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Quem vê o humorista Evandro Santo esbanjando bom humor, não sabe que ele já teve muitos motivos para chorar. Quando deixou a cidade mineira de Uberaba (MG) rumo a São Paulo ainda adolescente, Evandro passou por muitas dificuldades, não somente financeira mas também preconceito em relação à sua sexualidade.

Hoje, aos 45 anos e com uma carreira reconhecida, Evandro Santo se prepara para estrear um programa na TV WA, cujo o nome será “Reinvenção”. Aliás, uma palavra que diz muito sobre sua trajetória na rádio, TV e teatro.

evandro santo
reprodução

Em entrevista exclusiva para o GAY BLOG BR, Evandro Santo não poupou críticas a Parada do Orgulho Virtual ocorrida no dia 14 de junho, que excluiu as pioneiras da comunidade LGBT, substituindo por youtubers “da moda” ávidos por likes e @rrobas.

Como o isolamento social te afetou profissionalmente e pessoalmente? Até porque você é um sujeito baladeiro, que curte sair, estar com os amigos, passear…

(Risos) Afetou os meus shows. E devido eu ser um cara de shows, deixei de ser baladeiro faz tempo. Chego a ficar três meses sem sair por conta das viagens. Mas os shows foram cancelados e aí começou a rolar os trabalhos online, as lives, os IGTVs, as reuniões em Zoom e por aí agora para testar novas facetas. 

Como tem sido as suas lives? Como se destacar fazendo algo diferente quando todos decidiram seguir o mesmo caminho?

Fazendo a mesma coisa, só que sendo você mesmo. Colocando fãs para participar, fazendo lives com temas, ou com três convidados em uma live, ou até live com o pessoal de tarô fazendo o jogo ao vivo. 

O Pânico, na rádio Jovem Pan mudou bastante, dando ênfase a assuntos políticos. Você voltaria a trabalhar no Pânico se recebesse um convite? Se arrepende de ter saído da rádio?

Não voltaria, representa outro momento bem legal da minha vida e acho que tem que se renovar as pessoas. E não, não me arrependo de ter saído, foram 11 anos, tem uma hora que você quer fazer outras coisas. 

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Ainda sobre o Pânico, na época que você estava na rádio Jovem Pan, havia um clima de zoação geral, você considera o humor daquela época da rádio quase como um bullying?

Eu acho que não, porque ninguém ali era santo, sabia como funcionava o programa, então topava-se até onde ia no limite (risos).

Como você avalia a sua passagem relâmpago pelo programa Melhor da Tarde na Band?

Não avalio (risos) porque foi uma rapidinha, bem rapidinha… 

Você assistiu à Parada do Orgulho LGBT virtual há poucos dias? O que achou? Muitos reclamaram que veteranos foram esquecidos e só havia jovens e youtubers.

Fiz um IGTV revoltado sobre isto, exatamente sobre a supervalorização do novo, sem mesclar com veteranos e a falta de memória e respeito com quem veio antes, sem entender a linha do tempo; enfim, com tanta gente da noite passando dificuldade, e sabe, esta falta de espírito voluntário real no mundo gay, quando você começa a ajudar realmente as associações e lares, percebe que muitos nomes gays que ganham dinheiro com a pauta LGBT+ não fazem nenhum tipo de ação ou doação solidária.

Você já declarou que valeu muito a pena ter participado da A Fazenda. Não teve nenhum aspecto negativo ou algum tipo de arrependimento no reality show?

Não, foi uma grande experiência muito incrível mesmo, surreal, mágica, louca, humana, apenas fiz alguns inimigos lá, mas fora isso, amei de verdade. 

No mês que vem você vai estrear um programa na TV WA (antiga PlayTV) que irá se chamar “Reinvenção”, como será essa atração?

Será lindo, humano, relevante, bem editado e com uma bela fotografia, não vejo a hora da estreia. 

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Em 18/10/2019, você foi agredido após ter realizado um show de comédia em Marília (SP), na ocasião você alegou homofobia e processou o agressor. Como está o andamento desse processo? 

Engatinhando, como qualquer ação judicial no Brasil, mas não está parado (risos).

Foi a primeira vez que você sofreu uma agressão física motivada por homofobia?

Não, mas espero que seja a última, mas depois de adulto, foi a primeira, a mais surpreendente, inesperada e violenta.

Falando sobre polêmicas… em 2019, você se tornou alvo de uma confusão quando fez uma brincadeira chamando um grupo de turistas de “pobres cafonas” em Arraial do Cabo. Muitos internautas criticaram a sua postura…

Eu acho que muita gente não tem autoironia e acho que muitas pessoas causam demais e gastam energia a toa. 

Como você lida com os haters? Bloqueia, ignora ou responde?

Sabe que já tive mais? Hoje quase não tenho. Às vezes respondo, outras ignoro, mas se for muito forte, vou quebrando a pessoa até ela me bloquear e não o contrário. 

Na época da rádio JP, constantemente você comentava sobre suas aventuras sexuais, às vezes até dando nomes. O Evandro Santo é um homem muito sexual?

Já fui mais primitivo (risos), acho que os aplicativos deixaram as pessoas menos sensuais, menos interessantes e mais inseguras. Goza-se mais com a imaginação do que com o real, às vezes entro, mas minha paciência não me permite dar muita corda (risos). 

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Você já “pegou” muitos famosos?

Na verdade não, poucos. 

Falando um pouco sobre o seu passado, é verdade a história que quando você deixou Uberaba rumo a SP ainda adolescente, que você acabou sendo ajudado por um assaltante que te levou para morar com ele e vocês acabaram namorando/ficando juntos durante dois anos? Foi um relacionamento em que a necessidade falou mais alto que o sentimento? 

Fui sim ajudado por um assaltante louco, mas nunca namorei com ele, aliás, nosso contato foi de no máximo um mês. 

Ainda sobre o passado… como é a sua relação com a sua mãe hoje? Você ficou muitos anos sem vê-la e a reencontrou somente quando foi a Uberaba para fazer uma matéria para o Pânico, foi isso?

Sim, o documentário acabou nos aproximando de vez e hoje somos grudados até demais, (risos).

Você sempre foi bastante transparente em relação a sua vida pessoal, inclusive já tendo admitido o consumo exagerado de drogas durante uma fase (já adulto) de sua vida. Como conseguiu superar o vício? Foi durante um período que você estava na rádio né. 

As drogas entraram quando eu tinha 29 anos, bem antes da rádio que entrei com 32, e elas se intensificaram por vários acontecimentos péssimos em efeito dominó. Não tem jeito, é um dia após o outro, tem que negociar, nunca subestimar.

Pra finalizar a entrevista, o que o isolamento social tem ensinado a você?

Que sou um excelente faxineiro, que consigo delegar menos, que falo mais diretamente com contador, advogado, gerente de banco. E que tudo isto nos mostra o quão dependentes um dia outros somos, o quanto estávamos isolados antes, sem perceber, e o quanto o essencial vai vir com tudo e para ficar.  

Evandro Santo nas redes sociais:
Instagram: instagram.com/evandrosanto
Facebook: facebook.com/EvandroSantooficial
Youtube: youtube.com/user/SanttoEvandro




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