Israel Batista, o Professor Israel (PSB), disputa a reeleição como deputado federal no Distrito Federal. Abertamente gay, ele tem 40 anos, mora em Brasília (DF) e é professor de história e cientista político. Em 2022, foi eleito entre os cinco melhores deputados federais defensores da educação pelo Prêmio Congresso em Foco.

Seu interesse pela política, inicia logo após entrar na Universidade de Brasília, aos 17 anos. “Percebi que eram poucos os universitários que estudaram em escola pública, assim como eu. […] Que a Universidade era elitizada, com poucos jovens moradores da periferia, assim como eu. Neste momento, entendi que era preciso se mobilizar para combater as injustiças sociais, o que me motivou a entrar na política e lutar para que os jovens tenham oportunidades iguais de futuro”, conta Israel.
Em sua candidatura, as principais bandeiras são voltadas para a defesa das áreas da educação, serviço público e combate à homofobia. “O primeiro desafio é enfrentar o preconceito da sociedade. Muitas vezes recusam meu panfleto porque sabem que sou gay. E nos últimos anos essa situação se agravou, porque você teve uma espécie de autorização da elite governante para que as pessoas se comportassem de maneira homofóbica”, revela o candidato.
Entre suas propostas, Israel diz que irá “proteger o direito ao casamento gay por meio de uma lei; Vetar qualquer lei aprovada pelo Congresso que reduz direitos de LGBTQIAP+; Promover políticas contra a discriminação e preconceito na infância e na adolescência, além de programas de acolhimento e inclusão para trans expulsas de casa”. O candidato, é um dos entrevistados da semana no especial “Eleições 2022” do Gay Blog BR.

Confira na íntegra a entrevista com Professor Israel
GAY BLOG BR: Qual a sua formação e trajetória profissional?
Israel Batista: Sou Professor de história há mais de 20 anos em Brasília, ministrando aulas em preparatórios para vestibular e concursos. Graduado em Ciências Políticas pela Universidade de Brasília (UnB) e Mestre em Políticas Públicas e Governo pela Fundação Getúlio Vargas (FGV), atualmente exerço o cargo de Deputado Federal pelo DF, onde já ocupei por dois mandatos o posto de deputado distrital.
Enquanto Deputado Federal, fui eleito entre os cinco deputados federais defensores da educação pelo Prêmio Congresso em Foco de 2022; eleito o melhor parlamentar da educação em 2021 pelo mesmo prêmio; selecionado um dos 100 Cabeças do Congresso pelo ranking do Departamento Intersindical de Assessoria Parlamentar (Diap) 2022; e eleito entre os 37 parlamentares mais influentes do Congresso, pela Arko Advice 2021. Sou o atual presidente da Frente Parlamentar Mista da Educação e também da Frente Mista em Defesa do Serviço Público, a Servir Brasil.
Tenho como principais causas a Educação e o Serviço Público, fui autor e articulador no Congresso Nacional de grandes conquistas, como o novo Fundeb; a política de valorização e bem-estar dos professores; articulador no STF pela prioridade da comunidade LGBTQIA+ na imunização contra a varíola do macaco; entre outras ações de destaque.
Para além do Congresso, trabalhei firmemente no Distrito Federal enquanto Deputado Distrital para dar mais oportunidades aos brasileiros: foram mais de 10 mil jovens qualificados profissionalmente; 3,5 mil estudantes em universidades públicas do DF; mais de mil realizaram intercâmbio internacional, dentre outras ações que geraram novos caminhos aos que mais precisam.
GB: O que motivou a se candidatar?
Israel: Ao entrar na Universidade de Brasília, aos 17 anos, percebi que eram poucos os universitários que estudaram em escola pública, assim como eu. Morador da periferia do DF, também percebi que a Universidade era elitizada, com poucos jovens moradores da periferia, assim como eu. Neste momento, entendi que era preciso se mobilizar para combater as injustiças sociais, o que me motivou a entrar na política e lutar para que os jovens tenham oportunidades iguais de futuro.
GB: Quais os desafios enfrentados ao ser um candidato abertamente LGBTQ+?
Israel: O primeiro desafio é enfrentar o preconceito da sociedade. Muitas vezes recusam meu panfleto porque sabem que sou gay. E nos últimos anos essa situação se agravou, porque você teve uma espécie de autorização da elite governante para que as pessoas se comportassem de maneira homofóbica. Então, muita gente que tinha seus preconceitos guardados a sete chaves, simplesmente abriu as portas do inferno e deixou esse preconceito vir à tona. Porque se sentem autorizados a isso, se sentem com uma licença para exercerem todos esses absurdos. É só a gente perceber o aumento dos casos de preconceito, de homofobia, de racismo. E isso não é por acaso. Existe uma motivação por trás disso, que é o mau exemplo dos nossos atuais governantes.
GB: Quais são as suas principais propostas? Há pautas exclusivamente para LGBT+?
