Talita Victor (PSOL), de 39 anos, concorre a deputada distrital no Distrito Federal. Moradora de Brasília (DF) e lésbica, ela é cientista política e servidora pública federal. A candidata também tem especialização em Instituições e Processos Legislativos e trabalha profissionalmente há mais de 13 anos.

Militante feminista antirracista, lésbica, ativista LGBT+ e ecossocialista, Talita constrói o PSOL há 17 anos. “Em 2018, fui a segunda candidata a deputada federal mais votada entre as mulheres de esquerda. Nestas eleições, sou candidata a deputada distrital. Mas, sei que o fazer política vai muito além das instituições, dos partidos, das eleições“, conta.
Suas principais propostas são “radicalmente democráticas, feministas, antirracistas, LGBTQIAP+ e ecossocialistas”. “Nos engajamos com propostas efetivas de proposição legislativa, de incidência política e de fiscalização do Executivo de forma a garantir políticas públicas integradas, de qualidade e que priorizem quem realmente deveria ser o foco da ação pública: o povo, em especial, as mulheres, as populações negra, periférica e LGBTQIAP+“, afirma Talita.
No que diz respeito ao combate da LGBTfobia, a candidata lembra da liderança do Brasil nas estatísticas de violência contra a população LGBT+ e diz que “é hora de dar um basta a esta realidade”. “É fundamental investir na promoção da cultura de paz e no respeito à diversidade junto à sociedade, e, também, na capacitação continuada de servidoras/es públicas/os para atendimentos e abordagens humanizadas visando a garantia de direitos”, pontua Talita, uma das entrevistadas no especial “Eleições 2022” do Gay Blog BR.

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Confira na íntegra a entrevista com Talita Victor
GAY BLOG BR: Qual a sua formação e trajetória profissional?
Talita Victor: Sou formada em Ciência Política pela Universidade de Brasília e tenho Especialização em Instituições e Processos Legislativos. Trabalho profissionalmente com política e tenho experiência de mais de 13 anos, na Câmara dos Deputados, onde sou servidora efetiva. Fui assessora parlamentar do Ministério da Saúde, da Liderança do Governo Dilma, da Bancada Feminina e, atualmente, da Bancada do PSOL, que muito me orgulha e com quem aprendo todos os dias.
GB: O que motivou a se candidatar?
Talita: Construo o PSOL há 17 anos e sou sou militante feminista antirracista, lésbica, ativista LGBTQIAP+ e ecossocialista. Em 2018, fui a segunda candidata a deputada federal mais votada entre as mulheres de esquerda. Nestas eleições, sou candidata a deputada distrital. Mas, sei que o fazer política vai muito além das instituições, dos partidos, das eleições. Na universidade, fui uma das idealizadoras do projeto “Política na Escola”, porque acredito que as transformações de que precisamos devem passar pela consciência e protagonismo de toda a população, incluindo crianças e adolescentes.
GB: Qual é a importância de uma candidatura assumidamente LGBT+?
Talita: Amar quem queremos é um direito que deve ser respeitado. Mas, sabemos que a população LGBTQIAP+ é alvo de discriminações e violências apenas por sua orientação afetivo-sexual. Por isso, precisamos de uma bancada LGBTQIAP+ que garanta o respeito e o cumprimento dos direitos já conquistados, e que defenda políticas públicas que promovam a dignidade da população. A população LGBTQIAP+ merece respeito. Nossas famílias existem e toda forma de amor vale a pena! Por mais de nós nos espaços de poder, agora é a nossa vez!
GB: E quais são os desafios enfrentados ao ser uma candidatura abertamente LGBT+?
Talita: Ser abertamente lésbica, sapatão nunca foi fácil em uma sociedade machista e lesbofóbica. Em uma campanha política não é diferente, aliás a visibilidade e o posicionamento público podem nos tornar mais alvo de violência. Mas, esse engajamento com a nossa verdade também nos impulsiona e nos cerca de afeto. Em uma conjuntura em que o discurso de ódio e a intolerância ganham cada vez mais espaço, é fundamental nos posicionarmos e trabalharmos juntas/es/os pela existência e liberdade de nossos corpos na rua e na política.
