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O ex-VJ Max Fivelinha atualmente leva uma vida pacata na companhia de cães e galinhas em um sítio no interior de Minas Gerais. No passado, Max chegou a apresentar vários programas na MTV brasileira e era, às vezes, necessário ser escoltado por seguranças, tamanho o assédio do público nos programas gravados nas praias.

Aos 58 anos, Max continua com o espírito jovial e bastante comunicativo. Em entrevista exclusiva para o GAY BLOG BR, o ex-apresentador falou sobre inúmeros assuntos com uma dose de saudosismo e pé no chão. 

max fivelinha
Reprodução/Instagram

Você nasceu em uma cidade de nome bastante curioso: ‘Ipanema’, no interior de Minas Gerais.

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Eu realmente nasci em Ipanema, dizem que hoje a cidadezinha possui 25.000 habitantes. Eu saí de lá com 12 anos de idade. Nasci naquelas fazendas de pau-a-pique centenárias que tinha alpendre, tinha um terreiro para brincadeiras, uma cachoeira enorme com uma mata… uma coisa mais linda. Meu pai tinha gado, essas coisas de sítio. Eu tive uma infância felicíssima, tinha muitos primos que moravam perto, tinha uma escola, uma igreja, era quase uma comunidade, um lugar lindo. Aos dez anos me mudei do sítio para a cidade (Ipanema) e aos 13 anos eu já estava em São Paulo trabalhando em uma empresa. Pode acreditar, eu tive o meu primeiro emprego de carteira assinada aos 13 anos. Mas a minha infância foi uma infância felicíssima. Se toda criança pudesse brincar como eu brinquei, acho que todas as crianças seriam mais felizes, sem ficarem presas no apartamento. Hoje em dia não tem jeito, a cidade grande pede isso. Eu sou de uma família grande, de sete irmãos, e a gente se dá muito bem. De vez em quando eu vou a Ipanema, que é perto de Caratinga, terra do Ziraldo e do Agnaldo Timóteo. Acho que respingou em mim uma veia artística.  

Você foi da primeira geração de funcionários da MTV e foi contratado como maquiador, certo?

Eu entrei na MTV quando ela estava a uma semana no ar, bem no comecinho. Era lá no Largo da Batata, acho que era na rua do Instituto Tomie Ohtake. E o estúdio era todo de qualquer maneira, de telha de amianto, um calor. Comecei no dia 5 de novembro de 1990. Os estúdios não tinham nem acústica. Ao lado tinha um cachorro que latia e, quando ele latia, tinha que parar a gravação e aquilo ia atrasando as gravações. E os VJs demoravam muito pra gravar as ‘cabeças’ de apresentação de videoclipe. Mas era uma época muito feliz, todo o mundo se encontrava, tinha uma sala grande e tinha um banco de madeira com uma televisão de tela plana e grande para apresentar os videoclipes novos que chegavam. O maior bafo foi o dia que chegou o vídeo clipe “Justify My Love” da Madonna, em preto e branco, em que ela beijava uma modelo no videoclipe. Aquilo foi um rebuliço durante várias horas do dia, a cada hora musical começava com a Madonna “Justify My Love”

Eu fui muito feliz como maquiador, tive uma carreira meteórica. Comecei lá como assistente para tirar o brilho no estúdio, passar um pó no apresentador. E virei um maquiador conhecido; fiz muitas capas de revistas, muitos editoriais, muita publicidade, porque além da MTV eu trabalhava muito na publicidade. Quase não tinha final de semana, foi um trabalho que eu gostava muito, eu fui bem feliz como maquiador. Aprendi olhando, nunca fiz curso e eu fazia as duas coisas muito bem: cabelo e maquiagem. Eu não sou cabeleireiro de cortar cabelo, não tive a pretensão, mas eu montava cabelo muito bem e maquiava muito bem. Tive uma carreira muito bem sucedida aprendendo na MTV. 

Lembra quem foi a primeira pessoa que você maquiou na MTV?

