GAY BLOG BR by SCRUFF

Advogada trabalhista e previdenciária, Paula Filzek (PDT) concorre a deputada estadual em São Paulo. Lésbica, ela tem 33 anos e mora em Piracicaba (SP). A candidata também tem especialização em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, Direito Previdenciário e em Acidentes do Trabalho e Incapacidades Laborativas.

Paula Filzek, candidata a deputada estadual pelo PDT de SP (Foto: Divulgação)

Apaixonada pela política desde criança, Paula lançou sua candidatura pela “necessidade de ver mais mulheres representando o povo”. Coloquei meu nome à disposição do PDT, para empunhar a bandeira do trabalhismo e ajudar a transformar nossa sociedade, e ser agente de transformação social”, afirma a candidata.

“Aceitei o desafio porque acredito que com um mandato de Deputada Estadual poderei tirar do papel projetos que transformarão a vida das pessoas, através da luta pelos seus direitos. […] Como advogada, atuante, é a melhor forma de atingirmos mais pessoas, com os projetos dos quais luto e defendo diariamente no meu ambiente de trabalho”, acrescenta Paula.

Entre suas propostas, a candidata tem dois focos: inclusão social e direito dos trabalhadores. “Hoje eu sou a representação do novo, da renovação, do jovem e da jovem, das mulheres, das mães, dos trabalhadores, de quem não teve voz e hoje precisa ter e ser representado”, pontua Paula, uma das entrevistadas no especial “Eleições 2022” do Gay Blog BR.

- BKDR -
GAY BLOG by SCRUFF
Paula Filzek (Foto: Divulgação)

Confira na íntegra a entrevista com Paula Filzek

GAY BLOG BR: Qual a sua formação e trajetória profissional?

Paula Filzek: Advogada, atuante na área trabalhista e previdenciária. Sou formada há nove anos, e advogada há sete anos. Especialização em Direito do Trabalho e Processo do Trabalho, Direito Previdenciário, Especialização em Acidentes do Trabalho e Incapacidades Laborativas. Membro da Comissão de Relacionamento da OAB/SP com o TRT 15, Comissão de Direito do Trabalho da OAB/SP, síndica da associação dos moradores do residencial IV do loteamento terras de Piracicaba.

GB: O que motivou a se candidatar?

Paula: Ainda não tenho mandato, mas entrei nessa luta pela minha paixão por política, e a necessidade de ver mais mulheres representando o povo, até porque por trás de todo homem existi ou existiu uma mulher (mãe, vó, esposa, filha).

Sou apaixonada por política desde sempre, e quando criança acompanhei muito a minha em mãe showmícios da época, o que era perfeitamente normal, morávamos no interior de Minas Gerais, e minha mãe sempre esteve muito próxima da política, com políticos, e eu via aquilo e já me imaginava ali, falando com pessoas, ajudando pessoas, sendo a porta-voz de pessoas que precisam de ajuda. Meu sonho. Quando jovem tinha ideologias partidárias com outro partido, mas nunca havia sentido parte de algo ou voz. Antigamente era quase impossível, para não dizer impossível, mulher falar (ser olhada falando sobre isso, ser respeitada pelo que fala, e acima de tudo, ser jovem), então não havia espaço pra mim ali, quando já imaginava deixar esse sonho de lado, conheci o Max, o grande Max, hoje um amigo (pra vida) e parceiro, que me trouxe esse ar novamente, resgatou esse sonho, e me disse que era possível, e eu tinha perfil para aquilo que queríamos ver diferente e fazer diferença, agarrei a ideia.

Coloquei meu nome à disposição do PDT, para empunhar a bandeira do trabalhismo e ajudar a transformar nossa sociedade, e ser agente de transformação social. Sou parte de um time e o partido me escolheu para essa missão. Aceitei o desafio porque acredito que com um mandato de Deputada Estadual poderei tirar do papel projetos que transformarão a vida das pessoas, através da luta pelos seus direitos. Nesse ponto é importante transmitir aos meus eleitores que como advogada, atuante, é a melhor forma de atingirmos mais pessoas, com os projetos dos quais luto e defendo diariamente no meu ambiente de trabalho.

