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Após rodar um documentário sobre abandono paterno intitulado “Todos Nós Cinco Milhões”, Alexandre Mortágua que é formado em artes visuais, escreveu o livro Aqui agora todo mundo – Como estou me matando & outros venenos que podem me curar”, que está em pré-venda e com previsão de lançamento em setembro.

Na obra “Aqui agora todo mundo”, que ele descreve como não autobiográfica e nem ficção, Mortágua fala sobre sentimentos de modo geral, como a depressão. São contos baseados em experiências pessoais com um recorte de vivências entre familiares e amigos na pandemia. A cena inaugural desse livro é sobre uma manhã de sábado, em outubro de 2020, onde Alexandre pensou em se jogar da varanda do seu apartamento. A partir daí, personas e arquétipos do autor surgem em uma emocionante narrativa quase fílmica.

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Alexandre Mortágua – crédito: reprodução

Você escreveu “Aqui, agora, todo mundo” durante o período de isolamento causado pela pandemia. Seria um misto de ficção e realidade?

Não é um livro de ficção, mas também não é autobiográfico. Também não é sobre a pandemia nem coronavírus. Eu acabei percebendo durante a escrita que o livro era mais sobre a minha percepção da minha ansiedade e depressão do que sobre a ansiedade e a depressão em si. Falando assim parece que é um livro de autoajuda, mas também não é. São opiniões sobre estar deprimido e se sentir ansioso e como esse estado mental se formou na minha cabeça.

- BKDR -
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Você sofre de depressão? 

Já estive em momentos piores, mas com a cabeça fora d’água, finalmente. Terapia, basicamente. Não que só isso resolva, nem que seja um processo fácil. As pessoas costumam dizer que terapia resolve, que todo mundo devia fazer. É verdade, mas é um processo bem lento, que requer muita responsabilidade de reconhecer padrões e acreditar neles.

Os pensamentos suicidas citados na obra seriam reais?

São sim.

Quando será o lançamento do livro?

Bem no início de setembro. Quem comprar o livro durante a pré-venda vai ganhar um pôster do meu primeiro documentário e umas coisinhas mais. A pré-venda acontece pelo site da Philos, a editora que abraçou o projeto.

Como você está lidando com a pandemia? Tem conseguido manter o isolamento?

Agora, exatamente esta semana, eu tô trabalhando no sul da Bahia, então não estou em casa. Mas basicamente em casa. Encontrando o mesmo pequeno grupo de pessoas, que começaram a se vacinar agora.

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Alexandre Mortágua – crédito: reprodução

A pandemia/isolamento nos privou de muitas coisas: viajar, encontrar os amigos, nos abraçarmos e tocarmos; de que forma essas privações mexeram com a sua saúde psíquica?

Acho que mais como um espelho. Meu estado mental não foi em decorrência da pandemia, vinha de bem antes, foi mais um processo de introspecção mesmo, de entender minha tempestade. Esse processo todo resultou nesse livro, que é um embrulho bonito das minhas ansiedades e traumas passados. A pandemia serviu para entender que está na hora de construir traumas novos (risos).

Você continua avesso ao Rio? Certa vez você disse que o Rio tinha essa coisa de paparazzi que SP não tem, mas isso mudou muito. Isso quer dizer que a sua relação com a Cidade Maravilhosa também mudou?

Eu, na verdade, gosto muito do Rio agora.

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Alexandre Mortágua – crédito: reprodução

Você está namorando atualmente? Recentemente, em uma entrevista que fizemos a cantora Gala, ela comentou que o isolamento ao lado do/a cônjuge pode minar as relações, acredita nisso?

Não estou. Eu acredito que algumas pessoas tiveram mais tempo de reflexão sobre como e com quem elas querem levar suas vidas e isso pode ocasionar numa mudança de planos. Normal. As possibilidades de felicidade não podem mais ser egoístas.

Durante a pandemia, sua melhor companhia tem sido amigos, datings?

É melhor ter a companhia de uma cabeça tranquila ao deitar no travesseiro. Mas isso é muita pressão, pode ir dormir angustiado também.

Entrevista: Alexandre Mortágua lança livro em que aborda seus sentimentos
Reprodução/Instagram

Por que deixou de lado o comércio de geleias?

Porque eu sou tão bom com logística quanto o Pazuello e não deu muito certo. O engraçado desse lance das geleias foi a forma ultrajante que parte da imprensa noticiou a história. Eu sou um artista num país que não tem Ministério da Cultura e nenhum tipo de colchão de proteção aos produtores de arte e cultura. Eu tô vivendo minha vida do jeito que eu quero e posso dentro da minha realidade.

Qual a sua opinião a respeito do governo Bolsonaro?

Que governo? Feche os olhos, peça proteção aos seus encantados e torça para continuarmos vivos. É um projeto de morte que quer matar. Apenas.

Mortágua
“Aqui agora todo mundo” – Reprodução



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