Walter Isaacson (Nova Orleães, Luisiana, 20 de maio de 1952) é um jornalista e escritor norte-americano. Já foi presidente e diretor executivo do Instituto Aspen e da CNN, além de editor da revista Time. É o autor de Einstein, Sua Vida, Seu Universo (2007), Benjamin Franklin: An American Life e Kissinger: A Biography (1992) e agora lança biografia de Leonardo Da Vinci.

Em entrevista para revista Veja, Isaacson revelou detalhes da vida íntima do pintor:
Antes da biografia de Leonardo Da Vinci, o senhor escreveu a de Steve Jobs e a de Einstein. O que há em comum entre os três?
Todos esses gênios compartilham certos traços. Eles questionam a autoridade. Eles adoram a ciência e a arte. Eles são apaixonadamente curiosos. Einstein tinha uma mente superdotada que nunca poderíamos imitar. Mas Leonardo era um gênio porque o que o empurrava adiante eram a curiosidade e a observação das coisas cotidianas.
Que tipo de lição para a vida moderna se pode extrair de Da Vinci?
O que torna Leonardo fascinante é que ele era muito humano. Ele cometeu erros. Ele procrastinou. Ele deixou projetos inacabados. Nós, simples mortais, podemos nos identificar com ele e tentar ser mais abertos às maravilhas da criação seguindo sua inspiração, em qualquer momento da vida.
O senhor afirma que Da Vinci sintetiza todos os gênios. Por quê?
Ele foi o gênio mais criativo da história, pois tinha sede de investigar todos os campos do conhecimento. Via conexões entre anatomia e arte, ou o fluxo das águas e o voo dos pássaros. Todos os dias, fazia anotações obsessivas sobre os mistérios da natureza.
Da Vinci era mesmo homossexual?
Ele era gay, sem dúvida. Teve ao menos dois companheiros do sexo masculino ao longo da vida, e nunca se envergonhou disso. Seus retratos do namorado Salai, aliás, são lindos.

SEXUALIDADE DE DA VINCI
A controvérsia sobre a sexualidade de Leonardo da Vinci parte das informações sobre as relações pessoais de Leonardo, provenientes de registros históricos e dos escritos dos seus muitos biógrafos, cuja disposição para discutir os aspectos relacionados com a identidade sexual do artista variou com as atitudes da época em que viveram. O seu biógrafo quase contemporâneo, Vasari, descreve dois belos jovens como “amados” de Leonardo em vários pontos dos escritos sobre a sua vida. No século XX, vários biógrafos tornaram mais explícita a referência à homossexualidade de Leonardo, embora outros tenham concluído que em grande parte da sua vida, Leonardo foi celibatário.
São João Batista 1513-1516
A nota biográfica mais explícita em relação à vida íntima de Leonardo é um registro de um tribunal florentino que descreve a acusação anônima de sodomia com prostituto masculino (Jacopo Saltarelli) feita contra Leonardo (e outros dois acusados), quando ainda se encontrava na oficina de Verrocchio. Dois meses depois Leonardo foi ilibado por falta de provas. A sodomia era considerada um crime muito grave, passível de condenação a pena de morte, razão pela qual eram exigidas provas claras da sua prática e raramente eram condenados os acusados. A homossexualidade na Florença de Leonardo era de tal forma tolerada que Florenzer era utilizado á época na Alemanha para referir em calão um homossexual. As denúncias falsas eram bastante frequentes nesse tempo, utilizadas anonimamente pelos inimigos do denunciado. É possível que tenha sido esse o caso com Leonardo. Não existe evidência que, na sua longa carreira depois de deixar Florença, Leonardo tenha sido acusado de novo do mesmo crime.
Elizabeth Abbott, na sua History of Celibacy (“História do Celibato”), argumenta que embora Leonardo fosse, provavelmente, homossexual, o trauma do caso da acusação de sodomia condenou-o ao celibato para o resto da sua vida[8]. Uma opinião semelhante sobre um Leonardo homossexual mas casto aparece no famoso artigo de 1910 de Sigmund Freud, Leonardo da Vinci e uma Memória da sua Infância, que analisa uma recordação de Leonardo em que ele descreve como, quando ainda bebê, foi atacado por uma ave de rapina que lhe abriu a boca e “me enfiou a cauda por entre os lábios repetidamente”. Freud indicou que o simbolismo era claramente fálico, mas argumentou que a homossexualidade de Leonardo seria apenas latente: que ele nunca teria agido em conformidade com os seus desejos sexuais. Os escritos e os livros de notas deixados por Leonardo revelam uma luta com a sexualidade: numa passagem famosa dos seus livros de anotações, Leonardo afirma “o ato da procriação e tudo com ele relacionado é tão nojento que a raça humana rapidamente desapareceria se não existissem caras bonitas e inclinações sensuais”.
Na sua vida adulta, Leonardo relacionou-se pouco com mulheres e nunca casou; entre os seus numerosos esboços anatômicos apenas se encontram dois desenhos detalhados dos órgãos reprodutivos femininos, um dos quais invulgarmente distorcido. No entanto, David M. Friedman refere que isso não é evidência de uma sexualidade diminuída, apenas de uma redução de interesse pelas mulheres. Argumenta que os livros de anotações de Leonardo revelam que o interesse de Leonardo por homens e pela sexualidade não foi perturbado pelo julgamento em tribunal, e concorda com o historiador de arte Kenneth Clark quando este refere que Leonardo nunca se tornou um assexual.

