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A fascinação com os vikings está no ar: dos videogames às séries de TV, esses guerreiros marítimos escandinavos têm atraído bastante atenção ultimamente. Muita gente acha que eles são piratas loiros musculosos que não poupam ninguém em seus ataques brutais, mas eu vejo muita diversidade e humanidade em sua cultura e em suas histórias.
Sou muito fã de “Assassin’s Creed”, da Ubisoft. Cada um dos 12 games se passa em um cenário histórico, como o Antigo Egito ou o Renascimento italiano. No último, o “Assassin’s Creed Valhalla”, a gente vive a vida do viking Evior. Esse game atiçou meu interesse pela mitologia nórdica, e eu fiquei tão fascinado por ela que fui ver a série “Vikings”, que meus amigos já tinham me recomendado.
A história é inspirada na saga do viking Ragnar Lothbrok, um lendário herói nórdico –e eu recomendo a todos os amigos que amam “Game of Thrones”. O fio condutor das duas séries é bem semelhante, com personagens cativantes tentando tomar o trono. Só que “Game of Thrones” é uma fantasia, e “Vikings” se baseia em fatos históricos. Se você gosta de cenas realistas de batalha, com mortes horríveis, não veja a série, porque na verdade essas pilhagens não eram tão frequentes. Quando não estavam em batalha, os vikings eram fazendeiros que viviam de maneira simples, mas aproveitando intensamente cada momento.
Fiquei viciado na série, e ela me fez pensar muito sobre nossa sociedade, a humanidade e (claro) as redes sociais. Tirando a parte de atacar, torturar e matar, acho que os vikings e suas histórias incríveis podem nos ensinar muitas lições.

Viver em comunidade dá sentido à nossa vida
Por ter vivido em muitos países, percebi que o individualismo marca a cultura da Europa Ocidental e dos Estados Unidos. As pessoas colocam suas necessidades individuais acima das sociais, a independência é altamente valorizada e há muita ênfase em identidade pessoal. O problema é que quem vive em uma cultura individualista tem menos redes de apoio, menor competência emocional e uma saúde mental pior, segundo pesquisas.
Nos Estados Unidos, duas em cada cinco pessoas sentem que suas relações não são significativas e que estão isoladas. Por isso acho uma delícia ver as vilas vikings na série, com seu senso de comunidade e de união, tanto na batalha como na criação dos filhos. Juntos, eles celebravam as vitórias e lamentavam as tristezas. Um dependia do outro. Isso é importante porque somos seres sociais, nossas interações completam a nossa existência e dão um sentido à nossa vida. Esta, aliás, foi uma das lições da pandemia para todos nós: precisamos estar perto de outras pessoas para manter uma boa saúde mental.
Quem vive bem não teme a morte
Os vikings eram corajosos e abraçavam sua mortalidade. Eles encontraram uma maneira de dominar o maior medo de uma sociedade individualista: o de morrer. Por milênios, a vida humana foi bem curta. Hoje temos a maior longevidade de todos os tempos, mas nunca estamos preparados para morrer porque achamos que ainda não cumprimos o nosso destino. Isso acontece principalmente porque cultivamos altas expectativas em relação à vida, e estamos sempre nos comparando aos outros (especialmente nas redes sociais).
Ver gente com corpo esculpido, dando festas chiques e viajando pelo mundo escancara a desigualdade que existe em nossas vidas. Por isso muitas pessoas se sentem insatisfeitas, deslocadas, e começam a desejar uma casa maior, um namorado mais sexy, um carro mais bacana. E assim deixamos de perceber que a satisfação vem do amor, da gentileza, da amizade, do apoio mútuo. Quando somos bons conosco e com os outros e vivemos a verdadeira felicidade, a ideia da morte não é tão ameaçadora –afinal pode haver uma passagem para outra vida, seja ela no céu ou em Valhalla.
A curiosidade é o motor da mudança
Os vikings eram curiosos. Adoravam explorar o desconhecido e queriam saber mais sobre tudo o que viam e tocavam. Tinham a marinha mais avançada de sua época e eram viajantes insaciáveis. Se ainda não podemos viajar, seu desafio para nós é: por que não aproveitar o tempo livre para aprender algo novo (como tocar um instrumento, falar outro idioma, testar uma receita diferente) em vez de ceder à tentação de ver mais um vídeo do TikTok ou passar horas maratonando uma série?
Por que não quebrar a tendência de se acomodar com o que é confortável e aceitar mais riscos na nossa vida? Oportunidades ocultas só aparecem para quem as persegue, ninguém realiza sonhos na zona de conforto. Por que temos tanto medo de explorar, mudar de carreira, de cidade, de país, de sair com alguém que não é nosso “tipo”? Você é ativo? Por que não fazer o passivo para variar? Gosta de filmes de ação? Tente ver um documentário. Temos medo de abrir o peito e de correr riscos porque não queremos ser julgados, então fingimos que nos encaixamos nos padrões. Seguir o rebanho é apenas ter medo de ser a ovelha desgarrada, ou seja, nós mesmos.
Homens e mulheres são iguais
Se comparadas a muitas mulheres da época (e de hoje em dia), as vikings tinham mais liberdade e direitos. Podiam herdar e possuir terras, pedir divórcio e ter um alto status social. Sua força era notável, e elas se dedicavam à esgrima e a desenvolver competências de guerra, além de navegar e batalhar lado a lado com os homens. Elas eram muito respeitadas. Lagertha, primeira esposa de Ranar Lothbrok, é uma das minhas heroínas favoritas em “Vikings”. Além de ser uma viking maravilhosa e cheia de estilo na série, ela é uma figura histórica. Aliás, muita gente discute quem é a loira mais durona: Lagertha ou Danerys, do “Game of Thrones”? Lagertha leva vantagem no combate corporal, mas… Danery tem dragões. Uma luta dura, com certeza.
A curiosidade e a coragem dos vikings são maravilhosas, assim como seu bom coração, sua lealdade, seu senso de propósito e seu desejo de conquistar territórios inexplorados. Hoje em dia, quem ousaria entrar em uma batalha ou abraçar a ideia de morte como eles? Tudo bem, pode ser que a gente não possa viver exatamente como um viking, mas sua cultura nos inspira a ver que todo dia é uma nova oportunidade de imaginar, ter coragem, explorar o mundo e encontrar amizade e amor –jamais esquecendo de sermos gentis.
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