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Morreu, neste dia 14 de março, o policial militar trans gay Paulo Vaz, 36, conhecido também pelo apelido Popo Vaz. Nascido em Belo Horizonte, Vaz vivia em São Paulo e os boatos de seu falecimento começaram a circular no Twitter, nesta tarde de segunda-feira, e a confirmação foi dada pelo colunista Fefito, no Instagram.

Popo Vaz - Reprodução
Popo Vaz – Reprodução

“Na minha vida, Popó foi um raio, desses que ilumina tudo ao seu redor. Tenho certeza de que na vida de todos os nossos amigos também. Nos últimos meses, a gente ficou tão próximo, tão junto. E eu tive o conforto de que tinha ganhado um amigo pra vida toda. Que me mandava as mensagens mais engraçadas e era o melhor companheiro de rolês. Falei muito que te amava. Queria ter falado mais. Porque todo amor do mundo era pouco pra você. Porque você importava demais. Popó será sempre uma história muito feliz a ser contada. A história de alguém que superou as maiores adversidades, as maiores barreiras, cheio de amor no coração. Popó é pra sempre”, disse Fefito no Instagram.

Paulo Vaz - Reprodução
Paulo Vaz – Reprodução

Já a Associação Nacional de Travestis e Transexuais, ANTRA, emitiu uma nota de pesar se solidarizando com familiares de Popo e também marido dele, Pedro Henrique Mendes Castilho (Pedro HMC), do canal “Põe na Roda”. A Associação também alertou sobre os cuidados necessários com a saúde mental, em especial perante a realidade de pessoas trans: “Cuidar da saúde mental é um compromisso diário que devemos manter, especialmente as pessoas trans“.

Paulo Vaz (Reprodução)
Paulo Vaz (Reprodução)

Via Twitter, Fefito diz que o marido, Pedro HMC está bem, está entre amigos e longe do celular. “Estamos lidando com toda a parte burocrática por aqui”, disse o jornalista. O enterro de Popo deve ser em Minas Gerais, a pedido da família.

TRANS DESDE CRIANÇA

Paulo Vaz concedeu uma entrevista ao G1, no dia 14 de julho de 2018, explicando como foi ser uma criança trans e que ele só foi saber a possibilidade da transição aos 25 anos.

“Eu sempre fui diferente. Sentia uma angústia o tempo todo. Fui uma criança bem masculina. Tem criança feminina que se identifica com o universo masculino, mas é mulher mesmo. Eu não me sentia assim. Na adolescência, quando começaram a nascer os seios, comecei a me sentir mais desconfortável. Eu queria ser homem, mas na época não sabia que isso existia. Tinha medo das pessoas acharem que eu era doido se dissesse isso”, contou Paulo.

“Fui olhar vídeos de meninos [trans] tomando testosterona e via a transformação no corpo deles em dois, três meses. Falei ‘Meu Deus, eu sou isso, sou homem trans’. Até amadurecer a ideia foram uns seis meses, porque eu estava prestando o concurso na polícia. [Pensei] deixa eu passar [no concurso], e depois vejo o que faço”, disse.

“Hoje eu me olho no espelho e não tem mais aquela angústia. Estou onde eu queria estar profissionalmente. Me sinto realizado. Faltam algumas coisas ainda para chegar aonde quero, mas estou no caminho”, concluiu.

A transição de gênero de Popo iniciou enquanto ele passava pelo processo seletivo para ser investigador de polícia, e ele explica que há diversas formas de testosterona, mas que optou pela injetável por trazer resultados mais rápidos.

“Comecei o processo de hormonização, que é tomar testosterona, há dois anos. Tem algumas formas de tomar testosterona, tem a forma em gel, pomada, oral e injetada. O corpo precisa de um pico de testosterona para se masculinizar. Optei pela forma injetada porque faz diferença mais rápido. Começam a aparecer as características de barba, muda a voz. E também fiz a cirurgia de retirada das mamas.”

Morre policial trans Paulo Vaz
Reprodução



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Jornalista formado pela PUC do Rio de Janeiro, dedicou sua vida a falar sobre cultura nerd/geek. Gay desde que se entende por gente, sempre teve desejo de trabalhar com o público LGBT+ e crê que a informação é a a melhor arma contra qualquer tipo de "fobia"