Serge Bramly também refere que “o fato de Leonardo advertir contra a a luxúria não significa que ele próprio fosse casto”. Michael White, em Leonardo: The First Scientist indica que é provável que o julgamento tenha provocado em Leonardo um sentimento de cautela e defesa em relação às suas relações pessoais e à sua sexualidade, mas não o terá dissuadido de manter relações íntimas com homens: “não há muitas dúvidas de que Leonardo continuou a ser um homossexual praticante.”.
Os registos históricos mostram que, depois do julgamento, Leonardo manteve duas ligações de longa duração com rapazes: os seus dois alunos Gian Giacomo Caprotti da Oreno, de alcunha Salai ou Il Salaino (com o sentido de “diabinho”), que chegou à sua casa em 1490 com apenas 10 anos e Francesco Melzi, o filho de um aristocrata de Milão, que se tornou seu aprendiz em 1506. Outras relações, com um homem desconhecido chamado Fioravante Domenico e com um falcoeiro, Bernardo di Simone, são sugeridas na biografia escrita por Michael White, embora as relações com Salai e Melzi tenham sido as mais duradouras.
Vasari descreve Salai como um “gracioso e bonito rapaz com um belo cabelo ondulado” e o seu nome é referido (embora riscado) no verso de um desenho erótico por Leonardo, The Incarnate Angel; redescoberto em 1991 numa coleção alemã, trata-se de um de uma série de desenhos eróticos de Salai (e outros?) por Leonardo, originalmente na British Royal Collection, sendo possivelmente uma variante bem-humorado do seu “São João Batista”. O “Diabinho” fez jus ao seu nome: um ano após o ter recebido, Leonardo elaborou uma lista das suas qualidades, incluindo “ladrão, mentiroso, teimoso e glutão”. Apesar do seu mau comportamento geral – foi apanhado a roubar dinheiro e valores em, pelo menos, cinco ocasiões, gastou fortunas em vestuário e morreu, talvez, num duelo – Salai manteve-se como companheiro, assistente e serviçal de Leonardo por trinta anos, tendo recebido, em testamento, a Mona Lisa, já então muito valorizada.
Vinte anos mais tarde, o conde Melzi foi um companheiro mais tranquilo, embora talvez menos excitante, para o velho Leonardo. Numa carta, Melzi descreve a intimidade da sua relação com Leonardo como sviscerato et ardentissimo amore (“profundo e ardentíssimo amor”), e foi ele, mais que Salai, que acompanhou Leonardo nos seus últimos dias em França. Melzi teve subsequentemente um papel importante como guardião dos livros de apontamentos de Leonardo, preparando-os para publicação de acordo com os desejos do seu mestre. No entanto, apesar de ser Melzi quem acompanhou Leonardo no seu leito de morte, um dos dois retratos que o artista manteve sempre na sua mesa de cabeceira foi o retrato de Salai como São João Batista, sorrindo enigmaticamente e apontando para o céu com um dos dedos.

MAIS SOBRE O ESCRITOR
Walter Isaacson conheceu Steve Jobs, CEO da Apple, em 1984, ao longo dos anos, se aproximou amistosamente de Walter Isaacson de maneira intermitente, com arroubos ocasionais de intensidade, em especial quando lançava um novo produto que queria na capa da Time ou em programa da CNN, lugares em que Walter trabalhava. Depois da Biografia de Benjamin Franklin e Einstein escrita por Isaacson, Jobs sugeriu que ele era um bom tema (Steve Jobs já estava com cancer nessa época). Isaacson não descartou a ideia, mas relutou um pouco, pois achava que não era o momento. Mas em 2009, a pedido da esposa de Steve Jobs, Laurene Powell Jobs, que admitiu que Steve Jobs estava doente, Isaacson resolveu escrever a biografia sobre Steve Jobs. Apesar da biografia ser autorizada e Steve Jobs ter colaborado, Steve Jobs não leu o material publicado (lançado um mês após sua morte). A biografia de Steve Jobs foi um grande sucesso comercial, vendendo 10 milhões de exemplares até o início de 2012 e rendeu para Walter Isaacson direitos autorais milionário para o cinema.
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