O ator e cantor paulistano Guil Anacleto, 30 anos, é um dos protagonistas da mais nova novela das sete da TV Globo: “Fuzuê”, escrita por Gustavo Reiz com colaboração de João Brandão, Juliana Peres, Michel Carvalho e Luciane Reis. Seu personagem, Bartô, é um artista independente e diretor do “Beco do Gambá”.
“Ele tem o coração do tamanho do planeta e está sendo muito gostoso construir esse coração dele para transmitir o sentimento às pessoas que vão assistir à novela”, conta Guil. “Esse personagem é um presente para mim, porque já encontrei muitos ‘Bartôs’ na vida, que são artistas independentes, que fazem parte da comunidade LGBTQIA+, assim como eu, e que lutam e se apoiam na arte para transformar, não o mundo todo, mas seu próprio mundo e fazer da arte a força motriz, um lugar de apoio, suporte, que dá direcionamento a tantas pessoas”, completa.
Quanto à vida particular, o artista comenta que não foi fácil se entender como uma pessoa queer. “Não sou hétero, mas será que sou bi, pan ou gay?”, questionava-se o ator antes de se entender.
“A vida toda, por conta da heteronormatividade compulsória, eu vivi sendo colocado em caixinhas que eu não pertencia. Quando entendi que o termo ‘queer’ me permite ser livre de estar em ‘caixas que me limitam’, apesar de entender a importância dos outros rótulos para a sociedade, me identifiquei e finalmente me senti confortável. Acho os rótulos muito válidos e, no meu caso, o termo ‘queer’ me abraçou e eu me identifiquei de uma forma que não aconteceu com nenhum outro”, diz.
Segundo o artista, o personagem também tem um grande simbolismo pessoal, já que se trata de um homem da comunidade LGBTQIA+, artista independente e diretor de uma companhia de teatro, tendo uma história de vida bem semelhante à do próprio ator.
Guilherme Anacleto da Silva nasceu em 20 de junho de 1993, na cidade de São Paulo. Desde criança, ele praticava canto e atuações em peças da igreja, e a paixão pela arte o acompanhava desde a infância, já que gostava de assistir a novelas, e sua família fazia parte de uma escola de samba e tinha um grupo de pagode.
Durante a época em que cursava o ensino médio, em 2008, Guil Anacleto fez um curso de teatro vocacional durante um ano, participando não apenas como ator dos espetáculos, mas também na organização e distribuição de papéis nas peças, com sua professora.
No entanto, acabou adiando seu sonho de ser artista ao prestar vestibular em 2010, quando ouviu de seu pai que precisava seguir uma profissão “que desse dinheiro” e, nesse contexto, entrou para a Universidade São Judas Tadeu em 2011, cursando Arquitetura e Urbanismo. Com bolsa de 100% pelo ProUni, Anacleto se formou em 2015 e juntou dinheiro para investir na carreira de cantor, ganhando renda extra vendendo doces na faculdade e realizando alguns trabalhos na área.
Em 2016, teve seu primeiro contato mais profissional com as artes dramáticas ao ganhar uma bolsa para um curso de férias na escola CP Musical, desenvolvendo práticas de teatro musical. Nessa mesma época, postava covers de artistas famosos em seu canal no YouTube, como Whitney Houston, Mariah Carey e Beyoncé. No ano seguinte, passou a criar outros tipos de conteúdo, indo para uma vertente mais cômica e parodiando músicas famosas.
De lá para cá, realizou diversos trabalhos, incluindo uma apresentação da música “The Greatest Love of All” da Whitney Houston, contando com sua mãe na plateia, o que considera um dos momentos mais emocionantes de sua vida. Em 2019, entrou para a Cia do Ladrinho e fez algumas peças autorais, até conquistar um espaço na série “Pico da Neblina”, da HBO.
Durante a pandemia de Covid-19, Guil Anacleto estudou no curso “Shakespeare no Brasil” e também cantou no espetáculo “DZI Croquettes – 45 anos”, a convite de Ciro Barcelos, membro original do grupo.
Em 2021, recebeu um convite para participar do canal “Quebrando o Tabu”, integrando a equipe da página e apresentando o quadro “Giro de Notícias”. Com a visibilidade alcançada, recebeu um e-mail da Rede Globo no final de 2022, convidando-o para um teste de elenco e, após passar, conseguiu o papel de Bartô.
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