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Jornalista e empresário, Matheus Ribeiro (PSDB) disputa sua primeira eleição e concorre a deputado federal em Goiás. Natural de Piracanjuba (GO), o candidato mora em Goiânia (GO), é gay e tem 29 anos. Com mais de 10 anos de carreira na comunicação, foi o apresentador mais jovem a estar na bancada no Jornal Nacional, em 2019.

Matheus Ribeiro, candidato a deputado federal pelo PSDB de GO (Foto: Bruno Karim)

Matheus, que atualmente está a frente de uma agência de publicidade, atuou por dois anos em Brasília (DF) como jornalista. “Isso me fez conhecer de perto como funciona o centro do poder. Fiquei espantado ao reparar o quanto nossos representantes, de forma geral, são alheios aos problemas reais da vida das pessoas”, comenta.

“E após 10 anos de carreira no Jornalismo, estou cansado apenas de denunciar os mesmos problemas e ver a vida das pessoas piorar cada vez mais. Minha disposição agora é trabalhar em busca de soluções”, acrescenta o candidato.

Matheus Ribeiro na bancada do Jornal Nacional (Foto: Divulgação)

Entre suas propostas, Matheus destaca o “desejo trabalhar para melhorar a vida das pessoas” e “o combate à fome e as desigualdades sociais” como sua principal bandeira. “A questão mais emergencial que nós temos no Brasil é sem dúvida o combate à fome, 33 milhões de pessoas vivem em insegurança alimentar, […] esse triste contexto deveria nos indignar todos os dias e nessa medida, a gente tem visto apenas programas sociais com finalidades eleitoreiras” pontua.

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Já em relação a comunidade LGBTQIA+, o candidato ressalta a empregabilidade trans entre suas pautas. “Precisamos criar estratégias de acesso ao mercado de trabalho e profissionalização para as pessoas trans. Para se ter uma ideia, hoje mais de 90% das mulheres trans e travestis só encontram trabalho na prostituição”, enfatiza Matheus, que é um dos entrevistado da semana no especial “Eleições 2022 do Gay Blog BR.

Matheus Ribeiro (Foto: Bruno Karim)

Confira na íntegra a entrevista com Matheus Ribeiro

GAY BLOG BR: Qual a sua formação e trajetória profissional? 

Matheus Ribeiro: Sou natural da cidade de Piracanjuba a 85 km de Goiânia, me formei em Jornalismo pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e tenho uma carreira de 10 anos consolidada na área de comunicação. Iniciei a minha trajetória na TV UFG, passando também pela PUC TV Goiás e pela TV Goiânia Band, onde cobri para todo o país o caso do serial killer Tiago Gomes da Rocha. 

Fui repórter na TV Anhanguera, afiliada Globo em Goiás, e logo assumi o posto de apresentador do Jornal Anhanguera 2ª Edição, atingindo recordes de audiência. Em novembro de 2019 representei Goiás nas comemorações de 50 anos do Jornal Nacional, ancorando a edição do dia 09/11/19. Fui o jornalista mais jovem da história a apresentar uma edição do telejornal de maior audiência do Brasil.

Em abril de 2020, migrei para a Record TV Brasília, onde atuei como editor-chefe e apresentador do telejornal DF Record. Como empreendedor, estou à frente da agência de publicidade M.Ribeiro Comunicação e da produtora Zoombe Filmes sediadas em Goiânia e Brasília

GB: O que motivou a se candidatar?

Matheus: Passei dois anos atuando em Brasília e isso me fez conhecer de perto como funciona o centro do poder. Fiquei espantado ao reparar o quanto nossos representantes, de forma geral, são alheios aos problemas reais da vida das pessoas. E após 10 anos de carreira no Jornalismo, estou cansado apenas de denunciar os mesmos problemas e ver a vida das pessoas piorar cada vez mais. Minha disposição agora é trabalhar em busca de soluções. A política sempre foi algo que me encantou, desde criança. Ao longo do tempo, fui percebendo a relevância que isso tem para a sociedade, o quanto a política é uma força de transformação. 

Por isso, em 2021, fui buscar preparo para esse ingresso na carreira política. Participei de uma seleção com 12 mil candidatos para entrar no RenovaBR e fiquei entre os 150 selecionados. Encontrei conhecimento em uma instituição apartidária, plural, baseada em princípios éticos,  democráticos e humanistas. 

GB: Quais os desafios enfrentados ao ser um candidato abertamente LGBTQ+?

Matheus: Há uma “LGBTfobia internalizada”. Em outras palavras, a dificuldade de convencer até mesmo eleitores LGBTQIA+ de que políticos LGBTQIA+ podem fazer um bom trabalho. Infelizmente, o aumento de candidaturas LGBTQIA+ não significa, automaticamente, que exista um fortalecimento do movimento e o aumento de LGBTs eleitos. O VoteLGBT é uma plataforma que desde 2014 realiza ações para fortalecer a representatividade LGBT, com foco na política. Acredito que damos maior a visibilidade para a comunidade. O efeito se espalha e a pluralidade LGBT dá a oportunidade de mais pessoas se identificarem com as candidaturas.