A primeira pessoa que eu maquiei na MTV foi a Maria Paula e foi um desastre. Usei uma sombra verde escura e caiu na parte de baixo do olho dela, era sombra de brilho, ela queria de todo jeito usar. A Maria Paula, muito bem humorada, caiu na gargalhada e a gente se divertiu, foi meu primeiro realmente desafio como maquiador. Acho que por isso eu tenho uma lembrança muito boa da Maria Paula. A gente se adora até hoje, alguém até já perguntou se nós somos irmãos ou parentes por causa do pescoço, ambos temos o pescoço comprido.

Reprodução

E como acontecer de você virar VJ?

Olha… Eu virei VJ praticamente empurrado. Porque todo ano, quando tinha aquele monte de teste com milhões de pessoas… modelos, pessoas comuns, todo mundo pedia para eu fazer [o teste para VJ]. Eu tinha muita amizade com os câmeras, iluminadores, o “povo do estúdio”, como é chamado, que são as pessoas que a gente tem que ter o maior respeito e que a gente tem que se dar muito bem, porque eles entendem de tudo. Quando eles falam que alguém vai fazer sucesso, faz. Quando eles falaram que “não”, é muito difícil acontecer realmente. Aí todos pediam, especialmente o Élcio, que é um dos primeiros câmeras que eu fiquei amigo lá e ele já era mais velho do que os outros. Ele sempre perguntava por que eu não fazia teste. E a minha resposta era: “Não vou fazer porque não quero servir de chacota para ninguém”. E aí o Cazé [Peçanha] também insistia, eu até fiz algumas participações quando era maquiador em alguns programas do Cazé. E quando ele escreveu junto com a equipe dele o ‘VJ por 1 dia’, eu aparecia maquiando, porque era um programa de verão, eram oito programas que a gente tinha que gravar em dois finais de semana em tempo recorde na praia, onde os VJs eram as pessoas do público, o público da MTV, as pessoas que assistiam à MTV iam lá fazer o teste. Eram testadas quatro pessoas e no final uma pessoa era tida como VJ por 1 dia, daí ela apresentava o videoclipe no final do programa. Então isso era feito na praia, minha cadeira ficava lá na praia. Tinha a menina do figurino que fazia junto, que era Adriana Yoshida, ela dava as dicas de figurino e eu dava as dicas de maquiagem. Eu aparecia comentando sobre isso, mas não era para ser isso. O Cazé começou a pedir que eu desse opinião e aí eu era bem grosso, porque eu não queria falar, eu morria de vergonha. E era uma coisa nonsense, não tinha texto nenhum. Eu falava assim: “Olha, eu gostei do cabelo desse menino, eu vou votar nele por isso” ou então eu dizia: “Achei que ele foi tão mal no texto, ele nunca vai ser apresentador, é por isso que eu gostei dele”. Esse programa foi o maior sucesso daquele verão de 99, foi para o ar sem patrocínio e ele foi adotado depois de dois meses para a grade já para ter uma temporada de 1 ano certinho. O Cazé que era o apresentador de cabelos longos nesse programa de praia, ele já estreou de cabelo curtinho quando o programa veio para a grade anual. Ele queria raspar e eu raspei a cabeça dele. E aí ele usava os ternos chiquérrimos da Hugo Boss, aí ele virou outro apresentador, um outro cara. E aí o Cazé, em menos de um ano, conquistou a Globo, virou a pessoa do momento, o VJ do momento, o mais querido, o mais adorado por todos, o programa virou um mega sucesso. Bom, aí a equipe técnica do programa bateu que eu tinha que continuar fazendo, criaram uma participação especial para mim e não teve teste, já fui logo. Eles queriam que eu ficasse fazendo [o programa] e eu criei aquele personagem. Eu vinha do teatro, aquilo era mais personagem mesmo, eu estudei teatro, a minha base é o teatro, eu estudei por cinco anos, eu tenho uma formação muito bacana de teatro, muito rigorosa, muito respeitada, nunca tinha usado e achei que nunca ia usar. E aí eu fazia puro teatro, eu diria até que eu e o Cazé fazíamos stand-up, aquilo era stand up, o ‘VJ por 1 dia’, era stand-up o tempo todo dos candidatos a VJ do programa. A gente não tinha um texto pré-editado, escrito, a gente tinha uma marcação, a gente tinha um roteiro, mas falávamos o que queria e a maioria do que falávamos não era editado, era tudo muito espontâneo, eu tinha a liberdade para falar o que eu quisesse, usar o figurino que eu quisesse. E eu usava objetos de cena, revistas, bolsas… Enfim; eu era muito paramentado, as ideias eram todas minhas. A direção do programa e o Cazé compravam tudo e aí o programa virou um sucesso. O primeiro ano foi com o Cazé, ele foi pra Globo e a segunda temporada, que foi mais um ano, foi com o Thunderbird… E por aí foi.

