No dia 29 de agosto, o Brasil celebra o Dia Nacional da Visibilidade Lésbica, um momento que não apenas reconhece a presença e os direitos das mulheres lésbicas, mas também lança reflexões sobre os desafios que persistem nas jornadas, especialmente no âmbito do mercado de trabalho. Ainda que conquistas em termos legais e sociais, as barreiras e preconceitos enfrentados pela população lésbica no ambiente profissional demandam atenção e esforços conjuntos para serem superados.
A interseccionalidade, característica das mulheres lésbicas que lida com discriminação de gênero e orientação sexual, complica ainda mais suas trajetórias. Enquanto a sociedade testemunhou passos significativos em direção à igualdade de gênero, a homofobia persiste em muitas esferas, incluindo o mundo corporativo.
De acordo com o estudo “Profissionais Liberais Lésbicas no Mercado de Trabalho Brasileiro”, uma pesquisa conduzida este ano em conjunto pela Universidade de São Paulo (USP) e pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aproximadamente 60% das mulheres lésbicas já enfrentaram algum tipo de discriminação relacionada à sua orientação sexual no ambiente de trabalho. Além disso, 40% delas relataram experiências de assédio moral ou sexual. A pesquisa também revelou que metade das mulheres lésbicas teve dificuldades em encontrar emprego devido à sua orientação sexual, e 40% acreditam que não recebem o mesmo reconhecimento que profissionais heterossexuais.
Kaká Rodrigues, cofundadora da Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão, ressalta a importância de reconhecer e combater o “preconceito recreativo” e as piadas depreciativas no ambiente de trabalho. Essas atitudes não apenas desumanizam as pessoas, mas também minam a saúde mental dos colaboradores, levando a um ambiente estressante e desmotivador que prejudica a produtividade.
“As ‘piadas’ sobre lésbicas no ambiente de trabalho são tentativas de diminuir essas pessoas, buscando validação do grupo em relação a esse tipo de comportamento. É o chamado ‘preconceito recreativo’, que desumaniza as pessoas de comunidades específicas, reduzindo-as a estereótipos e caricaturas”, ressalta Kaká Rodrigues

Uma análise realizada em 2020 pela Universidade de Stanford, intitulada “The Impact of Lesbian Leadership on Organizational Innovation and Profitability”, reforça a relevância da diversidade na liderança. A pesquisa revelou que empresas com CEOs lésbicas têm 18% mais chances de sucesso em seus mercados, 21% mais chances de introduzir novos produtos e serviços e obtêm lucros e receitas maiores quando comparadas a organizações sem lideranças lésbicas.
Renata Torres, também cofundadora da Div.A Diversidade Agora! e especialista em diversidade e inclusão, ressalta a importância da liderança na transformação da cultura organizacional. Ela destaca que embora a liderança de uma mulher lésbica possa ter um impacto direto, não é necessário pertencer à comunidade LGBTQIA+ para liderar essa mudança. A transformação cultural requer uma atenção constante por parte da liderança e uma clareza sobre os comportamentos aceitáveis e inaceitáveis em relação à comunidade.
“Para essa transformação cultural, de mudanças muito profundas, é preciso estar preparado também para entender que determinadas pessoas não passarão por essa jornada, não entenderão ou não conseguirão atingir esse nível de consciência. Mas, sob o ponto de vista da cultura organizacional, tem que estar muito claro o que se espera em termos de postura e comportamento em relação às mulheres lésbicas e à comunidade LGBTQIAPN+ como um todo. As pessoas colaboradoras precisam conhecer o posicionamento da empresa, compreender quais comportamentos são aceitáveis e quais não são. As pessoas em posições de liderança devem ser as primeiras a dar o exemplo dessas normas no ambiente, demonstrando o que é aceito e o que não é”, conclui Renata Torres.
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