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A Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo, realizada no último dia 11 de junho, contou com inúmeras atrações musicais. Entre elas, a cantora Pepita, um dos destaques no trio da Amstel, a cerveja oficial da festa. Em entrevista ao GAY BLOG BR, a artista falou sobre sua carreira a importância de celebrar as conquistas da comunidade LGBTQIA+ na maior parada do mundo.

Pepita vestiu capa assinada por Vicenta Perrotta no trio da Amstel (Foto: Divulgação)

Acho que não é só o fato de ser uma atração de um trio… Meu corpo está ali, num dia muito especial pra mim e para a minha comunidade. Tenho muito orgulho de ser uma travesti. Mesmo num país que o preconceito continua sendo o meu vizinho e continua me maltratando, magoando. Foi um dia muito especial! Foi um dia de gritar ‘tô aqui e mereço respeito!'”, iniciou Pepita, ao falar sobre a importância de estar no trio da Amstel.

Para a artista, a Parada de São Paulo é um momento de afirmação, de celebrar sua existência e o respeito. “Pessoas iguais a mim chegam até os 35 anos e eu sou tão abusada e tão feliz por eu ter chegado aos 40 anos, mãe de um menino de 1 ano e 6 meses, mesmo sendo travesti. Pra mim, a Parada é um evento que eu desejo que seja sempre cercado de amor e respeito e que essa sopa de letrinhas possa crescer mais e mais e possam vir mais letrinhas”, comenta.

Além de ser um espaço de celebração e luta, a Parada de São Paulo oferece a oportunidade para que artistas LGBTQIA+ possam mostrar os seus talentos. “A música e a arte na comunidade LGBTQIA+ é tudo. As pessoas se mantêm, se sustentam, oferecem emprego para outros, mostram sua arte de um jeito leve e real. A arte, a cultura e a música caminham juntos em nossa comunidade. […] A arte, a música, tem uma chave chamada ‘oportunidade’. […] Só precisa evoluir um pouco, porque muitos artistas independentes não contam com apoio“, pontua Pepita.

- BKDR -
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Pepita na Parada SP (Foto: Divulgação)

Apesar das dificuldades enfrentadas por muitos artistas LGBTQIA+, Pepita foi na contramão disso tudo. “Todas as comunidades que eu ia mostrar a minha voz e todos os meus produtores sempre me respeitaram. Nunca tive dificuldade nenhuma nesse sentido. Sempre fui respeitada no meio do funk e para algumas pessoas este é um lugar muito machista. Mas comigo não foi assim… sou sempre muito bem respeitada até hoje“, relembra a artista.

Mesmo não enfrentando dificuldades, Pepita reconhece que a indústria da música brasileira não é tão inclusiva quando o assunto é artista LGBTQIA+. “Vejo que tem muitos artistas [não LGBTQIA+] que não querem ter vínculo e contato com a comunidade. E aí quando sabem que aquele artista tem potencial pra te levar em algum lugar, aí sim eles querem fazer um casamento, querem fazer uma música, divulgar um trabalho, eles querem seguir com você“, comenta.

Dai começa aquela palavrinha, sabe? Comércio. E vira realmente um produto. Sempre falo que minha bandeira não é um produto, que meu corpo não é um produto e que eu não sou um produto para marca. Sou um ser humano, uma profissional e mereço respeito“, acrescenta a cantora.

Pepita na Parada SP (Foto: Divulgação)

Em conversa com o GAY BLOG BR, Pepita também falou sobre os avanços da comunidade LGBTQIA+ e as batalhas enfrentadas nos dia a dia. “O avanço está bem lento, quase devagar. Entre as maiores dificuldades da gente é conseguirmos entrar num banheiro e não sermos expulsas. É a gente conseguir trocar o nosso nome social e a pessoa entender, compreender e respeitar o que ela está lendo. Sou “ela”. Nunca vou poder ser “ele”. E é isso e acabou”, afirma a artista.

“Tem gente que tem muita dificuldade em respeitar a gente, os nossos corpos. Um exemplo: me respeitarem como mãe. As pessoas têm muita dificuldade nisso ainda. Então eu vejo que ainda há muitos problemas com isso”, complementa Pepita, que é mãe de Lucca Antonio. A artista e seu marido, Kayque Nogueira, adotaram o menino dois dias após o seu nascimento, em 2021.

Sobre ser mãe e conciliar a carreira artística, a cantora disse que esse é um casamento que não pode exigir divórcio. “Eu tô amando essa experiência! No início foi um pouco complicado para mim, mas agora eu tenho meu tempinho pro meu filho e pra minha carreira. A gente consegue fazer esse casamento junto. A minha profissão alimenta meu filho, e a minha profissão me sustenta. Então eu preciso trabalhar, eu preciso me manter e o Luquinha logo logo vai estar aí nos camarins, nos palcos, dividindo junto comigo e só esperando a mãe dele trabalhar para irmos pra casa juntos“, finaliza a artista.

Pepita na Parada SP (Foto: Divulgação)



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