Max, Edgard Piccoli e Sabrina Parlatore no programa do Fábio Porchat – Reprodução

Quantos programas você fez na MTV?

Eu fiz oito ‘Verões’ seguidos na MTV , todos os ‘Verões’ a partir do momento que eu estreei em 1999. Eu gravei 1998 o VJ por 1 dia para eles estrearem em 1999 e, a partir daí, eu participei de todos os Verões até 2004. Eu fiz trio com o Edgard e a Sabrina, eu fiz dupla com o Edgard… E Sarah [Oliveira] e Tatiane Mancini, que apresentava o ‘Erotica’… Enfim, eu trabalhei muito em dupla, em trio, e durante os verões.

E ‘Ilha das Fivelas’ e ‘Em Busca da Fama’ como eram?

Foi o programa de 2001 do Verão, nós éramos sete VJs e cada um tinha seu quadro. E o Julio Piconi fez para mim; ele era o diretor do programa de Verão de todo mundo, com uma equipe grande, foi a equipe maior de um programa de verão porque eram sete VJs. Acho que tinha 45 pessoas que viajavam juntas; era muito equipamento para fazer esse Verão nas praias. O Júlio escreveu para mim a Ilha das Fivelas. Em um bate-papo nosso, ele me fez uma entrevista e me perguntou o que eu achava da ilha de Caras. Eu disse tudo que achava da Ilha e a gente bateu no artifício da comédia. Eu sempre estive muito bem esse lado da comédia porque eu acho que é assim: ou você é engraçado ou você não é ou você sabe contar piada. Eu jamais contaria piada, eu realmente ia morrer de fome. Eu não conto piada e não falo palavrão. Então, são duas coisas que eu não uso, mas eu usei o meu humor azedo, meu humor de mau-humor de todos os tipos na Ilha de Fivelas. Eu trocava de roupa na frente das pessoas porque era tão rápido que eu tinha que aproveitar o tempo do público para ter público, era uma multidão. Ali foi o meu grande sucesso. A primeira semana que foi para o ar nós gravamos em Salvador em Lauro de Freitas. Nós gravamos nessa praia da Bahia durante seis anos seguidos e a gente sempre fazia essa praça (que era como eles chamavam por causa de patrocinador). Enfim, aí foi um verão que ele era um verão de sete pessoas juntas. Você tinha uma hora para gravar cinco programas, dez programas, era tudo muito corrido, muito trabalhoso porque todo mundo tinha que gravar todo dia. Nós tínhamos uma agenda para cumprir para partir para a próxima viagem que podia ser… não me lembro se era Rio, São Paulo, Rio Grande do Sul ou Santa Catarina ou no Nordeste de novo, Fortaleza, Natal. Enfim, a gente estava nas praias e aí Ilha de Fivelas foi o meu maior sucesso. Gravei com a maior insegurança, tudo que eu fazia de errado, todas as minhas bobagens, as minhas besteiras, as histórias que eu contava iam pro ar, praticamente não tinha edição. Era um quadro de 10 minutos que aumentou para 15, eu fazia uma entrada e passou a ser duas a partir da segunda semana… Foi a época que eu mais trabalhei. Eu trabalhei muito, muito, muito… eu trabalhei muito além de fazer a Ilha de Fivelas que era o meu quadro, eu participava do quadro de todos os outros apresentadores e assim era… Todos participavam uns dos outros para poder a coisa ficar mais viva como era a MTV. Eu era uma aposta porque eu vinha do sucesso do VJ por 1 dia de dois anos seguidos e eles queriam me dar um programa. Quando terminou a Ilha de fivelas a gente já pilotava logo em seguida o programa da grade. A Ilha foi, na verdade, o meu passaporte para o sucesso realmente. Eu, depois da segunda semana na praia, tinha que andar sempre com segurança, isso não é mania de grandeza, eu não tenho isso de jeito nenhum, de achar que sou melhor que ninguém. Mas era quase impossível circular por uma praia. Mas era uma paixão que eu nunca imaginei que as pessoas tivessem por mim… As criancinhas, as pessoas mais velhas, as senhoras. Eu chegava na praia e era uma multidão atrás de mim, era uma coisa absurda, eu não conseguia acreditar naquilo. “Por que aquilo?”, eu me perguntava. Essa coisa do sucesso você não mede, enfim, não tem como você saber como vai ser isso, não sei se dá para programar ou não. Aí eu ganhei o Em Busca da Fama, era um programa de duas horas de duração no domingo. Eu e o Levy fazíamos, eu apresentava e ele fazia participação, mas eu sempre digo que ‘nós fazíamos juntos’. No começo tinha a Chris Nicklas, acho que depois de um mês ela saiu. Esse programa, na verdade, durou só 10 meses, porque a gente voltava do verão e já começavam os pilotos. Não tem uma explicação, na MTV era assim, chegava no final do ano, mudava tudo… Mudava as duplas, mudava tudo. Eu não tenho explicação porque o programa saiu do ar, eu nunca perguntei, eu nunca sabia quanto eu dava de audiência, eu não participava disso. Eu me preocupava em fazer bem feito e sempre me preocupei muito com isso. Eu não me assisto, por exemplo, até hoje. Não costumo assistir aquilo que eu faço, eu faço para as pessoas. Acho que nesse mesmo ano comecei a fazer o Gordo a Go-Go com João Gordo e no fim do ano o programa já saiu do ar, era um programa muito grande, muito difícil de fazer, muito complicado, com muita edição, com tempo marcado… com tudo demarcado.

