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O servidor público Laércio Zancan (PSB), de 33 anos, disputa uma vaga como deputado federal pelo Rio Grande do Sul. Morador de Marau (RS), ele é graduado em Comunicação Social e especialista em Gestão Pública. Abertamente gay, Lalá é um dos entrevistados da semana no especial “Eleições 2022“, do Gay Blog BR.

Laércio Zancan, o Lalá, candidato a deputado federal pelo PSB do RS (Foto: Reprodução/ Facebook)

De acordo com Laércio, sua entrada na política se dá pela falta de representantes LGBTI+ gaúchos no Congresso Nacional.Infelizmente o Rio Grande do Sul ainda é um espaço hostil para a população LGBTI+ viver. Também tive o apoio do movimento LGBT Socialista do meu partido que me deu todo o suporte para que essa candidatura tomasse forma”, conta Lalá.

O candidato do PSB ainda ressalta que, devido ao atual cenário político brasileiros, e a candidatura de Jair Bolsonaro a reeleição, os ataques LGBTfóbicos tem aumentado. “Faço essa campanha com muito amor mas com medo também. A minha região infelizmente possui muitos apoiadores de Bolsonaro e consequentemente muitos tentam me atacar de diversas formas”, afirma.

Já em relação a suas propostas, Laércio diz que “há pautas exclusivas para a população LGBTI+ em diversos campos, em especial dois deles que são fundamentais para garantia da cidadania plena da população LGBTI+ que são saúde e educação, trabalho, emprego e renda”.

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Laércio Zancan – Lalá (Foto: Reprodução/ Facebook)

GAY BLOG BR: Qual a sua formação e trajetória profissional?

Laércio Zancan: Graduado em Comunicação Social pela Universidade de Passo Fundo (UPF) e especialista em Gestão Pública pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Iniciei minha trajetória no comércio, como vendedor de materiais de construção. Logo após trabalhei como cobrador de estacionamento rotativo, auxiliar de supermercado e em uma locadora de vídeos. Em 2009 passei no primeiro concurso público e, desde então, sigo sendo servidor de carreira tendo exercido minhas atividades em quatro municípios.

GB: O que motivou a se candidatar?

Laércio: A minha principal motivação é a falta de representatividade efetiva da população LGBTI+ gaúcha no Congresso Nacional. Infelizmente o Rio Grande do Sul ainda é um espaço hostil para a população LGBTI+ viver. Também tive o apoio do movimento LGBT Socialista do meu partido que me deu todo o suporte para que essa candidatura tomasse forma.

GB: Quais os desafios enfrentados ao ser uma candidatura abertamente LGBTQ+?

Laércio: O principal deles é lidar com o ódio das redes sociais. Devido ao cenário político do nosso país, e com o advento da candidatura de Bolsonaro a reeleição, os ataques LGBTfóbicos nas redes sociais tem aumentado. Faço essa campanha com muito amor mas com medo também. A minha região infelizmente possui muitos apoiadores de Bolsonaro e consequentemente muitos tentam me atacar de diversas formas. Mas também sou otimista, não me deixo abater porque o projeto de ter uma pessoa LGBT do Rio Grande do Sul no Congresso Nacional vale a pena e é urgente.

GB: Quais são as suas principais propostas? Há pautas exclusivamente para LGBTQ+?

Laércio: Sim. Há pautas exclusivas para a população LGBTI+ em diversos campos, em especial dois deles que são fundamentais para garantia da cidadania plena da população LGBTI+ que são saúde e educação, trabalho, emprego e renda. Dentre estas: Garantir formação continuada, para as/os profissionais de educação em todos os níveis, incluindo as/os profissionais das Casas de Juventude, contemplando a temática da diversidade sexual, identidade de gênero e relações étnico-racial, com ênfase no enfrentamento à LGBTfobia, em todas as etapas da educação básica; Garantir a inclusão dos temas de identidade de gênero e orientação sexual nas políticas públicas de ensino, para crianças, adolescentes, jovens e idosas/os que não são contempladas de forma nítida na Base Nacional Comum Curricular (BNCC); Buscar mecanismos de busca ativa que promovam a escolarização da população trans e travesti; Garantir o acesso da população trans e travesti, através de cotas, ao ensino superior em universidades públicas através do Sisu e privadas através do PROUNI; Criação de um programa nacional para a população trans e travestis com foco na qualificação profissional, transferência de renda e a inclusão no mercado de trabalho; Criação de um fundo de incentivo para os estados e municípios para a implementação de programas de empregabilidade LGBTQIA+. Promover formação continuada para profissionais de saúde para o tratamento qualificado, no atendimento à população LGBTQIA+, procurando garantir acesso igualitário e universal; Promover ações permanentes junto à Vigilância em Saúde, visando a construção de indicadores da Saúde LGBTQIA+ e inclusão das variáveis de identidade de gênero e orientação sexual, nas fichas de notificação e prontuários nos serviços de saúde incluindo os serviços de saúde das Universidades Federais do Brasil com vínculo originário no MEC; Desenvolvimento de política permanente de Cuidado Especializado em Saúde Mental da População LGBTQIA+, garantindo acolhimento e acesso amplo e seguro nos Ambulatórios de Saúde Mental, Centros de Atenção Psicossocial – CAPS e outros equipamentos de saúde que integram a Rede de Atenção Psicossocial (RAPS); Efetivar a política de humanização dos atendimentos de pessoas trans e travestis, principalmente ginecológico e na saúde mental no âmbito do SUS e saúde suplementar.

GB: Quais medidas você acredita serem necessárias para combater a LGBTfobia?

Laércio: Penso que, além do Disque 100, é necessária uma ouvidoria nos estados para acolher as denúncias de LGBTIfobia, além disso, um Pacto Federativo pela vida LGBTI+ é urgente como um instrumento para mensurar e contabilizar estatisticamente os indicadores de Violência contra a População LGBTQIA+ em todos os aspectos no Brasil. E por fim, mas não menos importante a criação de instrumentos para a notificação e monitorar a violência contra a população LGBTQIA+.

GB: O que você pensa sobre o uso e políticas da PrEP?

Laércio: Penso que a política de uso da PrEP ainda é pouco divulgada e não chega nos municípios menos populosos. Precisamos da garantia da universalização dessa política no país todo e da sensibilização da população LGBTI+ da importância do uso e da prevenção, e não só da população LGBTI+, bem como da população cis heterossexual também. Infelizmente, durante o governo Bolsonaro a política da profilaxia também sofreu com os cortes.

GB: Como você avalia o governo de Bolsonaro?

Laércio: Caótico, catastrófico, irresponsável e principalmente detentor de uma onda de absurdos sem tamanhos. O governo Bolsonaro é um governo que dizimou milhares de famílias durante a pandemia, propagou e incentivou o ódio e a caça contra as nossas vidas. Precisamos urgentemente lutar para tirá-lo do Palácio do Planalto e garantir que o Brasil possa seguir sendo um país laico, democrático e com a liberdade plena de expressão do amor e da cidadania.

Confira a lista de candidaturas LGBTQIA+ de 2022 neste link.

Lista de candidatos LGBTQ+ nas eleições 2022 | Deputados, Senadores, Governadores




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Jornalista gaúcho formado na Universidade Franciscana (UFN) e Especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)