O cineasta Aly Muritiba apresenta seu novo curta‑metragem, “America”, que investiga as complexas intersecções entre afeto entre homens, condição de imigrante e mecanismos de controle estatal em solo norte‑americano.
A narrativa focaliza Tom (Luca Castellani), um imigrante brasileiro à procura de pertencimento e estabilidade, e Josh (Cheyenne Jackson), escritor dos Estados Unidos à beira de um impasse existencial. O enlace entre ambos se dá sob o contexto migratório precário de Tom, e se vê interrompido pela interferência de um agente policial que opera como metáfora da vigilância sobre corpos e desejos que desafiam normas de quem “pode” pertencer.
O trailer, agora disponível, já integra a estratégia de circulação internacional da obra, que incluiu sessões com Q&A no Variety Screening Series 2025 e no THR Frontrunners, em Los Angeles. A produção, realizada pela Muritiba Filmes em coprodução com a Cinesthesia Factory e a Aspen Studios, ainda não conta com data definida para circulação oficial no Brasil.
Castellani, que se mudou ao Estados Unidos aos 17 anos e recentemente adquiriu cidadania americana, conecta sua trajetória à de Tom ao declarar: “Foi muito doloroso revisitar o que senti ao chegar aqui sem documentos, sem dominar o idioma, fazendo o que fosse necessário para sobreviver.”
Já Muritiba explica o surgimento do projeto: “Quis contar que somos todos imigrantes ou filhos de imigrantes. Essa história trata de tolerância, de amor, de olharmos uns para os outros como seres humanos com sangue, medos e sonhos.”
A obra articula elementos reconhecíveis de políticas migratórias, como mudanças de regulação, ações de fiscalização e protestos públicos – com a dimensão afetiva da condição queer e latino‑americana. Muritiba menciona que iniciou o roteiro em março e filmou em abril, justamente quando a discussão em torno das políticas de imigração se tornou mais intensa. O curta assume, assim, uma mirada contemporânea sobre o que significa buscar “o sonho americano” num corpo marcado pelo estatuto de imigrante e por desejos que escapam às lógicas de heteronormatividade.
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