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Israel é um dos poucos países do Oriente Médio onde direitos igualitários avançam, sobretudo com o esforço de parlamentares abertamente LGBTQIA+, como Yorai Lahav-Hertzano (33). Em 2019, o primeiro-ministro de Israel indicou o deputado Amir Ohana (46), declaradamente homossexual, para chefiar o Ministério da Justiça. Previdência social, adoção de crianças e barriga de aluguel já são uma realidade para gays do país, que é centro das três maiores religiões monoteístas da atualidade.
Ainda que alguns representantes israelenses do Judaísmo, do Cristianismo e do Islamismo apresentem visões negativas a respeito de pessoas LGBTs, os partidos ortodoxos não conseguem obter a maioria parlamentar para derrubar resoluções progressistas a favor da diversidade. Com o avanço no âmbito político, o conflito mais tenso se volta ao lar das famílias ultraconservadoras.
Localizado em um bairro tradicional de Tel Aviv, o abrigo Beit Dror, que completa vinte anos de existência neste ano, acolhe adolescentes de 12 a 18 anos que não são aceitos pelas famílias. Único do estilo em Israel, os jovens expulsos de casa por serem LGBTQIA+ vêm de diversas regiões e ficam alojados por um período máximo de três meses.
“A primeira coisa que as pessoas expulsas de casa precisam é de uma refeição quente, um chuveiro e uma cama. A cada dia, organizamos uma agenda para cada morador com plano pessoal adaptado às suas necessidades. Nem sempre é fácil dar o primeiro passo, então ajudamos a encontrar um emprego, um lugar para morar definitivamente e até uma reaproximação com a família. A maioria dos LGBTs expulsos de casa vem famílias conservadoras ou muito religiosas”, conta Yael Sinai, mulher lésbica que dirige o abrigo Beit Dror.

Yael conta que, uma das estratégias para reinserir os jovens na sociedade, é convidar os pais dos desabrigados a conversar com os colaboradores do Beit Dror: “E, quase a totalidade dos casos, os pais vêm conversar conosco, pois eles são esperançosos. Geralmente, vêm aqui para conhecer o lugar. Então, nosso trabalho acaba sendo mais um direcionamento para família. É um risco também para os LGBTs expulsos voltarem aos seus lares, ficamos em alerta. Mas se há essa possibilidade de direcionamento com a família, melhor. Sem família, os adolescentes expulsos de casa acabam sendo explorados nas ruas, vão para as drogas. Eles precisam de dinheiro. Sem oportunidades de trabalho, vão acabar indo para a prostituição. E eu sei o quanto é importante para as pessoas serem aceitas de volta em seus lares, sobretudo serem aceitas sendo LGBTs”.
Adara (nome fictício), uma trans de 17 anos, precisou do apoio do Beit Dror por três vezes. “Aqui, pela primeira vez na vida, senti amor e acolhimento. Eu realmente quero uma família”, relatou. Adara, após chegar ao abrigo, colocou um anúncio no Facebook para encontrar uma família e conheceu uma mulher que se propôs a ser sua mãe. “Mas era quase uma ‘roommate’, não dava o suporte que eu precisava na questão da minha identidade, quase não falávamos. Então, voltei para o Beit. Depois, vivi com uma tia também. Não deu certo, e tive que voltar ao abrigo. Aqui [no Beit Dror] pode haver conflito, mas não com meu gênero”.






Gays têm sido mais aceitos na sociedade israelense, analisa Yael Sinai. Agora a luta é mais com a causa trans. Atualmente, a maioria das pessoas abrigadas no Beit Dror são trans, diferentemente do início do trabalho, há 20 anos.
“Agora, precisamos cobrar os lugares para respeitar pessoas trans, por exemplo, em escolas. Faz apenas três anos que o primeiro colégio para meninas aceitou uma aluna trans. Precisamos também falar de educação sexual, que as pessoas, de forma geral, não tiveram conhecimento em nenhum outro lugar. Famílias ortodoxas não sabem nada sobre ISTs e métodos de prevenção. Na escola, quando há educação sexual, são aulas separadas para meninos e meninas”, conta Yael.
Mesmo com o avanço das políticas para a diversidade, o abrigo não participa de nenhum programa de apoio público e vive de doações. “Somos o único abrigo para LGBTs de Israel. Esse governo atual quer nos ajudar, criar mais abrigos, mas 2/3 dos parlamentares não querem dar dinheiro para esta causa. Ainda há muita luta e precisamos de visibilidade LGBTQIA+. Muitos músicos que poderiam se juntar à causa, por exemplo, são ligados a músicas tradicionais e não saem do armário. Precisamos de mais apoio e visibilidade de artistas. Ainda há muito o que avançar”, finaliza Yael Sinai.
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