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Professora de História da rede pública do Rio de Janeiro, Andrea Cassa (PSOL) disputa uma vaga de deputada federal pelo estado onde leciona. Assessora parlamentar e ativista, ela é lésbica, mãe e tem 56 anos. Em conversa com o Gay Blog BR, a candidata falou sobre suas propostas no especial “Eleições 2022“.

Andrea Cassa, candidata a deputada federal pelo PSOL do RJ (Foto: Reprodução/ Instagram)

Dirigente e representante sindical há quase três décadas, Andrea também atua como  assessora parlamentar, na Câmara de Vereadores e Assembleia Legislativa do RJ, há 25 anos. No entanto, sua trajetória política inicia em 1980, junto ao movimento estudantil.

“Nesses mais de 40 anos de ativismo político, seja no movimento estudantil, nas salas  de aula, ou nos gabinetes do legislativo, sempre lutando em defesa da escola pública,  dos profissionais de educação e dos servidores públicos para a parcela da população  que mais precisa”, afirma a candidata.

Seu nome como deputada federal surgiu após inúmeras indicações. “Em 2021, muitos companheiros, dentro e fora do PSOL (partido que ajudei a construir) me  procuraram, pois entenderam que era a hora de uma candidatura do nosso campo de  atuação política – em defesa da educação PÚBLICA – e que meu nome havia sido ‘eleito’ para a tarefa”, conta Andrea.

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Agora, já como candidata a deputada federal, ela diz que seu compromisso é “zelar pela defesa do Estado Laico, democrático e de direito” e “promover cidadania dos diversos grupos sociais vulneráveis: LGBTQIA+, negras  e negros, pessoas com deficiências, em situação de rua, migrantes e refugiados”.

Andrea Cassa (Foto: Reprodução/ Facebook)

GAY BLOG BR: Qual a sua formação e trajetória profissional?  

Andrea Cassa: Sou Professora de história – “do chão da escola das redes estadual e municipal”—, dirigente e representante sindical há quase três décadas, e também, atuando como  assessora parlamentar, na Câmara de Vereadores e ALERJ, há 25 anos. Mas minha trajetória militante e ativista vem de longe, se inicia em 1980, um ano após  a assinatura da lei da Anistia – ainda sob a repressão da Ditadura empresarial-Militar – quando comecei a atuar junto ao movimento estudantil secundarista na escola em que  estudava no curso de Formação de Professores – Colégio Estadual Heitor Lira (“antigo  Normal”)-, na Penha, bairro do subúrbio carioca. 

Nesses mais de 40 anos de ativismo político, seja no movimento estudantil, nas salas  de aula, ou nos gabinetes do legislativo, sempre lutando em defesa da escola pública,  dos profissionais de educação e dos servidores públicos para a parcela da população  que mais precisa

GB: O que motivou a se candidatar? 

Andrea: Após décadas de atuação política militante com inúmeras contribuições ao sindicato dos profissionais de educação do RJ – SepeRJ – e aos mais importantes mandatos do RJ (Chico Alencar, Molon, Marcelo Freixo, Eliomar Coelho e Paulo Pinheiro), em 2021, muitos companheiros, dentro e fora do PSOL (partido que ajudei a construir) me  procuraram, pois entenderam que era a hora de uma candidatura do nosso campo de  atuação política – em defesa da educação PÚBLICA – e que meu nome havia sido  “eleito” para a tarefa. Outra pessoa importante nessa escolha, foi o Vereador Paulo  Pinheiro, que também atua na defesa intransigente dos servidores públicos, e me convenceu da importância de minha candidatura. Aceitei, orgulhosa, a tarefa

GB: Quais os desafios enfrentados ao ser uma candidatura abertamente LGBTQ+? 

Andrea: São inúmeros. A começar por ser mulher e lésbica. Se até mesmo em um partido  socialista, libertário e democrático, às vezes encontramos dificuldade em nos afirmar,  imaginem na sociedade, em um momento em eu estamos vivenciando uma conjuntura  de ódio, machismos, misoginias, preconceitos e violências a quem pensa diferente da  ordem vigente.  

