do País.

Além do resgate dessas lutas do passado, o filme também se volta para os contrastes dos tempos atuais. Ao mesmo tempo em que milhões de pessoas saem às ruas todos os anos para participarem das Paradas do Orgulho LGBTQIA+, a maior manifestação pública da luta LGBTQIA+ por cidadania, o Brasil é um dos países com o maior índice de violência contra as minorias sexuais, com grande avanço do neoconservadorismo cristão e das políticas morais da extrema direita, ideologicamente contrários ao modo de ser e de viver das pessoas LGBTQIA+.

“Este documentário visa justamente lembrar aos jovens que nossa história de resistência é muito antiga e que precisamos conhecer nossa memória para elaborar melhor nossa luta atual, mantendo e ampliando nossa liberdade. Eles vão passar, nós vamos continuar. O trabalho narra, principalmente para as gerações mais novas, que não é a primeira vez que nós, minorias sexuais e de gênero, passamos por esses problemas e lutamos pelo nosso direito de amar. Temos uma história da qual devemos nos orgulhar e tirar o acúmulo de experiência para continuar a luta. Esse filme já operou como uma obra de fortalecimento e estímulo ainda na sua produção, pelo menos para as pessoas que trabalharam nele”, destaca Luis Carlos de Alencar.

A pesquisa para o documentário teve início em 2015, motivada pela ausência desse recorte na cinematografia brasileira. Conta com imagens raras fornecidas, em muitos casos, pelas próprias pessoas entrevistadas, como fotos pessoais, registros de reuniões, matérias de jornais alternativos e trechos de audiovisuais. Dentro do rico material exibido no documentário, temos também conteúdos de pesquisadores acadêmicos, acervos mantidos por militantes LGBTQIA+ e outros documentos de fotojornalistas e cineastas brasileiros que registraram momentos fundamentais do período retratado no filme.

A produção conta com membros de diversos grupos e frentes da luta LGBTQIA+ ao longo das últimas décadas, como o escritor João Silvério Trevisan (Grupo SOMOS SP), a historiadora e ativista Marisa Fernandes (Grupo SOMOS SP), o ativista LGBTQIA+ e pioneiro Jorge Caê Rodrigues (Grupo SOMOS RJ), o ativista Wilson Mandela (Grupo Gay da Bahia), Luiz Mott, um dos mais conhecidos ativistas brasileiros da causa LGBTQIA+, também membro do Grupo Gay da Bahia, e Alexandre Ribondi, do Grupo Beijo Livre (Brasília). Além dos personagens brasileiros, o filme conta com membros de grupos internacionais como o escritor Gary Alinder, do Gay Liberation Front de São Francisco, Karla Jay, pioneira no campo dos estudos de lésbicas e gays nos Estados Unidos e membra do Gay Liberation Front de Nova Iorque, e Marcelo Benítez e Nestor Latronico, membros da Frente de Liberación Homosexual, de Buenos Aires.

Importante destacar também as participações de Jaqueline Gomes de Jesus, professora universitária e presidente da Associação Brasileira de Estudos da Trans-Homocultura, Sissy Kelly, coordenadora da Rede Trans Brasil (Minas Gerais), Rita Colaço, historiadora integrante do Grupo de Atuação e Afirmação Gay, no Rio de Janeiro e uma das consultoras de roteiro, e Renan Quinalha, professor universitário e autor do livro “Contra a moral e os bons costumes: A ditadura e a repressão à comunidade LGBT”.

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Não é a primeira vez que lutamos pelo nosso amor – Imagem: Paula Monte

“Logo após o resultado das eleições presidenciais de 2018 e diante do avanço de grupos e de ideais fascistas, as filmagens foram antecipadas como uma resposta de resistência. Foi contra o clima crescente de medo e de terror instalado à época que a equipe, formada por pessoas LGBTQIA+, iniciou não somente a construção do filme, mas também a própria experiência de seu reerguimento pessoal diante da crescente opressão contra as minorias”, conta a produção do filme. “As filmagens foram realizadas em seis cidades: São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador, Belo Horizonte, Buenos Aires, Nova Iorque, São Francisco e Los Angeles. Entre 2020 e 2021, em meio às restrições sanitárias da pandemia da Covid-19, e diante de todas as limitações e paralisações causadas pela forma negligente pela qual o presidente conduziu esta crise sanitária, foi realizada a montagem e finalização do longa”, relatou a produção.

“O retorno ao passado ditatorial do país com esse recorte da luta LGBTQIA+ nos oferece olhares significativos sobre a nova onda conservadora que cresce desordenadamente e mostra que não é a primeira vez que lutamos e resistimos. Uma sociedade só é livre e uma democracia só é plena se os desejos forem vividos socialmente, como uma dimensão política da própria vida em sociedade”, finaliza o diretor.

