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A música brasileira está repleta de referências LGBT+, no entanto, o pagode sempre foi um estilo musical carente de artistas gays. Para quebrar isso, eis que surge João Rosa, cantor e compositor, que tem chamado atenção por investir no “pagode poc”.

Irmão do cantor Karan, membro do grupo Atitude 67, João Rosa já tem dois trabalhos no ar: “Amar sem sentir culpa” e “Tô Correndo de Briga”.

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Reprodução: João Rosa

Ao GAY BLOG BR, o pagodeiro falou com exclusividade sobre carreira, mercado e influências:

Como você descreve esse estilo poc pagodeiro?

- BKDR -
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O Pagode LGBT+ que eu faço é um tanto autoexplicativo: é um pagode que trata das nossas vivências como LGBT+ na sociedade. Vivências múltiplas, desde o amor romântico fofo, aos relacionamentos com problemas, até o preconceito que a gente sofre na pele. O que de fato une todas as minhas músicas, às duas já lançadas e às duas que serão lançadas em abril e junho, é que o foco narrativo é LGBT+.

João Rosa – Reprodução

O meio musical do samba e pagode costuma ser machista, você já sofreu críticas por ser um músico LGBT?

Já sim. Acredito que o meio do samba e o pagode é tão LGBTfóbico quanto a sociedade no geral, que não é segura pra nós LGBTs. Então já ouvi de pessoas do meio do pagode coisas não muito agradáveis. Mas eu fico tranquilo, porque essas pessoas não são meu público-alvo. As pessoas que não gostam do meu trabalho de cara, sem me conhecer, só por eu ser viado, não gostariam de mim em nenhum contexto possível, seja na música ou fora dela. E não é para essas pessoas que eu faço música.

João Rosa - Reprodução
João Rosa – Reprodução

Existem poucos cantores e compositores no samba e pagode que são LGBT, quem são suas influências dentro de um segmento com poucas referências LGBT?

Das LGBTs a Leci Brandão é a maior referência. A Ludmilla também tem feito trabalhos bem legais no pagode, o álbum “Numanice” dela tá muito muito bom. Mas fora das LGBTs tem bastante gente que eu admiro muito também. A galera da década de 70/80, como Fundo de Quintal, Beth Carvalho, Zeca Pagodinho, Arlindo Cruz, Sombrinha, etc. Na década de 90 tem Negritude Jr. , Katinguelê, Exaltassamba, Pixote, etc. Mais recentes tem o Menos é Mais, o Atitude 67, Mumuzinho, e muitos outros.
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Reprodução: João Rosa
Geralmente os gays curtem música dance, eletrônica e pop, você curte esses estilos também? Investir no samba/pagode foi também uma forma de obter destaque na música dentro de um segmento musical carente de artistas LGBTs?
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Eu tento ouvir de tudo, até porque quanto mais música a gente ouve mais referências a gente tem pra construir nossa identidade musical. Acredito que trazer a temática LGBT+ pro samba e pro pagode não traz destaque por si só, mas acredito que têm muitas LGBTs que gostam do estilo, mas que ainda não se viam muito representadas nas composições e nas narrativas, e acredito que essas pessoas podem construir um mercado legal pra mim e pras outras LGBTs que fazem ou farão música no segmento. Espaço pra isso eu acredito que tem!
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João Rosa - Reprodução
João Rosa – Reprodução
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Suas canções são de sua autoria?

Sim! Tanto a “Amar Sem Sentir Culpa” e a “Tô Correndo de Briga” (meus dois primeiros singles) quanto às duas próximas músicas que virão aí são composições minhas.

No passado, quando perguntavam para um artista em início de carreira onde  gostaria de chegar, muitos diziam MTV (ter um clipe exibido no extinto canal). Onde o João Rosa quer chegar?

Meu maior sonho é poder viver com conforto somente da minha música, sem precisar ter outras fontes de renda. Qualquer coisa para além disso é só uma extensão desse sonho.

Você tem recebido algum tipo de crítica da comunidade LGBT etc?

Às vezes chega uma coisa ou outra, mas fico bem feliz que a grande maioria das críticas venha de cisheteros preconceituosos, que são pessoas que não gostariam do meu trabalho de forma alguma.
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