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Artista e influenciadora digital, Ariadna Arantes (PSB) é candidata a deputada federal em São Paulo. Formada em Estética, a ex-BBB tem 38 anos e é uma das entrevistadas da semana no especial “Eleições 2022” do Gay Blog BR.

Ariadna Arantes, candidata a deputada federal pelo PSB de São Paulo (Foto: Reprodução/ Facebook)

Ariadna ficou nacionalmente conhecida em 2011, por ser a primeira mulher trans a participar de reality da TV Globo, o Big Brother Brasil. Em 2021, também disputou o No Limite. No entanto, ela diz que sua carreira não se limita a televisão, já que há anos atua na militância LGBTQIA+.

“Fico incomodada por não citarem o meu papel social na militância e ativismo que faço nas redes desde o BBB. Sempre estive na linha de frente e, há 11 anos atrás, fui uma cobaia de mídia para a pauta trans […]. O que venho propondo, ao entrar na política, é projeto de força, de demonstração e relevância que nossa comunidade tem. E propor união dentro e fora da comunidade”, afirma Ariadna.

Entre suas propostas, a candidata diz que lutará pela diversidade, intolerância religiosa, mulheres, segurança digital e educação. Um de seus projeto está ligado ataques digitais. “Me reuni com um dos maiores especialistas em crimes digitais, para desenvolvermos juntos e entender a melhor maneira para tornar a internet um local mais seguro”, conta a influenciadora.

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Já a decisão de entrar para a política veio após o convite de um partido de direita, que foi recusado. “Nesse momento acendeu em mim um grande questionamento e fui levada à várias reflexões sobre minha vida e minha intervenção na sociedade ao qual estou inserida. Decidi então buscar maneiras para contribuir com o coletivo […] de forma estruturada e organizada a minha militância”, explica a candidata.

Ariadna Arantes (Foto: Reprodução)

GAY BLOG BR: Qual a sua formação e trajetória profissional? 

Ariadna Arantes: Sou formada em Estética: micropigmentação, técnica em remoção de pigmentos e microagulhamento, pelo instituto James Olaya (Campinas – SP) e Make Up artist pela Kryolan Academy (Napoli, Itália). Também sou atriz pela Nova Escola de Teatro no Rio de Janeiro. Participei de realitys e fiquei nacionalmente conhecida por participar do BBB 11 e ser a primeira mulher trans a participar do reality da TV Globo. Me tornei uma militante e ativista dos direitos e das causas minoritárias, da comunidade LGBTQIAPN+ das mulheres e no combate à intolerância religiosa, por ser uma mulher iniciada no culto aos orixás no candomblé. Ano passado, em 2021, fui a primeira mulher trans no reality No Limite, e fui a primeira mulher trans resignada a ser rainha de bateria na história do carnaval carioca.

GB: O que motivou a se candidatar?

Ariadna: Entrei na política através de um convite que recebi de um partido de direita, convite esse que neguei prontamente sem nenhuma indagação. Nesse momento, acendeu em mim um grande questionamento e fui levada à várias reflexões sobre minha vida e minha intervenção na sociedade ao qual estou inserida. Decidi, então, buscar maneiras para contribuir com o coletivo, fazer o que eu já fazia, porém, dessa vez, de forma estruturada, organizada a minha militância.

GB: Quais os desafios enfrentados ao ser uma candidata abertamente LGBTQ+?

Ariadna: Infelizmente, um dos maiores desafios é o que ocorre dentro da própria comunidade. Infelizmente, temos a cultura de que LGBTs não votam em LGBTs, chegando ao ponto da Parada do Orgulho de São Paulo ter como tema ‘VOTE COM ORGULHO’. Sendo assim, fica difícil militar ou até mesmo pensar em legislar. Nós não temos leis em nosso país sobre essas pautas. Toda e qualquer regulamentação vem pelo judiciário. Isso porque existem alguns tratados como o pacto de San José da Costa Rica, sobre os direitos humanos e claro também os direitos da nossa comunidade. 