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Quanto tempo você ficou na MTV? 

Eu fiquei na MTV de 1990 até 2004, eu comecei a fazer televisão com o Cazé no VJ por 1 dia, fechei o meu ciclo MTV por acaso. Deve ser coisas do destino, porque o Cazé voltou para a MTV. Eu fechei o meu ciclo com o Cazé no Neurônio, que era um game com dois grupos onde o Cazé perguntava para as pessoas de qual artista da música eu iria aparecer vestido. Eu entrei de Supla, Tina Turner, Kelly Key, Madonna, enfim… As pessoas tinham que adivinhar de quem eu viria vestido. Aliás, esse programa deu origem ao Ding Dong do Faustão há pouco anos atrás, porque o diretor era o mesmo, o Cacá Marcondes, que é quem dirigia o Neurônio que foi feito em 2004. Uma ideia que na verdade eles deram uma mudada e que agora as pessoas têm que acertar a música. Mas, enfim, era o mesmo diretor.

Havia VJs que se achavam estrelas ou eram deslumbrados com a fama?

Claro que tinha, eu não vou falar nomes porque a gente pode ser processado. Óbvio. Não adianta essa história “ah porque você não escreve um livro?” porque não adianta escrever um livro se não puder dizer nomes (risos). Mas tinha. Nossa, qual televisão que não tem? Não existe, aliás por que existir televisão se não tiver estrelismo? A fama nunca me subiu à cabeça porque eu me preparei psicologicamente. Eu não esperava aquele sucesso que eu fiz de jeito nenhum e, por sorte, eu tive uma carreira, eu consegui ficar ininterruptos 19 anos, fazendo… vivendo de uma profissão realmente.

O que você fez pós-MTV?

