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O paranaense Hugo Bonemer (33) ganhou grande repercussão na mídia em março de 2018 após ceder uma entrevista ao programa “TV Fama”, da Rede TV. Na época, o ator protagonizava um musical sobre Ayrton Senna e havia sido questionado pelo repórter se sua namorada era do meio artístico. “Não; é ele, é um ator”, respondeu Bonemer, com muita naturalidade.

“As palavras têm a leveza do vento e a força da tempestade”, já dizia seu xará Victor Hugo. Esse outing não planejado durante a entrevista repercutiu em todos os principais portais de notícias e, obviamente, foi muito celebrado pela comunidade LGBT+. Acostumado a representar personagens nos palcos, o ator, dublador, apresentador e músico passou a representar uma comunidade inteira de um dia para o outro.

Hugo começou a ser seguido por milhares de pessoas em suas redes sociais e, antes noticiado como “primo do jornalista William Bonner”, rapidamente se descolou da referência do parente famoso e se tornou um ídolo nacional de ativistas das mais diversas áreas. 

Atualmente um dos maiores influencers gays do Brasil, Bonemer entrega diariamente para o seu público um lifestyle de consumo consciente e forma opiniões que inspiram multidões da classe artística, da comunidade LGBT+ e da política. Bom-humor e militância andam juntos em suas postagens também: em março, prometeu postar um nude caso o público tirasse o Felipe Prior do reality show BBB.

- BKDR -
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Reservado, como todo bom canceriano, o premiado na categoria “Ator Revelação” do Overtrofeu (Portal Overtube em 2014) cedeu um tempo de sua agenda para conversar com a redação do GAY BLOG BR para falar sobre os mais diversos assuntos como a pandemia, a militância e as motivações pessoais deste célebre multiartista.

Foto: Gabriel Felix

Este período de isolamento social tem sido de descanso ou tem trabalhado com algum projeto? Em que você está envolvido? Pretende se envolver com algum projeto pós-pandemia?

Durante a pandemia tenho gravado vídeos indicando o que assistir, alguns públicos nas minhas redes sociais, mas a maioria passa no canal 530 da Claro Net.

Eu li que ao longo de sua carreira você teve que lidar com sucessivas negativas em testes de publicidade, algo eu diria até comum no início de carreira de um ator, mas até que ponto essas negativas te afetava? Chegou em algum momento cogitar a voltar a trabalhar com Comércio Exterior?

As negativas me afetam até hoje, mas eu fui bastante teimoso até conseguir encontrar uma segurança financeira na profissão. Hoje estou envolvido em áreas diferentes no raciocínio de que onde pinga sempre, mesmo que pouco, nunca falta.

Você fez Confissões de Adolescente (o filme), a série foi de uma época pré-internet e o filme soube trabalhar essa questão da tecnologia. Entretanto, lendo alguns comentários sobre o filme, as pessoas diziam “confissões de adolescentes ricos”, “Malhação, o filme” e também questionaram a ausência de atores negros. Na sua opinião existe coerência nessas críticas?

Adoraria que o filme fosse totalmente de acordo com o que pedimos hoje, mas me soam críticas atuais para um projeto de nove anos atrás. Os temas abordados na série antiga são diferentes do filme e se a história fosse remontada hoje, sem considerar essas questões como a representatividade negra, estaria errando feio. Feito em 2013, o filme avançou em questões que eram discutidas amplamente na sua época, como sair de uma relação tóxica desconstruindo o amor romântico “pra vida inteira”, o bullying, a natureza das diferentes sexualidades e o tema que gerou mais desconforto – e que fez do filme vanguardista numa produção grande do cinema nacional – que foi a discussão acerca do direito da mulher em decidir manter ou não uma gravidez.

E dublar Freddie Mercury no filme Bohemian Rhapsody? Nas cenas em que o ator canta ao vivo, você também teve que dublar essa parte?

No filme foram usados áudios originais e gravações feitas por um cover canadense especializado. Tem uma ou duas frases minhas cantadas.

Pela primeira vez, um musical se apresentou na Cidade do Rock durante o maior festival de música do mundo (Rock in Rio – Lisboa). Foram cinco apresentações por dia, por sete dias. Não bateu um frio na barriga? Pois sabemos que o público do evento costuma ser bastante exigente e, às vezes, até agressivo, como no caso do show do Carlinhos Brown.

Os portugueses têm uma predisposição a receber bem os brasileiros e os tempos já são outros (ou funcionou a proibição de garrafas dentro do festival). De toda forma, quem nos convence, entendendo as coisas como entendemos hoje, que o problema com o Carlinhos Brown tenha sido apenas estar no “dia errado”? Qual artista branco passou por isso? Anos depois, experiência pra gente, de cantar e dançar no palco mundo do Rock in Rio Lisboa com um musical, foi apaixonante. Muita adrenalina e emoção pros envolvidos. 60 mil pessoas dispostas a se divertir e emocionar. Ao meu lado estavam Ícaro Silva, Thati Lopes, Lyv Ziese e o astro português Isaac Alfaiate.

Foto: Gabriel Félix

Além do veganismo, você também tem militado bastante pela comunidade LGBT, certo? Para você, a comunidade tem enfrentando bem as questões pertinentes ou está desorganizada? Quais pautas são as mais urgentes, no seu ponto de vista?

Destacar uma só pauta como a mais urgente seria ingênuo, porque as necessidades de cada sigla na comunidade são diferentes, posso tentar dizer o que me ocorre na mente agora e deixar que o leitor complete onde eu falhar: inclusão de pessoas trans e pessoas pretas (elas não se sentem parte dessa comunidade); valorização de quem lá atrás abriu caminho pra que a gente desfrute de uma liberdade hoje, ainda que com tantos problemas ainda a ultrapassar; reforçar os conhecimentos científicos acerca da sexualidade, enquanto usarmos “virou gay” em vez de “nasceu gay” a sociedade continuará a nos tratar como ameaça; divulgação de métodos de proteção contra ISTs; uso da lei para crimes de racismo/LGBTfobia em vez de discutir na internet; valorização dos profissionais LGBTs em diversas áreas: compre os produtos, os serviços, a arte e a opinião de quem te representa.

[Sobre os demais assuntos da entrevista, Hugo indica o vídeo do TEDx abaixo]




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