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Morreu, neste dia 23 de janeiro de 2023, a pioneira drag queen Kaká di Polly aos 63 anos. A informação foi confirmada pela atriz Nany People e outros ativistas LGBTQIA+. Segundo relato de sua sobrinha Adriana Policarpo ao G1, Kaká estava internada desde 19 de janeiro em um hospital de São Paulo por conta de uma dor lombar, quando sofreu parada cardíaca ao fazer um exame de rotina. O sepultamento será no Cemitério Vila Mariana; horários do velório e enterro ainda não foram confirmados.

Kaká di Polly – Reprodução

“Ela tinha sofrido uma queda e estava com dor. Estava internada para fazer exames de rotina. Ao fazer exame de ressonância, ela teve a parada. Tentaram reanimá-la, mas ela não resistiu, infelizmente”, disse Adriana. “Minha tia deixou um grande legado. Isso não morre aqui. Para o Brasil, sempre vai ser histórico o que ela fez. Ela fez acontecer a parada gay impedindo ônibus ao deitar no chão da Paulista. Éramos muito próximas e o que me alivia nesse dia é saber que tudo que ela fez nesses anos será eterno“, continuou Adriana.

Kaká ficou conhecida por deitar no chão da Avenida Paulista, em 1997, para que a Parada SP pudesse acontecer. Em 2020, a artista concedeu uma entrevista exclusiva para o GAY BLOG BR onde narrou detalhes sobre o episódio.

Kaká di Polly em 1996, na primeira Parada de SP - reprodução
Kaká di Polly na primeira Parada de SP – Reprodução

- BKDR -
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CADÊ MEU CONVITE?

Sempre polêmica, Kaká di Polly também comentou, na entrevista ao GAY BLOG BR de 2020, sobre a repercussão de um vídeo em que ela criticava a realização do evento virtual da Parada SP, que ignorou icônicos históricos da militância LGBTQIA+.

“Cadê o meu convite? Cadê o convite de Salete Campari? Cadê o convite de Silvetty Montilla? Cadê o convite de Paulette Pink, cadê o convite de Divina Núbia, cadê a homenagem a Miss Biá? Fui eu que deitei no meio da Paulista pra aquela Parada sair… Cadê o meu convite?”.

Na conversa, Di Polly comenta que a Parada LGBT havia “se perdido” ao longo dos anos. “Mudou muita coisa, porque as pessoas fizeram a 1ª Parada… 2ª, 3ª, 4ª, 5ª, 6ª… 15ª, 16ª. E aí a coisa já começou a virar uma negociata, porque começaram a fazer um monte de trios elétricos. Acho que foi na 16ª… não me lembro, mas foi ali entre a 13ª e 16ª que começaram as boates a entrar. Cada boate pegava um trio e fazia o seu carro. De repente esses carros começaram a servir como se fossem camarotes para as pessoas darem close lá em cima. As pessoas compravam, era um absurdo o preço de um carro. E tinha um monte de regras: você tinha que fazer merchandising de todos os colaboradores da Parada nos banners dos carros, tinha que ter seguranças, DJs, banheiro, etc, etc. E os convidados que começaram a subir nos carros e andar pela Paulista era gente que ninguém sabia quem era. Não era um carro feito para nos convidar a subir e estarmos participando da Parada. Ninguém conhecia [aquelas pessoas]. Um carro trazia uma famosa, outro carro outra famosa. E aquele bando de gente estranha. Foi aí que começou a minha briga com a Associação da Parada, porque eu achava que pelo menos 30% de cada carro tinha que ser obrigatório carregar pessoas do movimento LGBT+, ou seja, drag queens, gogo boys, travestis, transformistas – e não um bando de gente filhinho-de-papai que só estava lá pra dar “close” pra dizer que tinha ido na Parada Gay”.

Leia a entrevista exclusiva íntegra neste link.

Morre drag queen Kaká di Polly
Reprodução




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Jornalista formado pela PUC do Rio de Janeiro, dedicou sua vida a falar sobre cultura nerd/geek. Gay desde que se entende por gente, sempre teve desejo de trabalhar com o público LGBT+ e crê que a informação é a a melhor arma contra qualquer tipo de "fobia"