Israel: Nossas propostas são voltadas, principalmente, para a defesa das áreas da educação, serviço público e combate à homofobia – que são minhas principais bandeiras. Com isso, temos muitas propostas exclusivas à pauta LGBTQIA+, que são: Proteger o direito ao casamento gay por meio de uma lei; Vetar qualquer lei aprovada pelo Congresso que reduz direitos de LGBTQIAP+; Promover políticas contra a discriminação e preconceito na infância e na adolescência, além de programas de acolhimento e inclusão para trans expulsas de casa; Propor a inclusão na legislação trabalhista de normas contra discriminação e assédio moral LGBTIfóbico; Espaços de vivência específica para trans nos presídios; Defender a completa ‘despatologização’ das identidades LGBTI, com o fim de internações forçadas e tratamentos para a homossexualidade. Fortalecimento de campanhas e políticas para a população LGBTI, entre outras, para prevenção do HIV; Reestruturação, ampliação, fortalecimento do Disque Direitos Humanos (Disque 100); Realização de investimentos nas universidades públicas federais para ampliação de programas de ações afirmativas, assistência estudantil e permanência; Inclusão, no Plano Nacional de Educação, do combate a toda forma de preconceito, seja ele por raça, etnia, sexo, orientação sexual e/ou identidade de gênero; Plano de ações e metas para diminuir a discriminação nas escolas e a evasão escolar de jovens LGBTQIAP+; Garantia e ampliação da oferta, no SUS, de tratamentos e serviços de saúde para que atendam às necessidades especiais da população LGBTQIAP+.
GB: Quais medidas você acredita serem necessárias para combater a LGBTfobia?
Israel: São várias as medidas. Uma delas é a criminalização da LGBTfobia. A gente precisa mostrar que isso não pode ser aceito, que a comunidade vai se levantar, vai erguer a voz e vai se defender. E, além disso, a médio e longo prazo, a gente precisa trabalhar a escola, a educação. Eu sempre digo que, contra o racismo, o preconceito e homofobia, um ensino médio de qualidade seria o melhor remédio. Porque é na escola, no ensino fundamental e médio, que a gente forma a cidadania. E a gente precisa formar cidadãos para a diversidade. Então, a gente precisa mostrar na escola a necessidade de respeito, precisa dar aos estudantes referências do mundo LGBTQIA+, precisamos reforçar o estudo de história para que eles saibam como isso se deu ao longo da história. E isso, para mim, é muito importante.
GB: O que você pensa sobre o uso e políticas da PrEP?
Israel: Eu acho que o PrEP é um avanço significativo no combate ao HIV/AIDS, acredito que é uma terapia a ser continuada e que é muito importante ao país como política púbica. Mas, nós precisamos manter a conscientização sobre o uso de preservativos. Porque o HIV não é o único vírus, a única doença que afeta as pessoas. Existem outras infecções sexualmente transmissíveis que podem ser evitadas com o uso do preservativo. Então, eu vejo o PrEP com bons olhos, acredito que é uma política pública importante para conter o avanço da AIDS. Mas, eu entendo que a gente não pode abrir mão do método tradicional de proteção que protege outras doenças.
GB: Como você avalia o governo de Bolsonaro?
Israel: O governo Bolsonaro é inimigo da comunidade LGBTQIA+. O governo Bolsonaro, se pudesse, acabaria com os direitos dessa comunidade, enfrentaria o Poder Judiciário e Legislativo (como já vem fazendo), e destruiria toda nossa legislação em relação aos direitos humanos. Ele certamente perseguiria a comunidade ativamente. É um governo autoritário, golpista, ditatorial, incompetente e que precisa ser derrotado. Porque, caso contrário, o Brasil vai amargar o fim da sua democracia. Nós precisamos tirar o Bolsonaro e vamos ter uma longa tarefa de derrotar o bolsonarismo a longo prazo.
GB: Como o governo pode proteger a comunidade LGBTQIA+ da monkeypox?
Israel: Estamos vendo, mais uma vez, o governo federal sendo irresponsável na condução de um problema de saúde pública. O presidente Bolsonaro tem cruzado os braços diante da monkeypox e não podemos mais aceitar isso. Por isso, eu entrei com uma ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra Bolsonaro e a inércia do governo. Na ação judicial, requeremos medidas para o controle da doença, como a priorização da comunidade LGBTQIA+ na vacinação contra o vírus.
Além de priorizar a comunidade, também pedimos pela criação de um Plano Nacional de Combate à disseminação do vírus e uma campanha de vacinação. Não podemos assistir tamanha irresponsabilidade. Vamos fazer uso de todos os recursos judiciais para ganhar essa ação e obrigar o governo a imunizar os mais expostos à doença e proteger todos os brasileiros.
Confira a lista de candidaturas LGBTQIA+ de 2022 neste link.
Lista de candidatos LGBTQ+ nas eleições 2022 | Deputados, Senadores, Governadores
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