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Estrelada pelo ator, autor e diretor Eduardo Martini, a peça “Simplesmente Clô” é  sucesso de público e crítica desde a estreia em novembro de 2020. O monólogo foi escrito para detalhar a vida e obra do estilista e apresentador de TV Clodovil Hernandes (1937-2009), sendo que Martini chegou a estudá-lo por uma década para compor o personagem para a peça. Em cartaz no Rio de Janeiro, no Teatro da Gávea, os ingressos podem ser adquiridos através deste link.

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Eduardo Martini – crédito: Claudia Martini

Como surgiu o interesse em fazer um monólogo sobre Clodovil?

Há 10 anos, eu comecei a idealizar essa homenagem e fiz uma parceria com Luiz Carlos Goes, um autor maravilhoso do Rio de Janeiro, mas ele acabou falecendo e o projeto ficou “engavetado”. Durante a pandemia, resolvi conversar com o jornalista Bruno Cavalcanti e resolvemos montar o espetáculo. O texto ficou pronto em dois dias.

Depois começamos a ensaiar por videoconferência e chamei a Viviane Alfano para dirigir. Estreamos dia 20 de novembro de 2020. Foi um sonho realizado.

A peça dá um enfoque maior a vida pessoal ou profissional?

Tem um pouco de tudo. Situações verdadeiras e outras criadas pelo Bruno. O mais incrível é que as pessoas sempre dizem coisas como: “essa parte X eu não sabia”.

Como era a sua relação com o Clodovil?

Não éramos muito íntimos, mas fomos amigos. Ele sempre foi muito doce, muito amigo e acima de tudo, incentivou muito meu trabalho.

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Eduardo Martini – crédito: Claudia Martini

Muitas pessoas têm elogiado a sua atuação e a caracterização. Como foi esse estudo dele para não cair na caricatura como tantos humoristas faziam com o Clodovil?

Detesto caricaturas (risos). Eu quis fazer essa homenagem a ele partindo de um ponto que sempre me incomodou: a solidão das pessoas muito inteligentes. Minha ideia foi fazer uma personalidade, e não um personagem. A responsabilidade é grande.

O que mais te chamou atenção na vida do Clodovil, algo que você desconhecia sobre ele?

Um interessante foi quando o Ibrahim Sued (jornalista) publicou que ele estava com HIV. Isso foi uma espécie de “acerto de contas”, já que o Clodovil tinha dito anteriormente em uma entrevista que o Ibrahim tinha dado uma “cantada” nele. Também tem o fato dele ter sofrido bullying em uma época que não se usava essa palavra.

O Eduardo Martini se identifica com o Clodovil em algum aspecto?

Acredito que todos os profissionais que amam seu trabalho, o fazem de maneira digna, se preocupam com a qualidade de todos os detalhes do que vai ser apresentado, se assemelham. Clodovil e eu somos parecidos nisso.

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Eduardo Martini – crédito: Claudia Martini

No mês passado, os sites de fofocas divulgaram que o ator Silvero Pereira fará o Clodovil em uma série para TV. O que você achou dessa notícia? Principalmente considerando que o público que assistiu à peça achou a sua caracterização/atuação genuína.

O Silvero Pereira já tinha esse projeto com uma produtora e não sabíamos. Eu pelo menos não sabia.  Quando lancei a peça “Simplesmente Clô” em novembro, as pessoas elogiaram a caracterização pela semelhança. Particularmente não acredito em concorrência, pois cada um tem seu estilo. Ele faz de um jeito, eu de outro, um terceiro pode fazer de outro jeito, e dá para todos conviverem simultaneamente.

Como você avalia a cultura brasileira nesse momento, principalmente você em cartaz com uma peça em tempos difíceis?

Falta educação! Não a educação de comer sentado à mesa de garfo e faca, mas a base da educação onde a cultura, a arte, a leitura sejam ferramentas básicas para o desenvolvimento do ser humano. Infelizmente, as empresas ainda não entenderam a diferença entre quantidade e qualidade.

Muito pouca verba é destinada a cultura, teatro, cinema ou circo. Os tais “influenciadores” (não acredito que alguém possa influenciar você a ser x, y ou z ) viraram “deuses” e hoje em dia têm esse papel efêmero. Digo efêmero porque eles somem muito rápido. No meu caso, continuo a produzir e levar cultura, informação, arte e inclusão social em todos os espetáculos. Há mais de dois meses estou fazendo a tradução do Clô em libras para a comunidade surda e isso tem dado um resultado incrível.




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