“Não é a Primeira Vez que Lutamos Pelo Nosso Amor” é dedicado à memória de Priscila, Laysa Fortuna e Kharoline, pessoas trans assassinadas às vésperas das eleições presidenciais de 2018, em diferentes cidades brasileiras, por homens que gritavam o nome de Jair Bolsonaro. O então candidato à presidência do Brasil em toda sua carreira política incitou a violência contra a população LGBTIQA+.

O longa também concorre ao Prêmio Félix, que volta ao Festival e celebra os filmes de temática LGBTQIA+ em toda a programação, e foi coproduzido pelo canal CINEBRASILTV, com fomento do Fundo Setorial do Audiovisual / Prodav.

Foto: Divulgação

SERVIÇO

“NÃO É A PRIMEIRA VEZ QUE LUTAMOS PELO NOSSO AMOR”,
DE LUIS CARLOS DE ALENCAR, NO FESTIVAL DO RIO

DUAS SESSÕES:

DATA: Sábado (8 de outubro)
HORA: 17h
LOCAL: Shopping da Gávea (Rua Marquês de São Vicente, 52 – Gávea, Rio de Janeiro – RJ)

Sessão para convidados
DATA: Domingo (9 de outubro)
HORÁRIO: 10h30
LOCAL: Cine Odeon (Praça Floriano, 7 – Centro, Rio de Janeiro – RJ)
Sessão para o público + debate com o diretor Luis Carlos de Alencar

Ingressos: https://www.festivaldorio.com.br/br/filmes/nao-e-a-primeira-vez-que-lutamos-pelo-nosso-amor

SINOPSE

Este documentário conta as histórias de perseguição e violência com que a ditadura civil-militar brasileira atuou contra a população LGBTQIA+ e como esse mesmo grupo constituiu suas resistências, transformando-se em sujeitos fundamentais do processo de redemocratização. O golpe de 64 não instaura esse preconceito, mas, nesse período, a população LGBTQIA+ foi considerada inimiga da família tradicional, da moral e dos bons costumes.

PERSONAGENS

Jaqueline Gomes de Jesus, James Green, João Silvério Trevisan, Renan Quinalha, Luiz Morando, Rita Colaço, Romário Schettino, Alexandre Ribond, Marisa Fernandes, Roberta Brussy, Nero, Yone Lindgren, Jane di Castro, José Alberto, Sissy Kelly, Anyky Lima , Jorge Caê Rodrigues, Joey Cain, Gary Alinder, Felicia Elizondo, Martha Shelley, Karla Jay, Allen Young, Marcelo Benítez, Nestor Latronico, Glauco Mattoso, Antonio Carlos Moreira, John McCarthy, Veriano Terto, Edward MacRae, Marisa Nunes, Luzenário Cruz, Wilson Mandela, Luiz Mott, Ricardo Líper, Léo Moreira Sá.

LUIS CARLOS DE ALENCAR

Documentarista brasileiro em atividade desde 2004, sua obra enfoca processos políticos e movimentos sociais, registrando lutas populares e pensamentos dissidentes. Seus trabalhos já participaram de festivais e mostras nacionais e internacionais, recebendo mais de 20 prêmios, entre eles Genocídio e Movimentos (2021) – Melhor Longa Metragem da Bahia – Júri Popular – XVII Panorama Internacional Coisa de Cinema – Brasil; Homens Invisíveis (2019), Prêmio de Melhor Documentário Internacional – Trans Stellar Film Festival – EUA, Prêmio de Melhor Direção – DIGO – Festival Internacional de Cinema de Diversidade Sexual e de Gênero – Brasil; e Bombadeira (2007), Homenagem da Rede Nacional de Pessoas Trans do Brasil – REDETRANS: 10 Anos de Bombadeira: pela contribuição do trabalho à comunidade transexual.

COURO DE RATO

Produtora carioca formada em 2015 por Vladimir Seixas e Luis Carlos de Alencar, dois realizadores com obras autorais exibidas e premiadas tanto no país quanto no exterior, que somam longas, minisséries para TV, webséries e diversos curtas. Desenvolve parceria com os canais Globoplay, CINEBRASILTV, Canal Futura, ESPN e Canal Saúde.

FICHA TÉCNICA

Direção e roteiro: Luis Carlos de Alencar
Produtor executivo: Vladimir Seixas
Controller: Camilla Ribeiro
Produção e Assistência de Direção: Vitor Medeiros
Direção de Fotografia: Paula Monte
Montagem: Luciano Carneiro e Ricardo Moreira
Pesquisa de arquivo: Alessandra Schimite
Videografismo: Renato Teles
Identidade Visual e Design Gráfico: Fernanda Valois
Som direto: Karen Suzane
Edição de Som e Mixagem: Thiago Sobral
Trilha Sonora Original: Thiago Sobral e Lucas Fixel
Consultoria de Conteúdo: Luiz Morando e Rita Colaço
Supervisão artística de Joel Zito Araújo
Arte do Cartaz: Céu Isatto
Coprodução: CINEBRASILTV




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