GB: Quais são as suas principais propostas? Há pautas exclusivamente para LGBTQ+?

Ariadna: Sim, claro. Minhas principais propostas serão as causas minoritárias, a diversidade, intolerância religiosa, mulheres, segurança digital e educação. Tenho já em mente um projeto e esses dias me reuni com um dos maiores especialistas em crimes digitais, para desenvolvermos juntos e entender a melhor maneira para tornar a internet, que é hoje nosso maior local de tempo, um local mais seguro. Favorecendo com prioridade as causas LGBTs mas também a todos os outros. Fazer com que fique mais acessível a proteção e as denúncias aos ataques também digitais, mas que acabam trazendo problemas físicos por tanto preconceito; racismo, fobias e humilhações públicas. 

Eu, como influenciadora digital, sei de cada ataque e o efeito que esse tipo de comportamento de pessoas que acham que internet é uma terra sem lei, atinge na saúde mental e física. O quanto ser influenciadora e mulher trans, eu me sinto desprivilegiada. Pelos ataques, pelo preconceito. E tudo isso precisa ser combatido, essa violência contra nós. Nosso caráter não tá ligado a nossa condição sexual ou sexualidade e precisamos ter leis que nós garantam a dignidade e orgulho de ser quem somos

GB: Quais medidas você acredita serem necessárias para combater a LGBTfobia?

Ariadna: Educação é sempre a melhor opção. Acho que deveriam ser criados projetos pelas escolas, por exemplo: conscientizando os jovens com a verdade nua e crua. Mostrando o quanto ser LGBTQIAP+fobia, causa violência e mortes. Se não conseguirmos agora, pelo menos que seja para conscientizar a nova geração. 

GB: O que você pensa sobre o uso e políticas da PrEP?

Ariadna: Eu acredito que o PrEP é maravilhoso. Eu mesma tomo como medida preventiva. Precisamos expandir e trazer mais conhecimento das pessoas sobre isso. Em São Paulo, muitos sabem o que é, porém a maioria é LGBT. É um sistema do SUS. O governo já promove, porém, precisa ser mais informado e acessível à toda a população. Infelizmente, por ser mulher, vivo numa sociedade machista que, a todo tempo, mulheres são assediadas e estupradas

GB: Como você avalia o governo de Bolsonaro?

Ariadna: Governo não, desgoverno não é?! Acho que, apesar de ter vivido muitos anos fora do Brasil mas continuar como contribuinte, eu nunca vi o Brasil tão perigoso, desunido.  Foram vários fatores além disso. Negligência sanitária e econômica, um presidente sem modos, totalmente despreparado. Discursos cheios de ódio e discriminação e a perpetuação da supremacia branca.

GB: Como você lida com críticas de pessoas e mídias que te resumem apenas a participação em realitys? 

Ariadna: Fico incomodada por não citarem o meu papel social na militância e ativismo que faço nas redes desde o BBB. Sempre estive na linha de frente e, há 11 anos atrás, fui uma cobaia de mídia para a pauta trans, fui tratada como chacota. Tive que enfrentar tudo sozinha, sem o apoio de uma comunidade que temos hoje. Não acho que seja possível reduzir minha participação na militância ao reality. O que eu passei, naquela época, não desejo ao meu maior inimigo. Com certeza hoje eu não teria condições de passar novamente. E o que venho propondo ao entrar na política, é projeto de força, de demonstração e relevância que nossa comunidade tem. E propor união dentro e fora da comunidade.

Confira a lista de candidaturas LGBTQIA+ de 2022 neste link.

Lista de candidatos LGBTQ+ nas eleições 2022 | Deputados, Senadores, Governadores




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Jornalista gaúcho formado na Universidade Franciscana (UFN) e Especialista em Estudos de Gênero pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM)