Uma startup com impacto social focada em desenvolver soluções tecnológicas de saúde para a comunidade negra. Esse é o projeto AfroSaúde, fundado pelo cirurgião-dentista Arthur Lima e o jornalista Igor Leo Rocha. A ideia surgiu da dificuldade de uma amiga para encontrar um dentista negro após ser vítima de discriminação e problemas similares envolvendo o preconceito.
“Começamos a empreender do zero, onde cada um trouxe um pouco do seu talento para construir um negócio pautado na diversidade com objetivo da transformação social. O Igor com o seu conhecimento de comunicação corporativa e negócios e eu, com meu conhecimento da área da saúde”, conta Lima em conversa com o GAY BLOG BR.
Além de sócios, Lima e Rocha estão casados há quase seis anos e dividem o dia a dia nas redes sociais. “Confesso que temos alguma vantagem em relação a publicizar o nosso relacionamento perante família, amigos e por meio das nossas redes de trabalho, visto que vivemos no país que mais mata LGBT no mundo. Possuímos uma rede de afeto muito forte e sabemos que nem todas as pessoas possuem essa vantagem”, pontua o cirurgião-dentista.
No entanto, por serem homens pretos e LGBTQIA+, algumas dificuldades acabam surgindo no caminho do empreendedorismo. “Um dos grandes desafios de negócios criados por pessoas como nós, que fogem do padrão branco, hétero, cisgênero e sudestino ainda é o acesso a capital. Empreendedorismo não é sobre glamour e visibilidade. Envolve dinheiro, relacionamento e conexões. E a gente sabe muito bem o esforço que precisa ser feito para furar as famosas bolhas do ecossistema e nos fazermos visíveis”, afirma Lima.
“Mais uma vez, assim como parte da sociedade não consegue enxergar a potencialidade de dois homens pretos, para dois homens pretos e LGBTQIA+ é muito mais difícil, e muitas pessoas arregalam os olhos ao se depararem com a nossa trajetória profissional individual e em como estamos, juntos, construindo a AfroSaúde”, acrescenta o cofundador do AfroSaúde.
Mesmo com as adversidades que impactam nos marcadores de raça, Lima e Rocha desenvolvem o AfroSaude com excelência e hoje são referências na área da saúde e diversidade no Brasil. “Entendemos os desafios que nós, LGBTQIA+, enfrentamos todos os dias, em todos os espaços, mas nunca perdemos de vista o marcador racial. Isso nos faz perceber com mais facilidade as nuances que envolvem o fato de sermos negros em uma sociedade que ainda luta contra o racismo diariamente e tenta resolver questões latentes como homofobia e xenofobia, por exemplo”, comenta Rocha.
“Nos entendemos como negros, gays, nordestinos e todos esses marcadores se tornam, de certa forma, dificultadores em alguns processos envolvendo nosso negócio. Por isso, a nossa maior conquista é, sem dúvida, ter a possibilidade de seguir em frente, mesmo com todas essas questões. […] Mas entendemos que só conseguimos construir isso por conta do nosso entendimento de que pertencemos a estes marcadores sociais e isso faz muita diferença quando desenvolvemos as soluções na AfroSaúde”, finaliza o jornalista e cofundador do AfroSaúde.
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