Amanda Sparks é a drag game designer que diz para as empresas não temerem incluir LGBTs nos jogos

Conversamos com Amanda Sparks, famosa por ser uma drag gamer e por seus jogos que exploram o universo LGBT

Este artigo também está disponível em: Español

O mundo gamer é conhecido por ser machista e homofóbico, e ser uma drag queen em um ambiente tão pouco amigável é uma tarefa “para poucos”. Este é o caso da designer de jogos Amanda Sparks, que ficou conhecida por seus cosplays (se vestir como um personagem de desenho ou game) e também por jogos desenvolvidos por ele mesmo que unem o universo LGBT com os games.

Conversando com o GAY BLOG BR, Amanda Sparks diz que os desenvolvedores não devem ter medo de “dar a cara a tapa” e incluir personagens LGBTs nos games para que, no longo prazo, os gamers encarem com cada vez mais naturalidade esse segmento da sociedade.
Cammy, de Street Fighter, é o cosplay favorito de Amanda Sparks.
Cammy, de Street Fighter, é o cosplay favorito de Amanda Sparks.

1 – Queria já começar em um assunto polêmico, pois sua trajetória como Drag Queen dentro do mundo nerd/geek, que é conhecido por ser machista e homofóbico é bastante corajosa! Da onde veio a ideia de se aventurar dentro desse universo Geek sendo drag?

Amanda Sparks: Sou do Rio de Janeiro e morei lá desde que nasci, em 1982, ficando até 1994, tendo amigos e brincando na rua. Em seguida, meus pais mudaram de estado e  tive que mudar de escola, e nessa época sofria bullying por ser afeminado e sendo chamado o tempo todo de “viadinho”. Por ter poucos amigos, acabei me apegando aos games.

Foi daí que surgiu meu interesse em fazer jogos, e comecei a estudar programação e fiz jogos caseiros bem simplórios. Quando me mudei para São Paulo para morar sozinho, eu dei uma “pausa” nesse passatempo para me dedicar a outros projetos e, eventualmente, surgiu minha drag, Amanda Sparks.

Depois de ter me formado em desenho industrial, decidi fazer um curso de pós graduação em Produção de Games no SENAC. Na época, lancei o Flappy Draqueen, baseado em um game que fazia bastante sucesso na época, Flappy Bird. Com o sucesso considerável deste, vi que podia transformar minha paixão em profissão, e decidi que meus jogos iriam focar em temas relacionados a comunidade LGBT.

2 – Você já recebeu muito “hate” e discriminação? 

Amanda Sparks: Quando algum jogo que eu lanço ganha algum tipo de mídia, como foi o caso do Shade Forest, sempre surgem comentários como “Este game só está tendo espaço porque é LGBT” ou então “Essa turma da lacração é muito chata”, e isso independe da real qualidade do game, mostrando o quanto o mundo gamer ainda é homofóbico. Só que para ser bem sincero, nada disso me incomoda e procuro ignorar. Mesmo sendo drag, sou uma pessoa bastante reservada e evito postar meus jogos em lugares onde eu possa ser discriminado.

3 – Como você acha que essa realidade homofóbica no mundo gamer pode ser mudada?

Amanda Sparks: Creio que as empresas devem, cada vez mais, incluir a diversidade em seus jogos sem medo do boicote. Dar a “cara a tapa” para tornar nossa presença [dos LGBTs] cada vez mais natural. Viemos para ficar e, no mundo de hoje, não há mais espaço para homofobia.

4 – Mudando um pouco de assunto, conte um pouco sobre o Trio Milano que você acabou de comentar.

Como disse antes, o Trio Milano contava com a Penelopy Jean e a Tiffany Bradshaw, e fomos pioneiras em levar a cultura drag para as baladas mais alternativas de São Paulo. Até então, os shows das drags ficavam concentrados nas festas do Centro. Durante cinco anos viajamos pelo Brasil, fizemos shows incríveis e fomos destaque em festas como Recalque e Priscilla.

Após cinco anos viajando por todo o Brasil, decidimos encerrar com o Trio Milano, e tanto Penelopy quanto Tiffany seguiram carreira solo, enquanto eu trabalhava em uma agência. Este ano eu decidi voltar a me apresentar, mas a quarentena acabou sendo um “balde de água fria” nos planos, e tive que adiar meus planos com as festas.

5 – Agora falando se sua carreira como Game Designer, você lançou o jogo Shade Forest, protagonizado por uma Drag Queen e o Spikes on High Heels, jogo de volleyball, para Android. Pode falar um pouco mais sobre eles?

Amanda Sparks: O Shade Forest foi meu jogo de conclusão do curso que fiz no Senac e tirei dez, recebendo muitos elogios. No longo prazo, acabou repercutindo mais do que eu imaginava. Particularmente amo jogo de plataforma coloridinhos e este game é o maior orgulho. Recentemente o relancei com algumas melhorias e para PC, sendo minha carta de amor aos jogos de correr e pular.

Já o Spikes on High Heels é um projeto bem diferente, já que sempre fui fascinado por Volley, mas eu em si nunca fui bom no esporte. Some isso ao fato de que há poucos jogos que exploram este esporte, e eu me desafiei a programar um jogo do gênero. Como consegui, acabou sendo motivo de orgulho também.

6 – Mudando um pouco de assunto, você também tem um canal no YouTube chamado DRAGeek, misturando mais uma vez o universo geek com o mundo das drags. Conte sobre.

Amanda Sparks: Já tem um tempo que não posto no canal e não ando tendo tempo de fazer vídeos para ele, já que é trabalhoso gravar e editar, além de que eu ainda me comprometia a fazer os vídeos sempre montado de Amanda Sparks. Apesar disso, o DRAGeek é o meu “xodó” e une todas as coisas que eu gosto, e estou analisando a possibilidade de voltar com ele.

7 – Quais personagens você gosta de fazer cosplay? Tem algum especial que te marcou?

Amanda Sparks: Quem eu mais gosto de fazer cosplay é a Cammy [personagem de Street Fighter], e já devo ter feito pelo menos umas quatro versões dela. No entanto, a que eu mais gostei foi a Morrigan, de Darkstalkers, sendo a mais difícil de conseguir ficar fiel.

Amanda Sparks vestida de Morrigan de Darkstalkers. Foto: Divulgação



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