GB: Quais são as suas principais propostas? Há pautas exclusivamente para LGBT+?
Talita: Nossas principais propostas se voltam para uma mandata radicalmente democrática, feminista, antirracista, LGBTQIAP+ e ecossocialista. Nos engajamos com propostas efetivas de proposição legislativa (com as emendas parlamentares, por exemplo), de incidência política (para colocar na agenda as pautas que nos são caras) e de fiscalização do Executivo de forma a garantir políticas públicas integradas, de qualidade e que priorizem quem realmente deveria ser o foco da ação pública: o povo, em especial, as mulheres, as populações negra, periférica e LGBTQIAP+.
No mais, temos propostas concretas e específicas para população LGBTQIAP+ ao longo de todo o nosso plano legislativo. Exemplos em diversas áreas são: 1) Repúblicas LGBTQIAP+ são uma solução para garantir a dignidade das pessoas que estão sem a segurança de um teto; 2) O atendimento humanizado de pessoas LGBTQIAP+, a exemplo do Ambulatório Trans, passa pela capacitação dos serviços da rede para acompanhamento e encaminhamento; 3) A implementação de um currículo escolar sobre Direitos Humanos, com material didático adequado, contribui para a promoção de direitos e o enfrentamento a discriminações e violências como o sexismo, o racismo, a LGBTQIAP+fobia e o capacitismo; 4) O monitoramento da aplicação do ECA nas unidades de internação do sistema socioeducativo, em especial no que se refere às/aos adolescentes LGBTQIAP+ é urgente; 5) A capacitação continuada de servidoras/es públicas/os das diversas áreas para a sensibilização sobre questões relacionadas aos Direitos Humanos deve ser uma prioridade para se enfrentar as discriminações e violências institucionais, em especial no que se refere ao sexismo, racismo e LGBTQIAP+fobia; 6) Defendemos a garantia do direito à identidade de gênero, sem necessidade de cirurgia de redesignação sexual e com dispensa de laudos, conforme decisão do STF, às travestis, pessoas transgênero, intersexo ou não-binárias; 7) Buscamos a garantir os direitos de todas as famílias (casamento entre pessoas do mesmo sexo ou gênero, adoção, herança, pensão, famílias monoparentais, entre outros direitos); 8) Lutar pela revogação do Estatuto da Família no âmbito do DF; 9) A promoção de iniciativas de cultura que representem a diversidade cultural do DF, privilegiando projetos de mulheres, população negra, LGBTQIAP+, pessoas com deficiência, povos indígenas e quilombolas, é um compromisso nosso; entre outras propostas.
GB: Quais medidas você acredita serem necessárias para combater a LGBTfobia?
Talita: O Brasil têm a infeliz liderança nas estatísticas de violência LGBTfóbica – é hora de dar um basta a esta realidade. É fundamental investir na promoção da cultura de paz e no respeito à diversidade junto à sociedade, e, também, na capacitação continuada de servidoras/es públicas/os para atendimentos e abordagens humanizadas visando a garantia de direitos. Ademais, são necessárias estratégias efetivas de prevenção e de investigação da violência LGBTfóbica, que muitas vezes ocorre organizada em rede, no âmbito da segurança pública e do Sistema de Justiça.
GB: O que você pensa sobre o uso e políticas da PrEP?
Talita: A Profilaxia Pré-Exposição – PrEP é uma política fundamental disponível gratuitamente no SUS para pessoas que podem ter se infectado com o vírus HIV. Trata-se, portanto, de uma política necessária de prevenção à epidemia de HIV/Aids cujo uso evita a infecção, em especial para os grupos de maior risco.
GB: Como você avalia o governo de Bolsonaro?
Talita: Trata-se de um governo péssimo, que retira direitos já garantidos, avança no desmonte do Estado e questiona constantemente as bases da nossa frágil democracia. Abertamente machista, racista, ecocida e LGBTfóbico, implementa políticas de morte, adoecimento, fome, miséria, além de promover a intolerância e a violência.
Confira a lista de candidaturas LGBTQIA+ de 2022 neste link
Lista de candidatos LGBTQ+ nas eleições 2022 | Deputados, Senadores, Governadores
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