No entanto, o meu projeto político não é uma questão identitária. Isso me define, mas não me limita. Essa causa é muito importante, não esqueço ela jamais  e defendo uma atuação de parlamentares que lutem com foco na bandeira: “Cumprimos um papel de representação”. Faço parte de uma bancada do orgulho com outros políticos, inclusive opositores. Em junho deste ano, assinei uma Carta Compromisso da Aliança Nacional LGBTQIA+, em Goiânia, assegurando que, caso eleitos, seremos pessoas no parlamento, Assembleia e Câmara Federal, para defender pautas de combate ao preconceito, isso deve ser um compromisso social. Combater o preconceito não é favorecer apenas essa comunidade, é favorecer um mundo mais tranquilo e melhor

GB: Quais são as suas principais propostas? Há pautas exclusivamente para LGBT+?

Matheus: Desejo trabalhar para melhorar a vida das pessoas, destaco o combate à fome e as desigualdades sociais como a minha principal bandeira de campanha. A questão mais emergencial que nós temos no Brasil é sem dúvida o combate à fome, 33 milhões de pessoas vivem em insegurança alimentar, mais de 10% da população do país, esse triste contexto deveria nos indignar todos os dias e nessa medida, a gente tem visto apenas programas sociais com finalidades eleitoreiras. Também vejo muitas necessidades no Entorno do Distrito Federal, a saúde pública e o transporte coletivo são muito ruins e precários. Não há parlamentares com coragem para construir um BRT nessa região. 

É necessária uma forma de fomentar a movimentação de recursos dentro da própria população LGBTQIA+, além da inclusão da comunidade no mercado de trabalho com oportunidades e planos de cargos e salários efetivos. Isso ainda é um desafio muito grande. A empregabilidade trans é um tema que não está sendo debatido de forma mais intensa, precisamos criar estratégias de acesso ao mercado de trabalho e profissionalização para as pessoas trans. Para se ter uma ideia, hoje mais de 90% das mulheres trans e travestis só encontram trabalho na prostituição. Como podemos fazer outras possibilidades de renda além do trabalho informal?

Além disso, defendo propostas como o MEI Social: Criar para categorias específicas, que hoje estão na informalidade, um subsídio do governo para o Microempreendedor Individual (MEI) por 12 meses, para que essa pessoa venha para o mercado formal e esteja amparada pelo INSS, e para que possa ter acesso a linhas de microcrédito para fomentar o seu próprio negócio. Moradia: Investir em projetos para construção de moradias populares de qualidade para garantir que sobre mais comida na mesa das famílias de baixa renda. Infelizmente hoje, a maior parte do baixo salário que recebem vai para pagar aluguel, reduzindo a qualidade de vida e gerando uma eterna insegurança habitacional. Justiça Social: É a raiz dos problemas da educação, da saúde, da segurança, da falta de emprego. É necessário traçar estratégias de curto, médio e longo prazo para que as pessoas possam viver melhor, para que as pessoas possam ter mais dignidade, para que as pessoas possam ser mais respeitadas, para que as pessoas possam ter esperança de que seus sonhos um dia vão se tornar realidade. Mulheres: Investir em políticas públicas de acolhimento para as vítimas de violência doméstica. Capacitar mulheres para o mercado de trabalho, gerando com isso independência financeira, pois a grande maioria são dependentes financeiramente de seus agressores, fortalecendo assim a rede de proteção às mulheres, trazendo mais dignidade para essas famílias. Geração de emprego e renda: Não adianta a gente falar em distribuir riquezas sem geração de emprego, sem geração de renda, sem geração de impostos. Temos hoje ao menos 10 milhões de brasileiros desempregados. Para que isso mude, é necessário investimentos do Estado no que se refere à competitividade, produtividade, desenvolvimento sustentável, ciência, tecnologia, inovação e por fim qualificação profissional, trabalho e empreendedorismo. Meio Ambiente: Reestruturação dos órgãos ambientais e levar investimentos e fiscalização para pequenos municípios que muitas vezes não possuem sequer um órgão regulador. Trabalhar pela preservação, em especial nosso cerrado, que sofre constantemente com queimadas provocadas pelo homem. Educação: Melhorar a remuneração de professoras e professores, e fazer com que o piso salarial seja cumprido em todo o país. Garantir a formação continuada para esses profissionais com investimentos em qualificação e reciclagem. Investimentos em tecnologia em todas as escolas públicas, gerando assim menor desigualdade em relação aos alunos de escolas privadas. Animais: Criação de políticas públicas reais para a castração gratuita de animais abandonados e acolhidos em abrigos voluntários. Fortalecer a rede proteção contra maus tratos, garantido em lei.  Chipagem de animais de rua para melhor controle dos centros de zoonoses regionais. Criação de um Hospital Estadual Veterinário. Feirantes: Revitalizar os espaços públicos que recebem as feiras com estrutura de banheiros, descanso, rede elétrica e espaço próprio para alimentação. Instalação de vídeo monitoramento nas áreas das feiras do estado, capacitar para empreenderem por meio da promoção de cursos com aulas gratuitas de economia, empreendedorismo, logística, comunicação e administração. E claro, lutar pelo direito à aposentadoria dos feirantes. Emendas Parlamentares: Destinação inteligente das emendas parlamentares para que todos os municípios do Estado tenham acesso a esse investimento público disponibilizado através de parlamentares da Câmara Federal. Nos últimos 6 anos, quase metade dos municípios goianos, 108 cidades, não receberam nenhuma verba prevista na Lei Orçamentária (LOA) do Congresso Nacional. Saúde: Lutar pela atualização da tabela do SUS, pagando preço justo a todos os prestadores de serviços e profissionais da área, e defender de forma integral a Estratégia de Saúde da Família; Lutar pela valorização do profissional de saúde, assegurando o direito a uma carreira digna e valorizada no sistema de saúde pública. Viabilizar por meio do governo federal a complementação de recursos aos estados e municípios mais pobres possibilitando o cumprimento de piso nacional digno para todos os profissionais de saúde; Assegurar maior transparência e controle social nas ações da ANVISA e manter permanente diálogo com gestores municipais e de Santas Casas de Misericórdia a fim de assegurar o devido apoio federal na implementação das políticas públicas de saúde. 

