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Caio Faiad (PSOL), de 35 anos, disputa uma vaga como deputado estadual em São Paulo. Pesquisador em Educação e divulgador científico, ele integra a candidatura coletiva Em Todas as Lutas. O candidato é gay e mora em São Vicente (SP).

Caio Faiad, candidato a deputado estadual pelo PSOL de SP (Foto: Divulgação)

Formado em Química Ambiental e Letras, mestre em Química e doutorando em Ensino de Química, Faiad é professor e lecionou em escolas e universidades públicas e privadas. “Como a propagação das fakes news científicas pela atual gestão federal, ocupei as redes sociais com um projeto de Divulgação Científica”, conta.

“Coloquei meu nome a disposição do partido para fazer o enfrentamento ao bolsonarismo em relação ao descaso com as universidades públicas e as instituições de pesquisa no Estado de São Paulo”, comenta o candidato sobre disputar as eleições de 2022.

Entre as propostas da candidatura coletiva, ele destaca “a capacitação de profissionais para elaboração de protocolos de Saúde Integral LGBTI em todas regiões do Estado de São Paulo, hoje só a capital possui esse protocolo”

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“Na parte que me coube nessa construção, focalizei o nosso olhar para Educação e Ciência. Defendemos a redução de alunos por sala de aula para que o professor possa se dedicar mais aos alunos, defendemos também o aumento da alíquota do ICMS: 11,6% das universidades estaduais paulistas e 3,3% para o Centro Paula Souza”, diz o candidato que é um dos entrevistados no especial “Eleições 2022” do Gay Blog BR.

Caio Faiad (Foto: Divulgação)

Confira na íntegra a entrevista com Caio Faiad

GAY BLOG BR: Qual a sua formação e trajetória profissional?

Caio Faiad: Sou formado em Química Ambiental (Ibilce-UNESP) e em Letras (FFLCH-USP). Mestre em Química (IQ-Unicamp) e doutorando em Ensino de Química (PIEC-USP). Sou professor de Química e lecionei em escolas e universidades públicas e privadas. Como a propagação das fakes news científicas pela atual gestão federal, ocupei as redes sociais com um projeto de Divulgação Científica. Cheguei até a participar do projeto TikTok Educação. Outro projeto que muito me orgulho de participar é a Revista BALBÚRDIA organizada de forma coletiva com outros discentes do Programa de Pós-Graduação Interunidades de Ensino de Ciẽncias da USP.

GB: O que motivou a se candidatar?

Caio: Hoje o Estado de São Paulo possui cinco unidades prisionais sendo construídas, mas nenhuma universidade. Ao mesmo tempo, estamos em um ambiente de negacionismo científico. Vimos na pandemia a importância da Ciência. Coloquei meu nome a disposição do partido para fazer o enfrentamento ao bolsonarismo em relação ao descaso com as universidades públicas e as instituições de pesquisa no Estado de São Paulo

GB: Quais os desafios enfrentados ao ser um candidato abertamente LGBT+?

Caio: Enquanto pesquisador negro, considero muito importante a questão da interseccionalidade conforme nos ensina Angela Davis. A sociedade brasileira é forjada no pensamento eurocentrado que fragmenta o conhecimento, que fragmenta o ser humano. Essa fragmentação também é promovida pelo sistema capitalista, a qual defendo superação. Eu sou negro, sou favelado, sou gay, sou cientista, sou anticapitalista, sou tantas outras coisas. O desafio é fazer as pessoas me perceberem como um candidato pleno e não só como o candidato gay. Não que eu acredite que seja um problema ser candidato gay, já fui capa da matéria da UOL com as minhas belas unhas azuis, mas eu tenho profissão e uma longa jornada de luta por políticas públicas de acesso e permanência estudantil nas universidades que passei: USP, Unesp e Unicamp. O meu fazer política também engloba essas questões.

GB: Quais são as suas principais propostas? Há pautas exclusivamente para LGBT+?

Caio: A nossa candidatura coletiva se chama ‘Em Todas As Lutas’ e temos propostas na moradia, na cultura, etc… todas elas com propostas específicas da comunidade LGBTQIA+. Por exemplo, na saúde, como a capacitação de profissionais para elaboração de protocolos de Saúde Integral LGBTI em todas regiões do Estado de São Paulo, hoje só a capital possui esse protocolo.

Na parte que me coube nessa construção, focalizei o nosso olhar para Educação e Ciência. Defendemos a redução de alunos por sala de aula para que o professor possa se dedicar mais aos alunos, defendemos também o aumento da alíquota do ICMS: 11,6% das universidades estaduais paulistas e 3,3% para o Centro Paula Souza. No que tange a comunidade LGBTQIA+, na Educação Básica destaco o compromisso de criação de um programa Escola sem LGBTfobia para que diminua a evasão de crianças e adolescentes LGBTTs das unidades escolares e no Ensino Superior a implementação da cotas para pessoas pessoas trans na graduação e na pós-graduação para que haja mais travestis e homens trans formades e, quem sabe, cientistas.

GB: Quais medidas você acredita serem necessárias para combater a LGBTfobia?

Caio: Penso que a equiparação da homofobia e transfobia ao crime de racismo é uma medida importantíssima para o combate a LGBTfobia. Porém, vivemos em um país em que as pessoas cometem crimes de racismo e o sistema judiciário registra como injúria racial. Esse paralelo nos mostra que apenas a equiparação na lei não é suficiente. Temos sim que responsabilizar as pessoas pelos crimes que cometem contra a comunidade LGBT, mas podemos também usar essa lei para cobrar do Estado e dos municípios ações formativas mais amplas.

No Estado de São Paulo inteiro há uma profusão de relatos de homotransfobia pelos representantes do Estado como a GCM e até dos motoristas do transporte público. Uma vez que a homofobia e transfobia está equiparada ao crime de racismo, o Estado tem o dever de formar os funcionários públicos para as devidas atenção da nossa comunidade. É por meio da Educação que agiremos para mudança da mentalidade coletiva.

GB: O que você pensa sobre o uso e políticas da PrEP?

Caio: Enquanto cientista, penso que tudo que possibilite o bem-viver das pessoas deve ser implementado pelo Estado. Defendo políticas públicas com embasamento científico. Sou formado em Química e em Letras, quando falo em Ciências falo tanto das Ciências da Natureza quanto das Ciências Humanas. Por isso, compreendo que a partir das pesquisas no campo da Saúde que envolve tanto as questões de eficiência medicamentosa, mas também os impactos das relações interpessoais e sociais são importantes nesse processo de construção de uma política pública de prevenção mas também de promoção de saúde para toda a população. 

GB: Como você avalia o governo de Bolsonaro?

Caio: Um governo nefasto: propaga a violências contra nós LGBTs, contra mulheres, negros, indígenas, quilombolas, defende a degradação ambiental, é negacionista científico, corrupto, enfim… Espero que no dia 02 de outubro todos possam fazer o L não por que com ele seremos um país maravilhoso, mas porque voltaremos a seguir o caminho da justiça social que a duras penas estamos trilhando nesse país. 

Confira a lista de candidaturas LGBTQIA+ de 2022 neste link

Lista de candidatos LGBTQ+ nas eleições 2022 | Deputados, Senadores, Governadores




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Jornalista gaúcho formado na Universidade Franciscana (UFN) e Especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)