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Jornalista e filósofo, Diego Xavier (PSB) é gay, tem 37 anos e disputa uma vaga como deputado estadual do Paraná. Morador de Curitiba (PR), ele é coordenador da Aliança Nacional LGBTI+ no Estado e um dos entrevistados do Gay Blog BR no especial “Eleições 2022“.

Diego Xavier, candidato a deputado estadual pelo PSB do PR (Foto: Divulgação)

Diego já atuou em pastorais sociais, onde desenvolveu projetos voltados aos direitos sociais, humanos e o direito à terra. Como jornalista, atuou em alguns veículos de comunicação do Paraná e já foi assessor de imprensa da bancada do Partido dos Trabalhadores (PT) em Curitiba. Em um período na Europa, trabalhou em uma cooperativa que visa a empregabilidade de estrangeiros e da comunidade LGBTI+.

A decisão de entrar na política é para, de acordo com o candidato, é para “lutar contra todo o retrocesso que vem ocorrendo na Assembleia Legislativa do Paraná com relação as pautas, direitos e lutas LGBTI+. A maior motivação é a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e digna para todas as pessoas”.

Suas propostas seguem eixos da segurança pública, saúde pública, emprego e renda, economia criativa e inovação, educação e cultura, meio ambiente e proteção animal. Já em relação a comunidade LGBTI+, Diego pauta a “criação do Tripé da Cidadania LGBTI+, do Conselho Estadual LGBTI+ (órgão articulador e executor de políticas públicas LGBTI+) […]; e a criação da Casa de Acolhida nas regionais do estado, que chamamos de projeto ‘Casa Gilda'”.

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Diego Xavier (Foto: Divulgação)

GAY BLOG BR: Qual a sua formação e trajetória profissional?

Diego Xavier: Sou formado em Jornalismo e em Filosofia. Atuei em pastorais sociais, trabalhando como secretário da Comissão Pastoral da Terra, desenvolvendo trabalhos e projetos em prol dos direitos sociais, humanos e o direito à terra, como também na área de comunicação da Pastoral da Criança de Londrina, buscando contribuir para o fim da fome e da desnutrição infantil, objetivos maiores da Pastoral da Criança.

Como jornalista, atuei em veículos de comunicação de relevância no Paraná, também fui assessor de imprensa da bancada do Partido dos Trabalhadores e do líder do governo municipal na Câmara de Vereadores de Curitiba. Na Assembleia Legislativa do Estado do Paraná (Alep) trabalhei como assessor de comunicação.

Em período de experiência na Europa, trabalhei na Quay Co-op (cooperativa que visa a empregabilidade de estrangeiros e da comunidade LGBTI+) e, hoje, sou coordenador da Aliança Nacional LGBTI+ no Estado do Paraná, estando presente em importantes diálogos com instituições do Poder Público, Privado e do Poder Social. Também atuo no Conselho do Grupo Dignidade, a primeira ONG do Paraná na defesa dos direitos LGBTI+, instituição que pautou e ajudou conduzir todas as conquistas da comunidade LGBTI+ no Brasil.

GB: O que motivou a se candidatar?

Diego: Nos últimos anos, sempre estive envolvido na política na luta dos direitos LGBTI+. Fui pré-candidato para à Prefeitura de Curitiba em 2020 e, este ano, decidi concorrer ao cargo de Deputado Estadual para lutar contra todo o retrocesso que vem ocorrendo na Assembleia Legislativa do Paraná com relação as pautas, direitos e lutas LGBTI+. A maior motivação é a construção de uma sociedade mais justa, inclusiva e digna para todas as pessoas.

GB: Quais os desafios enfrentados ao ser um candidato abertamente LGBTI+?

Diego: Vários! Começando pela financeira. Enquanto os políticos com anos de experiência recebem valores altos para suas campanhas, nós LGBTI+ percebemos que somos esquecidos nesse aspecto. É fato que outro desafio é inserir nos eleitores LGBTI+ a importância de votarem em um candidato LGBTI+, pela representação, luta e resistência política. Não temos na história do Paraná, deputado/a estadual abertamente LGBTI+ e, por conta disso, muitas políticas públicas necessárias para a comunidade, são descartadas e tiradas de contexto por políticos fundamentalistas.

Sem falar nos ataques homofóbicos na rua, nas redes, por uma pequena parte da sociedade que, muitas vezes, é estimulada por políticos a atacar as candidaturas LGBTI+, ainda mais em período do bolsonarismo.

GB: Quais são as suas principais propostas? Há pautas exclusivamente para LGBTI+?

