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Andrea Araujo (NOVO), de 55 anos, é candidata a deputada estadual no Rio de Janeiro. Advogada, com especialização em Direito das Famílias e Sucessões e em Processo Civil, ela é bissexual e mora na capital fluminense.

Sua candidatura por uma cadeira na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (ALERJ), se deu pelo “acúmulo de decepções com o último mandato presidencial”. “O afastamento político social de pessoas do bem e capazes de mudar o caos que assola nosso país e também o nosso Estado em especial, é a causa primária do resultado das urnas”, comenta Andrea.

Suas principais pautas são a defesa dos direitos animais e da população LGBTQIA+. “Especificamente para a população LGBTQIA +, […] o projeto maior é a criação de uma Secretária Estadual de Proteção e Direitos  LGBTQIA+ com a participação de instituições legitimadas, da sociedade civil e de parcerias público privadas”, afirma a candidata, que é uma das entrevistadas no especial “Eleições 2022” do Gay Blog BR.

Andrea Araujo, candidata a deputada estadual pelo NOVO do RJ (Foto: Divulgação)

Confira na íntegra a entrevista com Andrea Araujo

GAY BLOG BR: Qual a sua formação e trajetória profissional?

- BKDR -
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Andrea Araujo: Sou advogada com especialização em Direito das Famílias e Sucessões e em Processo Civil. Atuo como Advogada no meu próprio escritório desde o ano de 2009 e também sou empresária com empresa de cobranças judiciais e extrajudiciais.

Sou espírita e voluntária numa casa espírita há 25 anos e no espiritismo conheci o exercício de caridade e do estudo da doutrina espírita, sempre atuando na defesa dos desassistidos.

Sou protetora dos animais desde muito cedo e desenvolvo trabalhos de resgate, tratamento e adoção para cães em situação de rua e maus tratos, nunca, porém, tendo usado a dor desses animais em busca de elogios ou sequer aventado a possibilidade de usar isso para algum futuro objetivo pessoal.

GB: O que motivou a se candidatar?

Andrea: O que me levou de fato a desejar uma cadeira na ALERJ foi o acúmulo de decepções com o último mandato presidencial, tendo me dado conta de que o afastamento político social de pessoas do bem e capazes de mudar o caos que assola nosso país e também o nosso Estado em especial, é a causa primária do resultado das urnas, óbvio que acrescido de um  povo desestimulado e desacreditado da política e dos políticos, tudo permeado ainda por fatores como a falta de cultura e educação da grande massa.

GB: Quais os desafios enfrentados ao ser uma candidatura abertamente LGBT+?

Andrea: O maior desafio que percebo em minha candidatura é uma ausência total de espaço voltado para as discussões pertinentes a essa parcela da sociedade em iguais condições com os demais candidatos dentro do partidos, já que pautas outras recebem, via se regra, o foco em detrimento das nossas, evidenciando um abismo antidemocrático nas entranhas política partidárias.

Com isso, via de consequência, surgem as dificuldades de operacionalizar minimamente uma campanha eleitoral, sobretudo no meu partido – Novo – que não utiliza o fundo eleitoral e não dispõe de recursos próprios para apoio de suas candidaturas.

Aliado a isso, não obstante o evidente crescimento de candidaturas LGBTQIA + pelo país, com importantes organizações de apoio, é incontestável que ainda vivemos a hipocrisia da LGBTfobia que habita nossa sociedade, sobretudo, em tempos de bolsonarismo.

GB: Quais são as suas principais propostas? Há pautas exclusivamente para LGBT+?

Andrea: Minhas principais pautas são a defesa dos direitos animais e da população LGBTQIA+. Especificamente para a população LGBTQIA +, tendo em vista que a vulnerabilidade desse grupo se evidencia em diversas áreas, como violência, segurança, trabalho, educação e saúde, o projeto maior é a criação de uma Secretária Estadual de Proteção e Direitos  LGBTQIA+ com a participação de instituições legitimadas, da sociedade civil e de parcerias público privadas para que em conjunto toda a sociedade, púbico e privado, estejam capacitados ao desenvolvimento de projetos e soluções voltados às demandas alvo.

GB: Quais medidas você acredita serem necessárias para combater a LGBTfobia?

Andrea: Combater a lgbtfobia não é um processo meramente legal, eis que a violação dos direitos LGBTQIA + não se dá unicamente por ausência legal de dispositivos próprios, há sim lacunas legais, mas a questão está a meu ver mais adstrita a uma sociedade intrinsecamente machista, sexista, misógina, racista e, por óbvio, LGBTfóbica. 

Diante disso, a estrada apesar de longa, passa pela desconstrução de padrões culturais e sociais que necessariamente demandam a apropriação pela sociedade da cultura e do conhecimento científico, o que via de regra se consolida pela base da educação de um povo, outra pauta a qual irei me dedicar.

GB: O que você pensa sobre o uso e políticas da PrEP? 

Andrea: A inclusão da Profilaxia Pré-Exposição- PrEP – aliado ao uso de preservativos e outros medicamentos, e por certo, a prevenção, são  inequivocamente fatores que diminuíram índices de novas infecções ao redor do mundo e também aqui no Brasil. 

Sendo certo que temos aqui um público mais vulnerável que são as pessoas pobres, jovens gays, transsexuais, profissionais do sexo e outros, a quem o poder público deve um olhar ainda mais atento, devendo, sem qualquer titubeio não apenas continuar, mas ampliar esta política de proteção à vida e à saúde dessa minoria, sobretudo as desassistidas. 

GB: Como você avalia o governo de Bolsonaro?

Andrea: Para mim tivemos o mais nefasto momento político social do país, onde uma ode de mal feitores, comandados por ele se apossou de todas as áreas de forma absolutamente destrutível.

Os prejuízos estão por toda parte, saúde, educação, meio ambiente, trabalho, economia, segurança, cultura, arte, liberdade, e tudo o mais onde tocou, como um Midas ao contrário, transformou em latão nosso ouro moral, nossa trajetória rumo ao crescimento, ultrajando a esperança de um país melhor às futuras gerações, que obrigatoriamente precisarão de muitas mãos, ética e renovação política, e, sobretudo de uma sociedade que compreenda o equívoco cometido e o tamanho dos prejuízos gerados, para só assim vislumbrarmos um despertar menos sombrio.

Confira a lista de candidaturas LGBTQIA+ de 2022 neste link.

Lista de candidatos LGBTQ+ nas eleições 2022 | Deputados, Senadores, Governadores




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Jornalista gaúcho formado na Universidade Franciscana (UFN) e Especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)