Se nossa sociedade já é patriarcal com as mulheres cis e héteros, com as mulheres  lésbicas, trans e travestis, é muito pior. Em se tratando de uma mulher negra lésbica e  professora, nem se fala. Sou professora e desde muito cedo assumi minha identidade  de gênero como mulher lésbica. Fui muito discriminada em muitas escolas em que  trabalhei, nas redes privada ou pública

GB: Quais são as suas principais propostas? Há pautas exclusivamente para LGBTQ+?

Andrea: É meu compromisso: Zelar pela defesa do Estado Laico, democrático e de direito; Defender a Educação Pública 100% gratuita, laica, democrática e inclusiva, e lutar pela Revogação do Novo Ensino Médio; Atuar pela revogação da Lei do Teto de Gastos, da Reforma Previdenciária e Trabalhista; Lutar pela taxação das grandes fortunas; Lutar por políticas de Estado a fim de construir, em nível nacional, uma educação  antirracista, de combate à intolerância religiosa e voltada à disciplina da verdadeira  História do Povo Preto

Em relação aos cidadãos LGBTs: Promover cidadania dos diversos grupos sociais vulneráveis: LGBTQIA+, negras  e negros, pessoas com deficiências, em situação de rua, migrantes e refugiados. Lutar contra o preconceito no ambiente escolar afim de evitar a evasão de  estudantes LGBTQIA+, sobretudo pessoas trans; Criar programas de escolarização para a inserção no mercado de trabalho e de  combate à exploração sexual; Propor lei que confira às Travestis, Mulheres Transexuais, Homens Trans,  Intersexo e Pessoas não Binárias o direito à identidade de gênero, conforme  determinação de decisão do STF; Elaborar projetos de lei, assegurando cotas afirmativas para pessoas LGBTs em  concursos e bolsas de estudos em todos os níveis de ensino; Elaborar projetos de Lei que versam sobre Direitos de todas as famílias, tais  como casamento civil, adoção, herança, previdência, entre outros. 

GB: Quais medidas você acredita serem necessárias para combater a LGBTfobia? 

Andrea: Políticas públicas! O Estado brasileiro tem total responsabilidade sobre a vida de seus  cidadãos, é preciso dar segurança e criar condições de vida digna. È preciso criar  programas sociais e políticas públicas para que toda a sociedade aprenda a conviver e  respeitar a população Lgbt. Apenas com a mão pesada do Estado, com investimentos  pesados em educação, saúde, geração de emprego e renda, política de cotas e um  programa de renda mínima, conseguiremos existir com mais segurança e cidadania. A  cultura de ódio e preconceito precisa ser combatida com políticas públicas

GB: O que você pensa sobre o uso e políticas da PrEP? 

Andrea: Acredito ser uma excelente política pública de prevenção provada e aprovada  cientificamente, e disponibilizada pelo SUS. A PrEP tem uma eficácia comprovada de  98% de prevenção ao HIV. Creio que o que falta são campanhas públicas e de massa,  veiculadas nas grandes mídias e redes de TV e Rádio, redes sociais, impulsionadas  pelos governos federal, estadual e municipal, para que toda a população entenda que  se não usar preservativos também estará exposta a outras IST.  

Tais campanhas precisam chegar às escolas e universidades, entrar nas casas, toda a  sociedade precisa estar informada sobre riscos e a necessidade do uso de preservativo.

GB: Como você avalia o governo de Bolsonaro? 

Andrea: Não há um governo Bolsonaro; há um antigoverno e um antipresidente. É de longe o  pior governo da história republicana do Brasil. Não tem um projeto de governo que  tenha apresentado a não ser o arrocho salarial dos servidores públicos e dos  trabalhadores da iniciativa privada também. Privatizou empresas nacionais  importantes, a concentração de renda aumentou em seu governo, voltamos ao mapa  de miséria da ONU, mais de 600 mil morto durante a Pandemia (dados oficiais, porém  sem testagem em massa para saber qts vidas foram deixadas morrer), corrupção com  verba pública da Educação (escândalo das barras de ouro dos pastores com Ministro  da Educação). Desmontou todas as políticas de caráter sociais e acabou com a previdência dos servidores… não tem absolutamente nada que pudéssemos elogiar

Confira a lista de candidaturas LGBTQIA+ de 2022 neste link.

Lista de candidatos LGBTQ+ nas eleições 2022 | Deputados, Senadores, Governadores

 




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Jornalista gaúcho formado na Universidade Franciscana (UFN) e Especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)