Quando eu fiz sucesso lá na MTV, a Rádio Mix me convidou. E eu recebi convite de outras duas rádios na mesma semana. Quando eu passei da porta para dentro da Mix eu falei “é aqui que eu vou ficar”. Eles vieram com o programa dizendo “olha, esse é o esqueleto do programa que a gente quer que você apresente”. Era sobre relacionamento, eu recebia dúvidas de relacionamento de todo tipo: em relação a relacionamentos de crianças, adolescentes, de pessoas mais velhas, de casais; era um programa para toda a família, era todo feito no bom humor. Eu tinha um locutor, eu era o apresentador e tinha um convidado. Fui muito feliz fazendo rádio. Com sucessos e sucessos, eu fiquei 14 anos na Mix, porque em 2001 eu comecei a fazer o rádio (paralelo a MTV) e quando saí da MTV fiquei Mix. Eu não imaginava que o rádio seria aquele sucesso e que eu iria me apaixonar tanto. Eu tive todos os convidados que eu gostaria de ter, acho que faltaram algumas pessoas. Eu tive a Zezé Polessa que foi três vezes no programa, ela pedia para ir toda vez que ela tinha teatro. Eu tive Bibi Ferreira, que a produção da peça dela ligou pedindo para ela fazer e eu não acreditei. Ela foi a coisa mais incrível que eu poderia imaginar… de solícita, simpática, participativa. Não é todo mundo que teve a Bibi Ferreira como convidada. Eu tive crise de riso no meio do programa por uma besteira que eu e o locutor falamos, ela leu um e-mail de uma ouvinte no lugar e respondeu enquanto a gente não conseguia voltar e ela se divertiu com isso. Eu tive a Beth Coelho, que é essa atriz fabulosa, ah… todas as bandas… Charlie Brown Jr, que foi milhões de vezes. O recordista de participação foi o NX Zero.

Você fez novela no SBT, como foi essa experiência de atuar?

A novela no SBT eu fui convidado para fazer o teste. Fui fazer o teste, que era [um personagem] romântico. O texto era enorme e eu fui fazer com uma outra menina. Era um casal e tinha que ter beijo; e aí eu esqueci todo o texto, que é comum em mim, porque eu sempre fazia antes tudo de improviso e esqueci o texto. Nós ensaiamos e demos o beijo; aí eu virei para direção quando eu terminei de fazer o teste, pedi desculpa para produção e falei “gente desculpa, eu fui muito mal no teste, mas também, gente, esse personagem acho que não é para mim, para mim tinha que ser uma coisa mais na linha da comédia” e caí na gargalhada. E eles falaram “o teste foi ótimo, e você tá enganado e foi o melhor beijo até agora” (risos). Depois de um tempo que a novela tava andando, eu recebi o convite para fazer a participação. Olha, foi muito difícil, porque eu tinha o texto para decorar, eram duas atrizes veteranas. E é tudo com marcação, eu fazia muita coisa de improviso na MTV e ali eu tinha uma linha que eu tinha que andar, porque não podia sair da luz, não podia sair do quadro onde eu estava e eu tinha que lembrar que eu tinha duas pessoas que tinha que olhar. Você sabe que deu super certo? Eu fui muito bem preparado, eu chegava com o texto na ponta da língua e aí as atrizes até me elogiaram. Eu fiz muita coisa no SBT, muita participação, é um canal que eu gosto. Eu gosto de ir no SBT, eu fui em todos os canais, até na Globo. Eu fiz o Casseta e Planeta lá para o Fantástico com Marcelo Madureira e o Hubert, foi bacanérrimo; eu acho que eu fiz praticamente tudo que um artista pode querer fazer, ainda quero fazer mais, não tenho pressa.

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Você ainda mantém contato com os VJs da MTV? 

Eu falo muito com a Sabrina Parlatore, eu adoro ela. Eu maquiei a Sabrina, depois eu virei apresentador e trabalhei junto com ela. Ela é uma pessoa muito correta e a gente sempre se deu muito bem, eu adoro a Sabrina. João Gordo eu falo com ele de vez em quando, eu fui no programa dele há pouco tempo atrás, eu fui lá no Central Panelaço conhecer [restaurante de propriedade do Gordo], levei um monte de coisa da minha horta pra ele. Falo com a Cris Nicklas, que estava morando em Portugal. Falo com ela de vez em quando, os outros eu não falo não. Eu curto as coisas de alguns na internet, mas não falo há muitos anos. O Cazé que eu tinha muita amizade… eu não falo… sei lá, tem uns cinco anos. Aliás, a gente se encontrou na festa de 25 anos da MTV, que tá fazendo 30 anos. E o Edgar, eu falei há pouco tempo, a gente foi junto lá no programa do Porchat na Record. Mas a minha maior amizade é com a Sabrina. E acho que eu posso dizer com o João Gordo.