Diego: Temos uma série de propostas em diversas áreas, entre elas da Segurança Pública, Saúde Pública, Emprego e Renda, Economia Criativa e Inovação, Educação e Cultura, Meio Ambiente e Proteção Animal e, claro, a Cidadania LGBTI+. No nosso plano de metas e lutas há uma vertente somente para a Cidadania LGBTI+. Queremos lutar pela criação do Tripé da Cidadania LGBTI+, do Conselho Estadual LGBTI+, da Coordenação LGBTI+ (órgão articulador e executor de políticas públicas LGBTI+) e de orçamento para o desenvolvimento das pastas; pela criação da Casa de Acolhida nas regionais do estado, que chamamos de projeto “Casa Gilda, e fortalecimento da atenção à população LGBTI+ nos serviços públicos, por meio da capacitação de agentes públicos e divulgação de campanhas de respeito à identidade de gênero e orientação sexual.

Criação de casas de acolhimentos para LGBTI+ nas diferentes regionais do estado do Paraná, com estrutura de apoio psicossocial, para jovens que são jogados nas ruas por preconceito de seus famílias, oferecendo atendimento social, psicológico, saúde, educação, judicial, vínculos familiares, reinserção no mercado de trabalho, entre outros. O nome “Casa Gilda” seria uma homenagem para a falecida travesti Gilda, paranaense e moradora de rua de Curitiba, que ficou conhecida nas décadas de 70 e 80 por ser irreverente e uma figura marcante, com várias histórias de violência.

 GB: Quais medidas você acredita serem necessárias para combater a LGBTfobia?

Diego: Várias. Pela educação, pela Justiça e pelo serviço social. Mas, se eleito, vamos propor a criação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) de Crimes Homofóbicos da Assembleia Legislativa do Paraná, sobre casos de homofobia e homotransfobia no estado, com levantamento de dados, das falhas do estado no atendimento dos casos e dos problemas de tratativas junto da Justiça, com colhimento de depoimentos de autoridades e cidadãos, sobre a visão a respeito dos serviços e políticas públicas oferecidos pelas instituições ligadas aos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário direcionados à população LGBTI+, participação de movimentos sociais e da Justiça Paranaense. Além disso, precisamos que a Segurança Pública registre o crime de homofobia sejam registrados nos Boletins de Ocorrência.

GB: O que você pensa sobre o uso e políticas da PrEP?

Diego: Deve ser incentivada, mas não banalizada. O PrEP deve ser um projeto de política pública bem enbasado, alinhado com uma comunicação e orientação do seu uso, pelo estado. Pesquisas e a ciência já mostram o quanto isso ajuda não só na prevenção de possíveis infecções, mas em uma conscientização da comunidade. Importante também deixar bem claro em campanhas e políticas públicas que o PrEP deve ser usado junto com preservativos e outros meios.

GB: Como você avalia o governo de Bolsonaro?

Diego: O pior que já existiu na história do Brasil. O Governo Bolsonaro não representa só um regresso nas políticas públicas de Cidadania LGBTI+. Representa um regresso na saúde, na educação, na segurança, no meio ambiente, no social, na economia, no desenvolvimento. É a representação do atraso, do ódio, do que existe de pior na política.

GB: Quais as suas propostas para a empregabilidade e melhor renda?

Diego: Lutar incansavelmente como parlamentar pelo combate a fome, pela dignidade humana e por uma melhor distribuição de renda. Discutir e apoiar políticas públicas que estimulem a geração de empregos, de acordo com cada regionalidade e potencial econômico dos municípios, para todos os tipos de famílias. Apoiar a desburocratização dos incentivos fiscais para o estímulo da geração de postos de trabalhos nas micro e pequenas empresas, responsáveis por 83% dos empregos no Paraná.

Entre as propostas temos o Paraná Mais Empregos, que determina que a cada certo número de novos postos de empregos gerados, a micro ou pequena empresa ganhará descontos nas contas relacionadas ao IPVA de automóveis registrados no CNPJ da empresa. E especialmente para a comunidade LGBTI+, projetos como o da Licença-Maternidade e Paternidade LGBTI+, que concede no Estado do Paraná a licença-maternidade e licença paternidade para ambas as mães ou pais LGBTI+ por um tempo igualitário aos casais heterossexuais em caso de adoção ou por geração acordada. Bem como o TransFormAção Paraná, que determina que empresas beneficiadas em contratos com o Estado do Paraná acima de determinado valor, mantenham um mínimo de 3% de vagas de trabalho para pessoas transexuais e travestis.

Confira a lista de candidaturas LGBTQIA+ de 2022 neste link.

Lista de candidatos LGBTQ+ nas eleições 2022 | Deputados, Senadores, Governadores




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Jornalista gaúcho formado na Universidade Franciscana (UFN) e Especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)