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João Silvério Trevisan, 75 anos, famoso no meio LGBTQIA+ por sua longa trajetória como ativista, escritor, dramaturgo. Autor do livro “Devassos no Paraíso“, publicado em 1986 e relançado em 2018, Trevisan concedeu uma entrevista ao Universa comentando sobre a nova edição de “Seis Balas Num Buraco Só”, lançado originalmente em 1998, e que voltará às livrarias em 2021. No novo trabalho, Trevisan irá focar no comportamento dos políticos que atualmente estão no poder.

“A crise do masculino tomou Brasília. Me impressiona muito porque todos os pontos que analiso no livro estão estampados lá. Jair Bolsonaro [presidente] e o bolsonarismo têm um problema seríssimo com a sexualidade, como quando, ainda no início do seu governo, ele chega para um homem que tem olhos puxados e diz: ‘E aí, é pequenininho?’. Ele acha que ter o falo lhe dá todo o poder possível, e daí vêm suas atitudes agressivas, inclusive a homofobia”

Trevisan também defende que o governo de Jair Bolsonaro é uma “aula de como nasce a homofobia, o ressentimento e a repressão”, fazendo duras críticas ao atual presidente do Brasil dizendo que tanto ele quanto o bolsonarismo “têm um problema seríssimo com a sexualidade”.

“Não estou inventando nada, todos os dias temos comprovações novas. O próprio Queiroz [Fabrício Queiroz, preso recentemente e ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente] disse que o Ministério Público tem uma ‘p*** do tamanho de um cometa para enterrar na gente’, está ligado a fantasias fálicas e anais. O falo é brandido como uma força porque eles vivem uma masculinidade que acha que ter falo lhe dá todo o poder possível. Essa é a base do problema da crise do masculino que está estampada em Brasília.”

Ao longo da entrevista, João Silvério Trevisan também diz que a religião acaba sendo um empecilho para o avanço de direitos, defendendo que mesmo com as transformações sociais ocorridas nas últimas décadas, a cultura heteronormativa mudou pouco desde os anos 70, quando houve a criação do primeiro grupo de defesa dos direitos LGBTs do Brasil, o “Somos“, sendo ele um dos fundadores.

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“Se temos hoje toda uma questão sobre gêneros muito mais avançada, uma conquista extraordinária para analisarmos a relação que temos com nossos corpos, por outro lado tivemos a chamada ideologia de gênero, que é a maneira de se contrapor aos avanços e de criar uma questão que incomoda extremamente essa mentalidade conservadora que ainda permeia nossa sociedade.”

Reprodução

O ativista também diz que a comunidade LGBT melhorou muito ao longo dos anos, e que hoje em dia há uma conscientização política muito maior do que no passado e, para ele, a comunidade hoje em dia está “muito preparada” para o debate.

Por outro lado, Trevisan acredita que o excesso de letras para designas a comunidade “LGBTQIA+“, dificulta o entendimento da sociedade e, ao invés de dar mais visibilidade, acaba confundindo as pessoas e tornando mais difícil a comunicação com o povo.

Por fim, ele também comenta sobre as travestis e pessoas trans, dizendo que ao longo de toda sua trajetória, muito pouco mudou.

“No jornal O Lampião da Esquina [primeira publicação LGBT do país, fundada em 1978, do qual Trevisan fazia parte], a gente denunciava a perseguição que travestis sofriam pela polícia, os assassinatos, a crueldade exercida contra elas. Infelizmente, vemos exatamente essas mesmas coisas acontecendo com elas até hoje.”

João Silvério Trevisan lança livro ‘A Idade de Ouro do Brasil’ nesta quarta




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