Considera o sucesso nocivo? 

Eu não acho o sucesso nada nocivo, acho que você, como apresentador ou como ator,  que trabalhar pensando o tempo todo que você trabalha para uma empresa e que aquele ali é o seu trabalho e que você presta serviço. Sucesso é uma coisa que pode vir junto com o trabalho bem feito. Parece bobagem dizer isso, mas você tem que trabalhar o seu psicológico o tempo todo, se olhar o tempo todo, olhar você pra dentro e saber que isso é um trabalho. A pessoa que faz a faxina, ela faz um trabalho. O meu trabalho como apresentador muitas vezes eu não gostei, eu sempre saía achando que não estava bem feito, mas eu procurava fazer sempre muito bem feito, eu sempre olhei para o meu trabalho como um trabalho numa empresa, como uma pessoa que presta serviço e que eu sou visto pela televisão. Nunca fui empolgado, nunca achei que eu fosse mais que um apresentador de televisão e que aquele era o meu trabalho. Não vejo outra função nisso, nunca fui estrela, nunca quis ser, nunca fui uma pessoa empolgada. Era o meu trabalho, só isso.

É verdade que você ganhava muito mais dinheiro como maquiador do que como apresentador? 

Essa história de ganhar pouco foi deturpada há pouco tempo. Eu já tinha dito isso há 18 anos atrás, a dificuldade que eu tive de deixar de ser maquiador, entre elas, eu era muito tímido, eu tinha muita vergonha, e aí eu não sabia se seria apresentador, tanto que eu fiquei um ano fazendo o “Vj por 1 dia”, que era um sucesso. Só fui deixar de ser maquiador no ano seguinte, um ano depois. Eu fazia muita publicidade, na minha época nos anos 90, nós maquiadores, a gente tinha um grupo que trabalhava muito, tinha muito trabalho, existia muito trabalho. Então a gente ganhava em função de fazer muito. E aí quando eu deixei de ser maquiador da MTV, a TV exigiu que eu fosse mandado embora como funcionário e contratado como artista. Eu resolvi virar aquela página, dei todo o meu material de trabalho para os dois maquiadores que me substituíram, porque tinha acabado de sair também uma outra maquiadora. dei pra eles o material e essa página eu viro aqui. Porque normalmente as pessoas não entendem muito quando você faz duas coisas, eu já imaginei se eu ficar como maquiador e como apresentador, eu vou confundir a cabeça das pessoas, vão dizer que eu não sou uma coisa e nem outra. E quando eu assumi ser apresentador, eu fui de corpo e alma mesmo; então, assim, eu saí de uma demanda de trabalho muito grande para um programa, eu ganhava pouquíssimo e a televisão está cheia, a televisão não é muito isso. Você tem cinco ou seis pessoas ganhando muito dinheiro e um milhão de pessoas da TV ganhando pouquíssimo dinheiro. Essa ilusão que todo mundo acha que você falou um “Oi” na TV você ficou milionário, gente não é isso! A televisão tem uma escala de salário para as pessoas. O primeiro ano foi terrível, no meu segundo ano eu já fazia merchandising, eu já viajava para poder fazer coisas de celebridades, já aumentou meu trabalho… Reassinei o meu contrato. Ele era renovado anualmente e na MTV, todo o mundo era assim, era renovado anualmente, não tinha ninguém com contrato vitalício. No segundo ano já veio e eu expliquei isso, mas tem gente que quer fazer polêmica, mas eu não respondo polêmica de jeito nenhum, só tô explicando para você porque eu acho que você merece uma explicação, mas eu realmente comecei como apresentador ganhando tipo dez vezes menos do que eu ganhava como maquiador, porque eu era um maquiador de nome, mas é porque eu tinha uma demanda de trabalho muito grande. Você imagina quando ganha um cabeleireiro tipo Marco Antônio de Biaggi, Celso Kamura, né? Então imagina, só para citar a diferença, mas enfim, sobrevivi e depois… claro as coisas mudaram, depois de um ano eu fiquei na MTV como apresentador, oito anos e mais alguns tantos anos lá na Mix TV/rádio. E aí vão mudando as coisas. Enfim, só para esclarecer para você.