GB: Quais medidas você acredita serem necessárias para combater a LGBTfobia?

Matheus: Precisamos trazer esse assunto para o centro debate, temos altos índices de violência e exclusão impostos à essas pessoas, o que é inaceitável! No Brasil, os números de violência ainda são alarmantes e subnotificados. De acordo com o Grupo Gay da Bahia (GGB), 300 pessoas LGBTQIA+ foram vítimas de mortes violentas no país – o que equivale a um óbito a cada 29 horas. 

Os direitos da população LGBTQIA+ são violados em razão de uma sociedade que foi fundada e se mantém a base de padrões altamente machistas, sexistas, misóginos, racistas, classistas e LGBTfóbicos. Em função disto, vale ressaltar, que hoje encontramos extrema dificuldade para que decisões como a que criminalizou a LGBTIfobia no país sejam retiradas do papel. A decisão promulgada em 2019, até os dias de hoje não é aplicada de forma adequada. Por isso, reforço a necessidade urgente de instrumentalizar as denúncias desses crimes e promover mais igualdade do acesso à Justiça por meio de consultorias jurídicas com especialistas de renome e atuação na área do Direito LBGTQIA+. 

Uma sociedade só terá avanço com a democracia plena e respeito a todos. Só com amor ao próximo venceremos a barbárie. Por isso, vou lutar e apoiar a igualdade dos direitos e inclusão da nossa comunidade.

GB: O que você pensa sobre o uso e políticas da PrEP?

Matheus: O Brasil é pioneiro na América Latina na adoção da Profilaxia Pré-Exposição (PrEP) como uma política de saúde pública importante. Por isso, sou a favor da PrEP como uma estratégia de prevenção que reduz em mais de 90% o risco de aquisição de infecção por HIV. 

Irei apoiar incondicionalmente o investimento nos centros de pesquisa junto ao Ministério da Saúde para ampliação do diagnóstico do HIV, Hepatites B e C, Sífilis e outras infecções sexualmente transmissíveis.

GB: Como você avalia o governo de Bolsonaro?

Matheus: Avalio que é um governo que teve inúmeros retrocessos, inclusive para a nossa comunidade. O Brasil é o quinto país em feminicídio e o primeiro em feminicídio de mulheres trans e travestis. Então São Paulo tem esse paradoxo de haver tanta violência transfóbica, mas ao mesmo tempo é um estado em que a justiça reconheceu o feminicídio de mulheres trans. 

Destaco ainda, outros problemas graves como aumento de 138% nos casos de invasão a territórios indígenas; recuo de nove posições no ranking internacional de liberdade de imprensa; maior número de casos de conflitos por terra desde 1985 e o negacionismo diante de um contexto de pandemia.

O Estado sequestrou a dignidade do brasileiro, mais de 30 milhões de brasileiros passam fome no país que é visto como o celeiro do mundo. No entanto, não estou fazendo campanha para nenhum candidato à Presidência da República, meu foco é a defesa das minhas bandeiras, ideias, valores e propostas da minha caminhada política como postulante a deputado federal por Goiás. Me preparei e me dediquei para este momento pelo Renova BR, maior escola de formação política do Brasil. Estou convicto e confiante na vitória para contribuir com a renovação do Congresso Nacional e para fazer a diferença na vida dos goianos e brasileiros. Além disso, precisamos defender a nossa democracia e o nosso sistema de votação, que é exemplo de transparência para o resto do mundo.

Confira a lista de candidaturas LGBTQIA+ de 2022 neste link.

Lista de candidatos LGBTQ+ nas eleições 2022 | Deputados, Senadores, Governadores




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Jornalista gaúcho formado na Universidade Franciscana (UFN) e Especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)