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Minas Gerais tem como um de seus candidatos a deputado estadual Gregory Rodrigues (PDT). Professor e escritor, ele é gay, tem 30 anos e é morador de Sabará (MG). Em entrevista com o Gay Blog BR, ele falou sobre sua carreira e propostas políticas no especial “Eleições 2022“.

Gregory Rodrigues, candidato a deputado estadual pelo PDT de MG (Foto: Divulgação)

Bacharel em Teologia e licenciado em História, Gregory é autor do livro “Bíblia Fora do Armário“. Graduando em Jornalismo, atualmente ele é coordenador titular da Aliança Nacional LGBTI+ no estado de Minas Gerais e Coordenador Nacional de Comunicação da mesma entidade.

Um dos fatores decisivos para sua candidatura é a falta de representatividade. “Em Minas Gerais, nunca foi eleito um parlamentar assumidamente LGBTI+ para a ocupar uma cadeira da Assembleia Legislativa do estado, creio que não há como falarmos de igualdade, respeito ao estado democrático de direito ou cidadania se não há representatividade nos espaços de poder”, afirma Gregory.

Já em relação as suas propostas para a comunidade LGBTQ+, o candidato pontua o “enfrentamento ao preconceito com ações de educação continuada aos profissionais da saúde”, educação e segurança pública “com a proposição de ações que fomentem a empregabilidade para pessoas trans e travestis”. Ele ainda salienta que se eleito, seu mandato será pautado em “ouvir, entender, propor e executar”.

- BKDR -
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Gregory Rodrigues (Foto: Divulgação)

GAY BLOG BR: Qual a sua formação e trajetória profissional?

Gregory Rodrigues: Bacharel em Teologia, licenciado em História, graduando em Jornalismo, pós-graduado em docência do ensino superior, planejamento educacional e políticas públicas, psicopedagogia clínica e institucional. Autor do livro a “Bíblia Fora do Armário”, publicado pela editora Appris. Atualmente sou coordenador titular da Aliança Nacional LGBTI+ no estado de Minas Gerais e Coordenador Nacional de Comunicação da mesma entidade. Já participei do programa “TV Verdade” na afiliada do SBT, TV Alterosa,  já proferi palestras para o Governo do Estado de Minas Gerais, no âmbito da  Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Servidores do Sistema Prisional) sobre a temática LGBTI+, para a Secretaria Municipal de Saúde de Pará de Minas, no Âmbito do lançamento de campanha educativa de enfrentamento a LGBTIfobia. Já no Congresso Internacional LGBTI+, realizado em Curitiba (PR), proferi palestra de apresentação de artigo acadêmico intitulada: “Homossexualidade sob  os Olhares Teológicos – Um Diálogo”. Já lecionei como professor da disciplina de história no ensino fundamental e médio da rede pública de ensino do estado de Minas Gerais.

GB: O que motivou a se candidatar?

Gregory: O cansaço, acho que não há outra palavra que possa resumir bem minha motivação para a candidatura. O cansaço de lutar por respaldo e apoio de parlamentares já eleitos que se dizem aliados da causa e não se pautam por ações concretas que contemplem nossas reais necessidades, e sempre tem o não como resposta pronta para nossas principais demandas.

Outro ponto preponderante para que eu aceitasse ser candidato é o fator representatividade; em Minas Gerais, nunca foi eleito um parlamentar assumidamente LGBTI+ para a ocupar uma cadeira da Assembleia Legislativa do estado, creio que não há como falarmos de igualdade, respeito ao estado democrático de direito ou cidadania se não há representatividade nos espaços de poder, se não há igualdade nas oportunidades para as lutas por direitos. Aceitei me candidatar para abraçar uma missão, romper a bolha de um conservadorismo que se instalou na política mineira (e porque não dizer na política nacional).

GB: Quais os desafios enfrentados ao ser um candidato abertamente LGBTQ+?

Gregory: Ser LGBTI+ é um desafio diário, mas ser um candidato abertamente LGBTI+ torna-se uma tarefa ainda maior, ao começar pela tímida abertura dos partidos políticos brasileiros, além da escassa verba direcionada para as campanhas de pessoas sexodiversas. No entanto, mesmo que pareça piada, brincadeira ou mimimi para alguns, o preconceito ainda é fantasma que nos assombra, fantasma esse que ameaça nossa existência e tenta silenciar nossa voz quando nos atrevemos a enfrentar o sistema e ocupar os lugares para os quais somos constantemente preteridos. Exemplo disso é o que vemos ocorrer com candidatos que são ameaçados de morte. Eu ainda não fui ameaçado de morte, felizmente, mas minhas redes sociais seguem sendo atacadas por boots de bolsonaristas comentando minhas postagens com ofensas ou palavras desconexas de apoio ao inominável.

GB: Quais são as suas principais propostas? Há pautas exclusivamente para LGBTQ+?

Gregory: O principal ponto aqui é entendermos que estamos saturados de promessas vagas que não contemplem as reais necessidades da população, por isso em conjunto com os movimentos sociais do meu partido, foi desenvolvido pelo Deputado Federal Mário Heringer, o Projeto Mineiro de Desenvolvimento Sustentável. Este projeto aposta nas pessoas, em seus sonhos, seus desejos e suas reais necessidades, em sua dignidade e sua autonomia, qualidades que são favorecidas com o acesso ao emprego e renda, pois é inaceitável ver nosso povo voltando à miséria.

No que se refere a pessoas LGBTI+ sim, há que se preocupar com as necessidades específicas de cada letra de nossa sigla, seja no enfrentamento ao preconceito com ações de educação continuada aos profissionais da saúde, educação e segurança pública, seja com a proposição de ações que fomentem a empregabilidade para pessoas trans e travestis e etc. Meu futuro mandato será pautado em: Ouvir, Entender, propor e executar. Ou seja, aberto a ouvir o povo, buscar entender caso ainda não o conheça, construir a proposição de forma coerente e correta e aí buscar os meios para sua execução.

GB: Quais medidas você acredita serem necessárias para combater a LGBTfobia?

Gregory: Creio que a educação seja um bom caminho para buscarmos a mudança em nossa sociedade, a educação para o respeito à diversidade, mas antes de tudo precisamos que existam em nosso país leis que verdadeiramente nos protejam, e não apenas jurisprudências advindas da suprema corte. No entanto, enquanto não ocorrem, é urgente que haja o cumpra-se, ou seja, o estrito cumprimento das decisões do supremo tribunal federal em todos os estados do país. É momento de pensarmos na mudança de nossos quadros políticos!

GB: O que você pensa sobre o uso e políticas da PrEP?

Gregory: Definitivamente necessária. A Prevenção combinada é ainda nos dias de hoje, o melhor caminho para o enfrentamento ao HIV/AIDS. Trata-se de uma política pública que proporciona qualidade de vida e tranquilidade à população e que deve ser ampliada.

GB: Como você avalia o governo de Bolsonaro?

Gregory: Um total desastre, um governo que lutou contra a ciência no meio de uma grave pandemia, um governo que simplesmente destruiu as estruturas de apoio aos conselhos de direitos, cortou investimentos da educação. Um (Des)Governo que propagou a LGBTIfobia, e baseou-se em escândalos de corrupção! Literalmente uma Vergonha!

Confira a lista de candidaturas LGBTQIA+ de 2022 neste link.

Lista de candidatos LGBTQ+ nas eleições 2022 | Deputados, Senadores, Governadores




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Jornalista gaúcho formado na Universidade Franciscana (UFN) e Especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)