GB: Quais os desafios enfrentados ao ser uma candidatura abertamente LGBT+?

Paula: De pronto as pessoas do nosso País, infelizmente, possuem a cabeça muito fechada, e isso faz com que soframos discriminação e muito preconceito. O maior desafio diário é lidar com a rejeição de várias pessoas dizendo que se não fosse assim até votaria em mim, mas a ideia não é essa, e sim que sejamos aceitos e respeitados, mesmo que eu seja mãe, de 2 crianças, as pessoas discriminam. Meus filhos e família sabem da minha opção, assim como os pais dos meus filhos. Entretanto, quanto candidata e advogada, assumida, sofremos diariamente com os olhares alheios, como se não pudéssemos ser religiosas, interessadas, e políticas.

GB: Quais são as suas principais propostas? Há pautas exclusivamente para LGBT+?

Paula: Terei dois focos principais, o primeiro, inclusão social, buscando resguardar e ampliar os direitos sociais, notadamente o de crianças especiais e portadoras de TEA. O segundo a defesa dos direitos dos trabalhadores, especialmente os funcionários públicos estaduais e os pensionistas do estado, que é a competência mais direta do Deputado Estadual, mas, também, os da iniciativa privada, por exemplo, com a implantação de ações voltadas ao combate ao acidente do trabalho. Também, como advogada, pretendo me colocar à disposição dos advogados e da OAB/SP para ações de interesse da sociedade e da advocacia. Começar nosso trabalho com a criação de centros de referência pelo nosso interior para atendimento de crianças com autismo, necessidades especiais, pelo nosso SUS, lembrando que infelizmente nosso município não possui capacidade de atendimento dessas crianças, e profissionais para esse atendimento, e diminuição de filas de atendimento. Dessa forma será possível relacionarmos o atendimento com o desenvolvimento educacional, razão pela qual é direito de todas as crianças o acesso a saúde e educação pelo nosso Estado. Concomitante, trabalharmos o desenvolvimento profissional dos jovens, com os programas voltados as empresas, possibilitando a criação de vagas de emprego para esses jovens e desenvolvimento das empresas em vários setores em nossa região metropolitana. E não menos importante, trabalharmos com a regularização de áreas de ocupações por famílias de extrema pobreza em nossa cidade, saneamento básico, educação e renda, em conjunto com o representante do executivo na comarca.

Como foco no direito das pessoas com TEA, vou buscar verbas para a implantação de projetos que visem a melhoria da qualidade de vida de crianças, jovens e adultos autistas. Buscando recursos para entidades do 3° setor. Algumas destas entidades têm relatado que a Prefeitura de Piracicaba as abandonaram, cortaram verbas e estão com dificuldades para se manterem. Algumas, relataram ainda que, muitas vezes, o recurso que deputados têm enviado é disponibilizado para a Prefeitura e esta demora demasiadamente para repassar às entidades. Nossa proposta é ajudar que essas entidades se estruturem para receberem diretamente a verba sem que ter a prefeitura como intermediária. E aqui explico o porquê o eleitor deve votar em mim, inicialmente, porque como cidadã acredito na necessidade de renovação e aumentar a representatividade feminina nos cargos ocupados por eles, seja na ALESP, Prefeitura, Câmara dos Vereadores, Congresso Nacional, e Presidência. Os demais pontos, evidentemente, são pelos projetos dos quais eu defendo diariamente, como advogada atuante, e precisamos tirar do papel, nesse caso as condenações do judiciário e levar para o legislativo. Sou, das opções de Piracicaba, a pessoa mais indicada, sou mulher, sou jovem, é minha primeira participação, e possuímos o ar da renovação necessária que Piracicaba precisa, vez que esta sendo representada pelas mesmas pessoas por pelo menos 24 anos já.  Votar, em pessoas que podem nos representar, e representar as propostas e projetos dos quais defendemos é um ato de cidadania, e claro, o mais importante, dar a opção de escolher os representantes que têm maior capacidade de gestão e representatividade. Hoje eu sou a representação do novo, da renovação, do jovem e da jovem, das mulheres, das mães, dos trabalhadores, de quem não teve voz e hoje precisa ter e ser representado.

GB: Quais medidas você acredita serem necessárias para combater a LGBTfobia?

