Na 25ª edição da Parada LGBTQIA+ de São Paulo, neste domingo 6 de junho, a Agência Aids promoveu o Camarote Virtual Solidário articulando debates com médicos e ativistas, além do grande objetivo de arrecadar cestas básicas para pessoas vivendo com HIV e AIDS em situação de vulnerabilidade.
Três médicos especialistas em Aids, Dr. Fábio Mesquita, médico epidemiologista que faz parte da OMS, e os infectologistas Dr. Vinicius Borges (Dr. Maravilha) e a Dra. Zarifa Khoury, comentaram os avanços no tratamento contra a Aids no Brasil e no mundo.
“Amanhã (7), começa uma agenda global na ONU para retomar a questão da Aids e isso é muito importante. O Brasil foi o primeiro país, de média e baixa renda, a oferecer os medicamentos antirretrovirais cumprindo a Constituição, uma grande conquista na implementação de políticas públicas, desde 1995 em nível nacional”, contou Dr. Fábio Mesquita, que traçou uma retrospectiva histórica da construção da política de Aids no Brasil.
A adesão ao tratamento, nos anos 1980, foi difícil. “Havia resistência aos medicamentos e seus efeitos colaterais. Testemunhamos muitos suicídios, era terrível”, lembrou Dra Zarifa Khoury.
Passados 40 anos, os avanços foram muitos: do tratamento com 16 medicamentos, atualmente é prescrito com dois comprimidos. “As vivências do passado nos ensinaram muito, mas ainda há problemas sociais graves para as pessoas com HIV e Aids. Quando criei o Dr. Maravilha nas redes sociais foi para ajudar a enfrentar o preconceito e a autoestima da população LGBT que vive com HIV. Quero olhar pessoas e não o vírus”, explicou Dr Vinicius Borges.
“A pergunta hoje é ‘Tenho HIV e agora?’ É a realização de sonhos porque é possível viver com medicamentos e ter qualidade de vida. O desafio é vencer o estigma. Desde do início, os gays sofriam discriminação porque Aids era considerada ‘peste gay’ é ainda hoje muitas pessoas não seguem o tratamento por medo da opinião da sociedade”, diz Dra Zarifa.
Dr Fábio Mesquita ressaltou que a questão deve ser esclarecer as informações erradas sobre a Aids, melhorar a informação para que as pessoas sofram menos, como faz a Agência Aids e o Dr Maravilha. “Fora do Brasil, o preconceito em países pobres ainda é muito grande. A imprensa trabalha para mudar esse conceito. Foram testadas vacinas, sem grande retorno, mas a ciência requer investimento. Veja a capacidade de recursos para a Covid, pois atinge todas as classes sociais e raças. Por isso, houve grande mobilização da ciência para chegar à vacina. É possível diminuir a transmissão e a mortalidade (700 mil óbitos em 2020). Com a Covid-19, houve impacto no tratamento e no cumprimento da mandala de prevenção”, explicou o epidemiologista.
Dr Maravilha completou: “É preciso combater o negacionismo em todas às áreas, valorizar a ciência, democratizar o tratamento”.
Assista na íntegra:
A doação de cestas básicas para pessoas com HIV e AIDS em situação de vulnerabilidade, hospedada pelo Camarote Virtual Solidário da Agência Aids, está disponível até 25 de junho: https://linktr.ee/agenciaaids.
18º Camarote Virtual Solidário
A Parada do Orgulho LGBTQIA+ de São Paulo celebra neste domingo (6), a 25ª edição com uma programação inteiramente virtual com o tema HIV/Aids: Ame + Cuide + Viva +. A Agência de Notícias da Aids montou seu 18º Camarote Solidário, também virtual, numa live com ativistas e especialistas que discutiram o cenário dos 40 anos da Aids.
Com apresentação da jornalista Roseli Tardelli, da Agência Aids, e a drag Dindry Buck, o presidente do Sesc, Danilo Santos de Miranda, abriu o camarote afirmando que patrocinar o Camarote é apoiar a causa LGBTQIA+ é uma questão de afirmar o propośito de educação que mostre às pessoas o que somos é o que fazemos. “Olhar dentro de nós de maneira igualitária é entender onde estão as barreiras e como trabalhar as questões que possam tirar o Brasil desse atraso, com pensamento da Idade Média, é combater a igualdade. O Sesc sempre trabalhou com ações e artistas que criam provocação que faz a sociedade refletir”, ressaltou.
O Sesc afirma ter como política interna o respeito aos direitos civis das pessoas, com o reconhecimento de relacionamentos hétero ou homoafetivo, com direito de seguros para toda família. “Sugerimos que todas as empresas tirem o resquício de “cancelamento” e combata a homofobia. Sem solidariedade não temos saída”, contou Danilo Miranda.
Ativismo
Alessandra Nilo, diretora da ONG Gestos, em Pernambuco, criada para lideranças na periferia e para grupos de defesa da Aids, deu seu depoimento no ativismo para desmitificar o preconceito com HIV: “Foi um movimento multidisciplinar com parcerias estratégicas. Houve muita discriminação desde o início, brigamos pelo reconhecimento da existência. Fico contente que a população LGBT se afirme, trazendo a Aids no foco, num momento que quase não se fala mais em prevenção da Aids porque a preocupação passou a ser a Covid”, disse Alessandra Nilo.
Veriano Terto, vice-presidente da ABIA (Associação Brasileira Interdisciplinar de Aids), lembrou que a história de luta é o ativismo pelos medicamentos foram fundamentais para chegar hoje, com um trabalho de solidariedade e criar espaços de escuta e de transmissão do conhecimento. “O movimento de Aids agrega pessoas de todas as idades e com lutas paralelas como às questões raciais e trans. Essa característica deve servir de exemplo na construção de vitórias na saúde”, explicou Veriano.
Roseli Tardelli, da Agência Aids, lembrou que a intersecção de demandas alinha o enfrentamento de distorções contra o HIV: “Só em 2013, a ONU registrou numa declaração de HIV/AIDS o reconhecimento de pessoas trans. É um momento histórico. Todos podem conversar como superar os obstáculos, desde a discriminação de mulheres trans pobres até o pedido de medicamentos para todos. A questão da prevenção é importante”, ressaltou.
A luta por direitos deve ser centrada nos grandes temas, defendeu Alessandra Nilo: “O ativismo faz a correção de rumos de políticas públicas para todos”.
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