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Por que você trocou São Paulo para viver em um sítio em Camanducaia, em Minas Gerais?

Eu sempre tive sítio pra cá em Minas Gerais, depois eu comprei em Ipanema junto com o meu pai. No sul de MG, em Camanducaia, tinha uma casa no tempo que eu trabalhava na MTV. Eu tinha uma casa aqui que virou um sítio pequeno e depois virou um sítio maior em 2010. E desde 2016 eu moro de vez aqui, porque é muito perto, são 140 km de São Paulo. Ás vezes vou fazer alguma coisa em SP e volto no mesmo dia, sempre faço bate volta e quando preciso ir. Eu tenho com quem deixar os meus cachorros e as minhas galinhas; hoje em dia são as minhas companhias em tempos de pandemia. Estou com uma reforma na minha casa há quatro meses e eu sou muito feliz aqui no sul de Minas. Eu gosto muito daqui, das pessoas, da cidade… Embora eu tenho reclamado porque eu tenho achado o inverno aqui meio longo, em maio geou muito como não geava há muito tempo. 

Está namorando? Solteiro?

Eu moro sozinho e estou sozinho desde 2005, mas na verdade é assim, eu nunca disse nem que namorei, nunca fui casado, não tenho pretensão, acho que jamais vou casar, mas  talvez isso ainda mude um dia na minha vida. Não sei se alguém vai me querer um dia, mas eu “fico”, afinal de contas estou muito vivo. Eu tenho uma vida que eu mantenho uma rotina mesmo ficando mais numa chácara, eu vou para uma academia todos os dias. Minha grande companhia são os meus quatro cachorros, dois grandes e dois pequenos. E tem as galinhas, porque eu adoro o galo cantando de madrugada. E d’angolas, eu tenho a companhia delas. Inclusive eu tenho uma horta, faço uma plantação orgânica, tenho alguns pés de frutas e tenho vizinhos do lado, me dou bem com eles, eles gostam de mim, as pessoas param para conversar comigo, eu paro para conversar com elas, enfim, eu levo a vida de uma pessoa comum.

Não se sente sozinho?

Recentemente vieram dois amigos de São Paulo, eles são amigos e não se viam há cinco meses e eu não os via há quase um ano. Falamos quase todos os dias, mas eles em SP e eu aqui. Vieram e passaram 15 dias aqui em casa e me ajudaram muito no meu jardim. Então é assim, eu tenho minhas atividades. Eu não fico parado nunca, eu leio bastante, eu tenho muitos livros, eu tenho os meus CDs que voltei a ouvir, organizei as revistas. Enfim, não estou parado na pandemia.

Podemos dizer que você é uma pessoa feliz e realizada?

Eu acho que me sinto uma pessoa bem realizada. Tenho muita vontade de voltar para a televisão, quem sabe fazer rádio. Estou programando alguma coisa para o Youtube a partir do ano que vem, se Deus quiser. Era pra ter sido este ano, que era uma coisa meio comédia. Vai ter poema, vai ter viagem, vai ter talvez música, tudo eu fazendo, alguma coisa de personagem, mas acho que vai ficar para o ano que vem. Essa pandemia me tirou muita vontade de fazer as coisas e eu ainda perdi a minha mãe em abril, não foi por Covid, foi por outras coisas que ela já vinha tratando. Minha mãe ia fazer 81 anos em maio, perdi meu pai no ano passado. Eu passei uma fase muito dura no último ano, fiquei muito triste por um tempo, mas eu convivi muito com o meu pai e a minha mãe, eu aproveitei muito eles. Eu tenho uma família muito grande e aí o que está ficando são as lembranças muito boas. E a tristeza, ela vai diminuindo porque você tem que tocar a vida, viver o dia a dia. 




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