Paula: Politicas Públicas, nas escolas, da educação básica até o ensino médio, além das campanhas educativas de conscientização ao combate a discriminação sexual e racial. Entendo que a educação vem de berço, entretanto, quando não há respeito dentro das casas dos Brasileiros, a educação nas escolas, por meio de professores, é o segundo responsável pela conscientização desses jovens. Precisamos, ainda, criar campanhas destinadas aos adultos, para que seja possível ensinar, por meio de conscientização, que não se pode ter preconceito das pessoas pelo gênero, raça, e orientação sexual.

GB: O que você pensa sobre o uso e políticas da PrEP?

Paula: Antes, é importante que TODOS, saibam acerca dos números das pessoas infectadas pelo HIV no Brasil, e digo todos, porque não depende de gênero, raça, e opção sexual (as pessoas precisam se conscientizar que homens heteros contaminam suas esposas com o vírus HIV, e que ele não é algo que atinge apenas os homossexuais e suas diversidades). 1 pessoa a cada 15 minutos é infectada pelo vírus HIV, um número relativamente alto, levando em consideração as formas de proteção para um sexo seguro existentes hoje. Passada a questão da infeção pelo vírus, os Brasileiros precisam, também, saber o que é PrEP, e segue uma breve explicação: “PrEP” é a Profilaxia Pré-Exposição ao HIV. A ideia é que as pessoas tomem um medicamento para evitar uma infecção caso ocorra exposição ao vírus da Aids. Para isso, é necessário ingerir, diariamente, uma pílula que contém dois medicamentos (tenofovir e entricitabina) capazes de agir nas enzimas do HIV. Diante dessa explicação, do ponto de vista da saúde pública, acho que é um importantíssimo passo para o Brasil, e ainda, fornecido pelo SUS, o que não será exclusividade de uma classe social mais beneficiada e dos ricos.

GB: Como você avalia o governo de Bolsonaro?

Paula: De todos os governos, desde a CF de 1988, o pior governante. Beira a insanidade e tirania. Essa conduta dele, em relação ao nosso País, se dá em razão a formação militar dele, ou seja, não é uma pessoa que possui conhecimento de politicas publicas e gestão, mas sim, gestão de guerra. Precisamos respeitar a diversidade, e o governo dele não respeita a diversidade e as mulheres. A minha avaliação é de que houve diversas falhas no governo dele, inclusive no trato com as diversidades do Brasil. Gay e Lésbicas sabem e entendem sim sobre politicas e sobre politicas publicas.

GB: Gostaria de deixar alguma mensagem para a população Paulista?

Paula: Que é possível acreditar no novo, que é possível, sim, ser representado por uma mulher jovem, com o desejo de mudar e renovar.  Às minhas amigas mães, trabalhadoras, vocês são as vozes capazes de mudar a estrutura política existente, e se fazerem representar por uma mulher, como vocês, guerreira e forte, com vontade de lutar e trabalhar.  Aos Jovens, vocês são as vozes do nosso futuro, o espelho do amanhã, vamos acreditar na renovação e representatividade de uma mulher com vontade de falar por vocês e para vocês. Aos meus amigos trabalhadores, que lutam, e estão cansados da velha política, venham me conhecer, e conhecer as minhas propostas, elas são importantes para vocês e suas famílias, é que poderá renovar o que não tivemos em 24 anos ou mais. Eu acredito na renovação.

Confira a lista de candidaturas LGBTQIA+ de 2022 neste link

Lista de candidatos LGBTQ+ nas eleições 2022 | Deputados, Senadores, Governadores




Junte-se à nossa comunidade

Mais de 20 milhões de homens gays e bissexuais no mundo inteiro usam o aplicativo SCRUFF para fazer amizades e marcar encontros. Saiba quais são melhores festas, festivais, eventos e paradas LGBTQIA+ na aba "Explorar" do app. Seja um embaixador do SCRUFF Venture e ajude com dicas os visitantes da sua cidade. E sim, desfrute de mais de 30 recursos extras com o SCRUFF Pro. Faça download gratuito do SCRUFF aqui.

Jornalista gaúcho formado na Universidade Franciscana (UFN) e Especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)