A atriz Claudia Raia voltou a comentar sobre o papel de Ramona, personagem trans que interpretou na novela “As Filhas da Mãe”, escrita por Silvio de Abreu e exibida originalmente em 2001. A trama foi recentemente adicionada ao catálogo do Globoplay, dentro do projeto Resgate, que recupera produções marcantes da teledramaturgia brasileira.
Escolha de Claudia Raia para o papel
Em entrevista à coluna Play, do jornal O Globo, Claudia refletiu sobre a importância do papel e como o contexto atual traria novas perspectivas para a escolha do elenco. “Hoje teria que ser uma atriz trans, com toda certeza. Temos várias boas. Na época não se tinha nem espaço para isso. Essas atrizes nunca puderam trabalhar. Hoje o papel não poderia mais ser meu. Na época, para mim, foi um super desafio”, afirmou.
A atriz destacou também o impacto que sua interpretação teve junto à população LGBTQIA+, especialmente em um período em que a representatividade trans na televisão brasileira era quase inexistente. “Eu inspirei muitos gays com essa personagem e muitas pessoas a se assumirem e se entenderem trans”, contou.
Força para a população LGBT+
Claudia disse ainda que o retorno do público ao longo dos anos reforçou para ela a importância da personagem, mesmo com as limitações do contexto da época. “Ao longo da minha vida, as pessoas falam muito isso comigo. Eu, como mulher que tem uma voz muito forte na comunidade LGBTQIAPN+, adorei fazer essa personagem”, declarou.
Ela reforçou que o papel hoje deve ser ocupado por uma atriz trans, refletindo o avanço nas discussões sobre representatividade e inclusão no audiovisual. “Eu fiquei muito feliz, e que bom que, na época em que não se podia ter uma atriz trans, eu pude ajudar de alguma maneira a comunidade LGBT. É uma história que está aberta para ser tomada por quem merece, que seria uma atriz trans”, disse.
Inspirações no processo
Claudia também compartilhou detalhes sobre o processo de criação da personagem e as referências usadas para compor Ramona. “A minha inspiração total foi a Roberta Close. Uma figura delicada, interessante, elegante. A gente queria ir para esse caminho, o mais feminino possível”, explicou.
Por fim, a atriz comentou que a construção da personagem foi guiada pela intenção de retratar uma mulher com sensibilidade e força, em busca de sua identidade. “Foi a construção de uma personalidade que nasceu homem num corpo errado e que foi virando aquela mulher fantástica que era a Ramona”, concluiu.
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